sexta-feira, 8 de agosto de 2008


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MARÍTIMO TRANSFERIU PREPARAÇÃO PARA MELGAÇO APÓS CARACAS



Afinar a máquina
antes da competição


Depois de onze dias em Caracas, onde conseguiu os três resultados possíveis nos três jogos particulares realizados, o Marítimo voltou a Portugal e voltou a instalar-se em Melgaço, o que acontece pelo sexto ano consecutivo. Oportunidade para Lori Sandri afinar a estratégia antes do arranque da Liga, no dia 24, no terreno da Naval. Este fim-de-semana recomeçam os jogos, diante do Vianense e do Celta de Vigo.

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Nacional prossegue preparação em Rio Maior



Em fase de testes

O Nacional continua a sua preparação em Rio Maior onde tem efectuado vários encontros amigáveis. O primeiro jogo oficial da equipa está aprazada para 17 de Agosto.

Roberto Paulo Pereira

O Nacional prossegue a sua preparação em Rio Maior, tendo em mente o início da Liga agendado para o final do mês de Agosto. Depois de uma primeira fase da preparação em solo madeirense, Manuel Machado tem aproveitado para afinar a estratégia para a nova época que se avizinha.

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Jogos Olímpicos de Pequim iniciam-se hoje

Seis estrelas madeirenses
entre a elite Mundial

Seis atletas madeirenses tentarão brilhar naquele que é considerado o maior espectáculo desportivo do planeta.

Roberto Paulo Pereira

Inicia-se hoje, em Pequim, o maior espectáculo desportivo do planeta: os Jogos Olímpicos. Na capital da China reunir-se-á a elite de cerca de trinta modalidades. Para nós, os seis atletas madeirenses que integram a comitiva portuguesa merecem especial atenção e carinho. São eles: João Rodrigues (vela), Ana Moura e Marco Vasconcelos (badminton), Helena Rodrigues (Canoagem), Marcos Freitas (ténis de mesa) e Alberto Paulo (atletismo).

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Bilhar



Nova temporada, nova fornada de clubes


A próxima temporada bilharística, cuja abertura está aprazada para o início de Setembro próximo, embora a competição a doer se inicie um pouco mais tarde e ainda seja tempo de defeso, época convidativa a dar uns mergulhos nas refrescantes águas do oceano que nos limita, os bastidores da modalidade agitam-se num frenesim próprio destas alturas, com os dirigentes a tentarem os possíveis e os impossíveis para convencerem este ou aquele bilharista que melhor sirva os interesses dos seus clubes, tendo sempre em linha de conta os objectivos com que cada um se coze para a próxima época desportiva.

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AD