sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Futsal — Competição para os juniores “foi à vida”


Formação? Isso é que era bom!

A quinta época consecutiva de prática de futsal a nível federado vai terminar novamente sem competição jovem. Todos se queixam desde o início pelo facto, mas de concreto não se vê nada. Mais uma casa que se começou a construir pelo tecto.

Cirilo Borges

Afinal, ainda não será esta época que assistir-se-á ao pontapé de saída da competição federada nos escalões de formação. O DESPORTO deu conta, há um mês, da intenção da AFM avançar para a organização de três torneios — Abertura, Primavera e Encerramento — destinados ao escalão júnior, o primeiro dos quais com início agendado para este fim-de-semana. Foram mesmo realizadas reuniões preparatórias com os clubes envolvidos, concretamente Estreito, Amigos do Futsal e Santanense, com vista à calendarização, e não só, das actividades.

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Duarte Correia não esconde ambição UEFA mas…




«Outras equipas investiram mais…»

O treinador adjunto do Nacional acredita que a equipa tem qualidade para lutar pelo acesso à Taça UEFA, mas salienta que a prioridade, para já, passa pela «estabilidade classificativa», até porque «há equipas que investiram mais do que o Nacional» na luta por esse objectivo.

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Marítimo quer dar sequência à excelente vitória no Restelo



Em busca da Estrela da Europa

Gonçalo Vasconcelos

Contra muitas previsões, o Marítimo foi ganhar ao Restelo por 3-1, recolocando-se assim em posição privilegiada na luta pela UEFA. Agora recebe o E. Amadora e só uma vitória fará sentido, nesta busca pelo regresso às provas europeias. Lazaroni não conta ainda com as torres do ataque, como André Pinto e Bruno Fogaça, apostando na velocidade e mobilidade dos executantes que tem ao dispôr.

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Marcelo Gouveia e os 29 anos do São Roque


Sofremos de ansiedade


O Presidente da colectividade sanroquina revela-se inconformado pelo facto de não sentir o trabalho desenvolvido premiado e mantém-se expectante relativamente à prometida intervenção do Governo Regional no Campo do Encontro.

Cirilo Borges

O CD São Roque completa na próxima segunda-feira 29 anos. A colectividade que é a bandeira regional do ténis de mesa movimenta, em quatro modalidades, cerca de duas centenas de praticantes, e orgulha-se de exibir anualmente campeões, regionais e nacionais, em todas elas. Diálogo com o Presidente da Direcção, vai para 13 anos, Marcelo Gouveia.

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Acontece um pouco de tudo no futebol regional


Bem-vindos à
quinta dimensão!

Não, não é uma frase de abertura de um filme de Alfred Hitchcock, muito menos de publicidade a qualquer telenovela portuguesa. Refere-se, isso sim, a três casos caricatos, sucedidos no pretérito fim-de-semana, no futebol regional que apresentam argumentos dignos de um filme dramático! Sejam então bem-vindos à quinta dimensão!

Roberto Paulo Pereira

Acontece um pouco de tudo no futebol regional! Como que a encerrar em beleza uma semana “quente”, marcada pelas duras críticas de treinadores e dirigentes ao sector da arbitragem, o fim-de-semana ficou marcado por agressões, expulsões caricatas e, imagine-se, falta de comparência de um árbitro.

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Titulares do pódio empatam e Santacruzense agradece



A volta que isto (não) deu!

O início da segunda volta do campeonato deixou quase tudo como estava no fim da primeira, mas com o Santacruzense de novo em “cena”.

Cirilo Borges

A primeira jornada da segunda volta proporcionou algumas surpresas que apimentaram o campeonato. O Porto da Cruz voltou a “roubar” pontos ao Canicense, desta feita impondo um empate a dois golos no seu reduto. A escorregadela do líder podia ter sido aproveitada ou pelo Andorinha ou pelo Porto Moniz, que o podiam ter ultrapassado ou igualado, respectivamente, pois jogaram no dia seguinte. Mas a equipa de Santo António voltou, pela terceira vez esta época, a falhar o “assalto” à liderança, pois empatou precisamente no reduto dos portomonizenses. A divisão pontual, contudo, é à primeira vista benéfica para o Andorinha, pois já garantiu a vantagem em caso de igualdade pontual com aquele adversário.

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XII Torneio Internacional de Ginástica da Madeira


As saudades que o povo tinha

O Presidente da AGIM disse que o espectáculo era para o povo da Madeira e este mostrou que tinha saudades da ginástica de alto nível, marcando presença nos três dias da competição.

A Associação de Ginástica da Madeira levou a efeito, no passado fim-de-semana, no Madeira Tecnopolo, o XII Torneio Internacional. Após um ano de interregno, a prova voltou em boa forma, por assim dizer, com a organização a oferecer um espectáculo com a qualidade a que habituou os adeptos e madeirenses em geral nos anos anteriores.

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Marítimo Campeão Regional de Iniciados


«Reflexo da superioridade»

A uma jornada do fim do campeonato, o Marítimo festejou a conquista do título regional de iniciados. O treinador dos verde-rubros, Osvaldo Jorge, exalta o desempenho dos seus jogadores, afirmando que o primeiro lugar resulta «da superioridade demonstrada ao longo da época».

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Nuno Faria é "porta-voz" da ambição do Câmara de Lobos



«Temos valor para ficar
…entre os primeiros»

O médio do Câmara de Lobos garante que a equipa tem «valor para ficar entre os seis primeiros» e, embora consciente das dificuldades, revela a ambição dos jogadores em «subir mais um ou dois lugares na classificação».

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II Divisão — Machico cada vez mais próximo da III Divisão




Embate de vizinhos na Ponta do Sol

O derbi entre o Pontassolense e o Ribeira Brava será o ponto alto de uma jornada com distintos pontos de interesse. Em Machico, só uma vitória poderá alimentar as cada vez mais ténues possibilidades de permanência.

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Ténis de Mesa


Portugal no topo do Mundo

Três madeirenses ajudam Portugal a lutar pela subida ao escalão principal do Campeonato do Mundo de Equipas.

Cirilo Borges

Portugal inicia hoje a caminhada final com vista à subida à I Divisão do Campeonato do Mundo de Equipas, que decorre desde o fim-de-semana passado em Guangzhou (China). A equipa lusa realizou uma primeira fase impecável, vencendo todos os jogos do seu grupo de apuramento, nomeadamente ao Vietname (3-1), Indonésia (3-0), EUA (3-0), Coreia do Norte (3-2) e Turquia (3-2). O treinador madeirense Ricardo Faria apostou essencialmente no “trio estrangeiro” constituído por Marcos Freitas, João Monteiro e Tiago Apolónia, todos a jogar em clubes alemães, mas também deu oportunidade a Énio Mendes no encontro com os turcos, para o qual Portugal partiu já com o primeiro lugar assegurado.

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Natação




Navalistas dominam infantis

O Naval do Funchal conquistou mais de metade dos títulos regionais no escalão infantil. Este fim-de-semana mergulham juvenis, juniores e seniores.

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Futebol Feminino

Marítimo recebe Nacional

Disputa-se, este fim-de-semana, a segunda jornada do campeonato regional de futebol feminino. Em seniores, o destaque vai para a recepção do Marítimo ao Nacional. Depois da derrota na jornada inaugural — frente à APEL, por 3-1 — a formação verde-rubra está obrigada a vencer o seu "rival" para não hipotecar as possibilidades em chegar ao título. A APEL ficará de folga.
Nas juniores, o destaque vai para a recepção da APEL ao Nacional. Ambas as equipas vêm de vitórias na jornada inaugural, perspectivando-se por isso um jogo pautado pelo equilíbrio. No outro jogo da jornada, o Marítimo deslocar-se-á ao reduto da Camacha.

Atletismo


Maratona enche hotéis

Todos os caminhos levam este fim-de-semana ao Porto Santo, para a II Maratona de Colombo, “quatro em um” que promete reunir muitas centenas.

Cirilo Borges

O Porto Santo será palco amanhã da II Maratona de Colombo, organizada pela Associação de Atletismo. A iniciativa é como que mais uma festa da modalidade, pois está dividida em quatro vertentes, possibilitando a participação de mais pessoas, consoante a sua preparação física. Assim, para além da maratona (42.195 metros), disputar-se-ão também a IX Meia-Maratona (21.097 metros), uma Mini-Maratona (5 quilómetros) e ainda uma Marcha da Saúde (4 quilómetros). A prova mais longa conta com cerca de trinta inscritos, reflexo da especificidade desta vertente, mas as restantes atingem as centenas, demonstrativo do interesse que a prova despertou.

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Opinião — Vinhais Guedes





Vinhais Guedes

Antevisão dos Jogos Olímpicos de Pequim (II)


Independentemente de todas as críticas e movimentos que ocorrerem, os Jogos Olímpicos de Pequim não estarão em causa. Os interesses são demasiadamente importantes e falam mais alto do que os princípios.


Há semanas escrevi um artigo com o título “Antevisão dos Jogos Olímpicos de Pequim”.
Afirmei que seriam os jogos de todos os interesses, tanto mais que a R. P. China tinha já declarado que iria aproveitar a oportunidade de se mostrar como uma grande potência económica, industrial e política, um país que cresce a um ritmo desenfreado, ávido de exportar produtos para todo o mundo.
Do outro lado estão potências económicas, nomeadamente Estados Unidos, União Europeia e Japão, igualmente interessados em colocar naquele populoso país produtos e novas tecnologias.
Reúnem-se assim requisitos para este “casamento” de interesses e conveniências e os Jogos Olímpicos de Pequim ajustam-se perfeitamente a estes jogos de interesses.
Contudo, desde a publicação nesta coluna do último artigo sobre as Olimpíadas de Pequim, ocorreram já alguns factos, que merecem a minha atenção:
A libertação recente de um opositor ao regime, condenado a nove anos de prisão, pode ser um sinal de abrandamento no capítulo dos direitos humanos, tema que começa a ter impacte no mundo.
Outro facto inédito tem a ver com a publicação no Diário “China Daily News”, único publicado em língua inglesa que abordava o tema da homossexualidade até agora proibido; incluindo uma fotografia de dois homossexuais a beijarem-se e admitindo haver naquele país cerca de 10 milhões de homossexuais.
As autoridades de Pequim admitiram também substituir a pena de morte, por tiro na cabeça, pela injecção letal, retirando a esta forma de condenação o sentimento de repulsa que causava nos países democráticos. Por outro lado os condenados à morte deixarão de ser mostrados às populações em camiões abertos convidando-os a assistir à sua execução nas praças públicas.
Quem conhece minimamente a República Popular da China não pode imaginar uma evolução política em direcção às democracias do tipo ocidental. Uma abertura naquele país só será possível se for gradual e controlada, tamanhas são as diferenças entre as enormes províncias que dela fazem parte.
A par do seu rápido desenvolvimento, cresceram também os subornos e a criminalidade. Há bem pouco tempo o presidente da câmara de Xangai foi executado por actos de corrupção!
Mas, nem tudo parece caminhar bem na realização desses Jogos tendo-se verificado já alguns movimentos a nível internacional criticando o C. O. I. (Comité Olímpico Internacional) ao atribuir a organização destes Jogos à R. P. da China.
Os 30 mil jornalistas estrangeiros que pediram a sua acreditação, principalmente os chamados “free lancers”, provocaram já receios nas entidades chinesas, uma vez que estas desconfiam que os mesmos irão escrever não só sobre os Jogos mas também sobre outros problemas bem mais sensíveis para a opinião pública mundial.
Por isso, alguns comités olímpicos nacionais estão a invocar o Artigo 51 da carta olímpica, que compromete os atletas a não prestarem declarações públicas sobre matérias de política, de direitos humanos e assuntos religiosos. A Inglaterra aceitou a recomendação da Carta Olímpica e quis mesmo que os seus atletas assinassem o documento, mas estes recusaram. A França, pelo contrário, afirmou já que os seus atletas são cidadãos livres e não estão obrigados a qualquer restrição. Portugal, como é costume, através do Presidente do Comité Olímpico aceita o ponto 51 da Carta Olímpica que impede os atletas de falar de assuntos sensíveis durante os Jogos.
Sobre a matéria Jogos Olímpicos e política poderia aqui citar vários exemplos, contudo deixarei este tema para o abordar, noutra ocasião, com mais profundidade e clareza.
Dos percalços que Pequim não esperava enfrentar, talvez a recusa do realizador de cinema Steven Spielberg, nomeado conselheiro das cerimónias de abertura dos Jogos de Pequim, pedindo a sua demissão ao presidente da R. P. da China HU JITAU, bem como a assinatura de um documento por ex-prémios Nobel da Paz (Dom Ximene Belo, Desmond Tutu, Bispo Sul-Africano e a iraniana Shrin Ebai) seja a atitude mais mediática até agora tornada pública. Isto porque a China se recusou a alterar a sua posição na ONU sobre o Darfur e o genocídio que causou já a morte de 200 mil pessoas na sua maioria mulheres e crianças.
Independentemente de todas as críticas e movimentos que ocorrerem, os Jogos Olímpicos de Pequim não estarão em causa. Os interesses são demasiadamente importantes e falam mais alto do que os princípios. Por isso no ano oito, no mês oito, no dia oito e na hora 8, os Jogos de Pequim terão o seu início.
Esta coincidência do número oito não é por acaso. Para os chineses este tal algarismo é o número da sorte.

Opinião — Gilberto Garrido






Gilberto Garrido


Homenagem em tempo

de indiferença pública


Não é justo que as pessoas que tanto dão, que tanta dedicação entregam aos seus ideais tenham que, às suas próprias custas, viabilizar projectos públicos e notoriamente úteis à sociedade onde estão inseridos pondo em causa o seu equilíbrio económico e mesmo o equilíbrio emocional.


O DESPORTO Madeira é um jornal madeirense com 16 anos e com 812 edições até o momento (22.02.08).
Este semanário foi fundado pelo saudoso Professor Eleutério de Aguiar e pelo seu irmão Engenheiro Carlos de Aguiar. É um Jornal essencialmente da Madeira e que tem dado muito ao desporto Regional. São 16 anos a informar, promover e realçar muito de bom que se tem feito na região.
Tem sido uma grande caminhada levada a efeito por um grupo de profissionais, muitos que “nasceram” e “cresceram” na casa e do idealismo, empenho e entusiasmo do Eng. Carlos de Aguiar que tem dedicado a sua vida a este “filho” que viu nascer e que tudo tem feito para manter vivo, actual e actuante. Saudamos, por exemplo, a nova edição na net do jornal em odesportomadeira.blog.com.
É de realçar ainda a justa distinção atribuída a este semanário, a Medalha Regional de Bons Serviços Desportivos.
Sabemos que os tempos não são fáceis.
Sabemos que a conjuntura não é animadora em todos os campos. Mas temos consciência de que todos nós, ligados ao desporto, temos a obrigação de viabilizar e colaborar com este “sonho” da família Aguiar e de todos aqueles que tem dado(a) vida ao jornal.
Julgamos também que existe uma “obrigação social” das mais diversas entidades, públicas e privadas, no sentido de possibilitar que este órgão de comunicação social continue o seu percurso de informar e formar.
Quando cada vez mais se defende aquilo que é nosso, acho ser uma boa prática apoiar este jornal a dar visibilidade ao desporto da nossa terra.
Não é justo que as pessoas que tanto dão, que tanta dedicação entregam aos seus ideais tenham que, às suas próprias custas, viabilizar projectos públicos e notoriamente úteis à sociedade onde estão inseridos pondo em causa o seu equilíbrio económico e mesmo o equilíbrio emocional.
É nesse sentido que vai o nosso sincero apelo: contribuamos todos para que o “O DESPORTO Madeira” continue nas bancas. Se todos ajudarem certamente teremos às sextas-feiras este semanário a informar tudo o que se faz na região, em todas as modalidades.
Bem-haja Eng. Carlos de Aguiar. Temos esperança que a sua dedicação e entrega será reconhecida e minimamente recompensada. O Caminho faz-se caminhando e, com a ajuda e fair play de todos os desportistas e não só, celebraremos um destes dias a edição número 1000 de “O DESPORTO Madeira”
Em tempo: um abraço também para os grandes amigos Gomes Vieira e Cirilo Borges, ilustres jornalistas da casa.

Opinião — Manuel Sérgio






Manuel Sérgio


Entre o Passado e o Futuro


O Futuro está por construir. Uma sociedade desenvolvida deverá entender-se, não em função da alta tecnologia que produz, mas sobretudo sobre os benefícios dessa tecnologia para todos os cidadãos.



“Entre o Passado e o Futuro” é o nome de um livro de Hanna Arendt. Posso até começar com uma frase deste livro: «O testamento, que indica ao herdeiro aquilo que legitimamente lhe pertence, transmite ao futuro os bens do passado. Sem testamento ou, para aclarar a metáfora, sem a tradição – que escolhe e nomeia, que transmite e preserva, que indica onde se encontram os tesouros e qual o seu valor – é como se não existisse continuidade no tempo e como se, por conseguinte, não houvesse nem passado nem futuro, em termos humanos, mas apenas a perpétua mudança do mundo e o ciclo biológico dos seres vivos» (Relógio d´Água Editores, 2006, p.19). Costuma dizer-se que a civilização ocidental assenta sobre quatro pilares: a filosofia grega, o espírito jurídico latino, a religião judaico-cristã e o espírito crítico que nasce com o Renascimento. Mas... o que distingue o nosso tempo? A Nova Física diz-nos que a realidade se revela mais como “possibilidade” do que como “causalidade rigorosa” e onde, por isso, a fé e a ciência cabem inteiramente. E assim, diante da realidade, há um conhecimento causal e experimental e matematizável e também uma vivência mística da «Unidade fundamental de todas as coisas». A compreensão do Todo pede bem mais do que aquilo que os laboratórios dão. A fé é necessária, até como nova forma de conhecimento das coisas materiais, já que a matéria é bem mais do que matéria. No fundo, ela é Forma, Simetria, Relação. A crise ecológica do nosso tempo resulta do facto de não descobrirmos Espírito na Matéria. Nesta conformidade, Ciência e Fé completam-se. É que, nem uma, nem outra, descrevem completamente a realidade. Não têm razão, portanto, o positivismo e o neopositivismo, nem todo o tipo de fundamentalismo religioso, porque onde há Espírito há Matéria e onde há Matéria há Espírito.
O neoliberalismo, ou a nova liberdade que nos prende a um modelo económico globalizante e excludente; o “pensamento único”, ao serviço do neoliberalismo dominante, ou da “ditadura do lucro”; a sociedade do espectáculo onde naufragam valores imprescindíveis a uma vida com dignidade – resultam do desconhecimento da Nova Ciência que nasce com o anúncio de Koyré que se passou de um “mundo fachado” a um “universo infinito”. Depois de ouvirmos falar alguns economistas que são políticos e alguns políticos que são economistas, que primam ambos pelo cálculo e pelas estatísticas, somos tentados a concluir que nos encontramos diante de pessoas da mais actualizada ciência. Só que, assim como uma teoria física é uma imagem construída por nós, segundo o físico alemão Heinrich Hertz, também a economia que os neoliberais nos apresentam é, toda ela, feita de acordo com os interesses da “classe dominante”. Por isso, num mundo onde proliferam os economistas de renome internacional, nasceu um novo colonialismo onde o que é bom para a General Motors é proclamado como coisa boa, para o mundo todo! E, num tempo onde se multiplicam as instituições de solidariedade social, a globalização não passa por vezes (demasiadas vezes) de cocacolonizar e recolonizar os países mais pobres, ou que os Estados perderam a sua identidade, pois que é o dinheiro que tudo governa, ou ainda que o desenvolvimento tecnológico, atraente e garrido, não concorre ao termo do desemprego, ou que o Estado de Direito é uma falácia, dado que as leis são “as leis da selva”. De facto, como se provou, não era o Iraque de Saddam Hussein a causa principal da crise generalizada que nos avassala mas, acima do mais, a “divinização” de um sistema económico que põe a ciência ao serviço da mais flagrante injustiça social. Aliás, para os pseudo-cientistas que nos governam, as coisas não são boas por serem verdadeiras ou não, mas por serem, ou não, vendáveis. Por outras palavras: as coisas só são boas, se dão lucro! Qualquer consideração de ordem moral não entra nas contas destes insignes matemáticos!
Não se passou do capitalismo à globalização, porque esta é a forma actual do capitalismo! Mal da humanidade se tudo isto fosse o “fim da História”. Pelo contrário: tudo isto há-de ser Passado. De acordo com Max Weber, foi o ascetismo protestante que deu ao lucro, como fim em si mesmo, a grande motivação para se transformar no grande ídolo do nosso tempo. O Futuro está por construir. Uma sociedade desenvolvida deverá entender-se, não em função da alta tecnologia que produz, mas sobretudo sobre os benefícios dessa tecnologia para todos os cidadãos. Sabemos bem como uma tecnologia, sem outros valores, conduz a inúmeros crimes ambientais. Cientificar não pode significar desumanizar.

Opinião — Gustavo Pires






Gustavo Pires

Sentido Estratégico

A par de honrosas excepções, muitos dirigentes foram anos a fio e ainda são o principal cancro do desporto nacional. Em consequência, o Estado tem vertido milhões no desporto nacional, para continuarmos em último lugar nas estatísticas europeias de prática desportiva.

Gustavo Pires

O chamado modelo Europeu de Desporto está a atingir o limite daquilo que é admissível. Recentemente o Sr. Joseph Blatter, o todo poderoso presidente da FIFA, foi a Madrid ameaçar o Governo espanhol. Dizia ele que, em seis horas, acabava com a participação da selecção espanhola no Euro 2008. Felizmente, a nível da Comissão Europeia, já começaram a perceber que estes senhores só querem um estatuto especial para o desporto para afirmarem ainda com mais força a sua pesporrência em defesa de um desporto que é o deles.

A grande maioria dos dirigentes desportivos do vértice estratégico do desporto consideram-se pertencentes a uma casta nobiliária que pode e deve funcionar acima do comum dos mortais e à margem de todo o controlo das autoridades governamentais, só porque aquilo que fazem faz bem às criancinhas. Dizem eles. O problema é que as criancinhas são tudo menos a primeira das suas preocupações. Depois, as organizações, a que presidem, recebem milhões quer directa, quer indirectamente do Estado mas, em simultâneo e sem qualquer pudor, defendem menos Estado no desporto. Quanto a nós, até deviam ficar sem Estado nenhum desde que também ficassem sem dinheiro nenhum. Muitas destas organizações já nem cumprem a missão pública a que são obrigadas pelos seus próprios estatutos, pela simples razão de que o poder arrogante do dinheiro fácil subiu à cabeça dos seus dirigentes.

Nos mais diversos países do mundo, o Estado está de cócoras perante um movimento desportivo que, como Blatter bem demonstrou, pretende ser um Estado dentro do próprio Estado.

Em Portugal, ao longo da última década, os diversos Governos têm vindo a claudicar de uma forma vergonhosa. José Lello acompanhado de Manuel Brito, pagaram caro a ousadia de pretenderem colocar a cúpula do movimento desportivo na ordem. Agora, Laurentino Dias está a passar por enormes dificuldade, em primeiro lugar porque está sozinho, não tem um Manuel Brito nem coisa que se lhe pareça, em segundo, porque não conseguiu dar um sentido estratégico às políticas do Governo. Quanto a Hermínio Loureiro, se quis ter algum descanso, condecorou e distribuiu dinheiro. Se os portugueses relativamente à primeira olharam para ela com a sabedoria e o humor de mais de oito séculos de história, quanto ao dinheiro já foi com preocupação que olharam na medida em que ele lhes saiu dos bolsos e não há qualquer relatório que prove que o dito foi gasto verdadeiramente com os atletas.

O desporto em Portugal está em “roda livre”. Já não respeita, sequer, quem lhe dá pão para a boca. A estratégia de confrontação tem sido uma constante. O Estado está de cócoras. Contudo, nem sempre foi assim. Na realidade, quem se der ao trabalho de procurar o que se passou ao longo dos últimos quase 102 anos, quer dizer, desde que, em 9 de Junho de 1906, o Olimpismo foi institucionalizado em Portugal, pode verificar que a opção por uma estratégia de confrontação para com o Governo não é matéria nova. A diferença é que, dantes, o Governo sabia bem como actuar. Por exemplo, fez precisamente no passado dia 27 de Fevereiro sessenta anos que o Inspector Salazar Carreira, da Direcção-Geral da Educação Física Desporto e Saúde Escolar, escreveu uma carta a Otto Mayer, chanceler do Comité Olímpico Internacional aonde dizia:
«Fui encarregue, pelo Sr. Director Geral dos Desporto, de vos fazer oficialmente a comunicação seguinte: Pelo Decreto-Lei 36:762, de 20 de Fevereiro corrente, o Governo português retirou todas as prorrogativas ao Comité Olímpico Português porque os seus membros não quiseram submeter-se às disposições legais em vigor.
Deste facto, a Direcção-Geral de Educação Física e do Desporto, o único organismo representante oficial do Governo na hierarquia desportiva, leva ao conhecimento do Comité Internacional Olímpico que o Comité Olímpico Português está de hoje em diante fora de toda a hierarquia desportiva e já não tem competência para representar o país nas relações olímpicas.

Aceite meu caro Chanceler as nossas saudações…. etc.»

Assina o Inspector dos Desporto José Salazar Carreira.

Agora, a questão está no Regime Jurídico das Federações Desportivas. Como seria de esperar, perante a vontade do Governo introduzir «democraticidade, representatividade e transparência» num sistema que está perfeitamente caduco, logo surgiu um «sentimento generalizado de insatisfação e desconforto do movimento associativo e desportivo».

Esta cultura do sistemático do “contra” já vem de longe. O problema é que se dantes tínhamos um Estado que sobre estas matérias tinha os ditos no lugar, hoje, sobre a mesma matéria, temos no lugar os ditos. Os ditos, que se prolongam anos a fio agarrados ao poder, sem que ninguém seja capaz de lá os tirar.

Ao tempo, a contestação da lei, por parte do COP, não foi tratada pelo Ministro da Educação, pelo Secretário de Estado ou sequer pelo Director-Geral. A questão foi tratada por um simples inspector, que, embora de grande prestígio e uma figura que hoje faz parte da história do desporto nacional, não passava de um subalterno. E o subalterno escreveu para o Chanceler do Comité Olímpico Internacional, não para lhe dar explicações, mas para o informar, sem quaisquer tergiversações, da posição drástica do Governo português. E nem foi por se estar a escassos meses dos Jogos Olímpicos de Londres (1948) que a questão não foi decididamente resolvida. E a mensagem foi simples: se os dirigentes do COP queriam lá estar, era para defenderem os interesses do País sob a tutela do Governo. O que depois aconteceu é bem curioso, mas são cenas para um próximo capítulo.

A par de honrosas excepções, muitos dirigentes foram anos a fio e ainda são o principal cancro do desporto nacional. Em consequência, o Estado tem vertido milhões no desporto nacional, para continuarmos em último lugar nas estatísticas europeias de prática desportiva. Quando uma situação destas acontece, a obtenção de medalhas olímpicas é tão só o indicador do nosso subdesenvolvimento. Porque, enquanto o vértice vive à tripa forra, a base vive nas maiores dificuldades. E o nível desportivo de um país mede-se precisamente por esta relação entre a massa e a elite. Laurentino Dias parece querer acabar com esta situação. Entre outras medidas de higiene democrática, pretende limitar os mandatos de suas excelências. E ainda bem. Pode ser que se aguente. A ver vamos. É a sua última oportunidade para dar algum sentido estratégico ao desporto.

Opinião — JM Silva






José Manuel Silva


"Não há bela(o) sem senão"


Brilhante escritor, reconhecido romancista e não menos brilhante e reconhecido analista-comentador televisivo onde aborda os mais variados temas com rara visão e conhecimento, mas que sempre que tem uma incursão pelo futebol onde está em causa o seu FCP, pouco ou nada tem de brilhante…

Referimo-nos a Miguel Sousa Tavares, colunista de A Bola onde regularmente assina artigos de opinião.
Não é de agora mas de há muito que constatámos que este conceituado Homem de Letras e brilhante comentarista ou analista, conforme preferirem, sempre que tem qualquer incursão pelo tema futebol e que esteja em causa o seu FC Porto não consegue esconder a cor dos seus olhos — um azul, outro branco — cometendo por vezes grosserias que chocam claramente com todo o resto que, repetimos, aborda com rara visão e conhecimento.
Será caso para dizer-se que se transforma num "Belo mas com senão" que ao fim e ao cabo confirma o título deste apontamento.
A sua recente abordagem, cheia de imprecisões, ao recente encontro realizado no Estádio dos Barreiros onde o seu FCP venceu o Marítimo por três tentos sem resposta em nada abona quem as comete, pois se revelam grosseiras mentiras, e, se não nos compete agir em conformidade nalgumas instâncias, compete-nos, por dever do respeito que nos merece a verdade, repor essa mesma verdade, que nada, mas mesmo nada tem a ver com a prosa estampada n’A Bola por MST.

Estamos à partida e não temos pejo algum em reconhecê-lo, em clara vantagem sobre MST pelo facto de termos assistido ao vivo a esse encontro, em local privilegiado para termos uma visão global de todo o terreno de jogo, contrariamente a ele que não esteve nessa noite no Estádio dos Barreiros.
Antes de entrarmos propriamente nas ocorrências do jogo em si, e sem que o professor Sebastião Lazaroni nos tenha passado qualquer procuração para o efeito, perguntamos a MST o que tem a ver o facto de, algures, o actual técnico verde-rubro ter treinado a Selecção do Brasil e exercer agora a sua profissão num clube do meio da tabela da Bwin Liga?
O trabalho dignifica o homem e todo aquele que o desempenha honestamente, seja na sua terra ou fora dela, independentemente da sua entidade patronal ser uma fábrica de renome ou estabelecimento comercial de grande fama, ou ainda um clube de maior ou menor prestígio, entre muitíssimos outros, deve ser merecedor de todo o nosso respeito.
Sentir-se-ia MST diminuído se, por exemplo, a sua actividade de comentarista na TVI se processasse na RTP Madeira e se os seus artigos de opinião em A Bola dessem estampa aqui neste nosso Semanário Desportivo?
É óbvio que em termos de audiência não teria tanta expressão o que não retiraria contudo o alcance dos seus comentários e dos seus escritos, só os parvos ousariam assim pensar…
E porque de parvos nada temos, graças a Deus, percebemos claramente aquilo que nas entrelinhas MST pretendeu fazer crer sobre o prof. Sebastião Lazaroni que se refugiava nas más arbitragens para desculpar as derrotas do clube que orienta, quando olhando por esse prisma existem muitos mais técnicos neste País que usam e abusam dessa desculpa e, obviamente, nesse vasto lote incluímos em lugares de topo o técnico principal do seu FCP.
Nem aí conseguiu MST os seus objectivos, pois que contar-se-á pelos dedos de uma só mão o número de treinadores que como Lazaroni têm a hombridade de assumir as derrotas reconhecendo o mérito dos seus adversários, não se eximindo contudo de criticar as más arbitragens quando elas acontecem.
Falemos do jogo, daquele que nós vimos e que nada teve a ver com aquele que MST “pintou” com tons azulados e brancos bem à imagem dos seus olhos…
E aquilo que vimos foi um Marítimo a iniciar o jogo deliberadamente ao ataque, criando sucessiva oportunidades de golo não convertidas por mero acaso, perante um FC Porto incapaz de penetrar na grande área verde-rubra, de tal modo que apenas aos 35 minutos e por intermédio dum seu defesa, Fucile, executou o seu primeiro remate às redes de Marcos, repetindo o mesmo lance em tempo de compensação antes do intervalo remate, que contra a corrente do jogo, dava imerecida vantagem aos portistas, ademais executado por Lisandro que nessa altura já não deveria estar no jogo por ter anteriormente agredido claramente Mossoró sem a devida punição.
Quando tal aconteceu e como que movidos por gigantesca mola invisível todos os elementos do “banco” dos dragões foram projectados para dentro das quatro linhas do rectângulo de jogo naturalmente, não para solicitar a Pedro Henriques, o militar-árbitro que dirigia o jogo, que expulsasse o seu atleta, que continuou em jogo, tendo na oportunidade exibido a cartolina amarela a dois atletas, um de cada lado, que nada tiveram a ver com a agressão de Lisandro a Mossoró.
Saberá MST como deverá o árbitro proceder sempre que qualquer elemento deste ou daquele “banco”, jogador ou não, entra no rectângulo de jogo sem autorização para o fazer, e se em vez de forem dois e aí por diante até que um “banco” fique totalmente “limpo”?
Admitimos que MST não o saiba, mas por outro lado o mesmo não admitimos a Pedro Henriques que pura e simplesmente ignorou o acontecido, punindo ainda por cima dois inocentes…
Resumindo aquilo que foram os primeiros 45 minutos, tivemos que o Marítimo executou sete remates às redes de Helton, tendo em contrapartida os portistas executado dois, o último dos quais em tempo de compensação.
Que teve tudo isto a ver com aquilo que MST escamoteou com tanta inverdade no seu escrito?
Mas há mais…

Escreveu também MST que o árbitro perdoou ao Marítimo uma grande penalidade ainda na primeira parte por derrube de Bruno ao ponta-de-lança Farias.
Nós também vimos esse derrube, só que vimos também a causa que o motivou, qual foi a dum evidente valente empurrão de Raul Meireles ao “capitão” verde-rubro que o projectou sobre o avançado portista. Se MST solicitar aos seus colegas da TVI que lhe mostrem o lance na sua totalidade e não apenas naquilo que lhe convém, por certo ficará esclarecido, mas se não o ficar, problema seu…
Já na segunda metade do jogo e antes da expulsão injusta de Djalma que virou a sorte do jogo, Pedro Henriques voltou a ignorar uma nova agressão a pontapé e sem bola de Quaresma a este mesmo atleta do Marítimo, que não sabemos porque cargas d’água MST diz que deveria ter sido expulso (?) mais cedo.
Já com apenas 10 jogadores em campo aconteceu o 0-2 para os dragões, numa jogada onde segundo MST o árbitro voltou a errar pois em seu entender ele deveria ter assinalado o castigo máximo em vez de dar a lei de vantagem.
Nova atoarda pois até aqui o Marítimo terá (dizemos terá) sido prejudicado neste lance pois não seria a primeira nem a última vez que qualquer jogador falharia a conversão em golo de semelhante castigo. Até neste lance em que o árbitro esteve bem, porque estaria sempre a tempo de assinalar o castigo máximo caso o lance não acabasse em golo, MST meteu água…
Somente a partir da expulsão de Djalma, repetimos injusta dado o primeiro “amarelo” que lhe foi errada e indevidamente apresentado, é que a história do jogo se modificou, mas aí todo o mal já estava feito e restava então ao Marítimo curvar-se ao domínio mais do que normal de um adversário que apenas e só em superioridade numérica lhe conseguiu ser superior.
Esta é a verdade nua e crua da história do último Marítimo-Porto. Haja quem atire a primeira pedra…

PS: Até que ponto terá funcionado a pressão exercida sobre o militar-árbitro Pedro Henriques por alguém que lhe avivou várias vezes a memória sobre certo penalty não assinalado a favor do FCP em anterior jogo recentemente jogado na Madeira com outro adversário que não o Marítimo?
Sabe MST quem será esse alguém?
Uma coisa lhe garantimos desde já: não foi por certo o professor Sebastião Lazaroni…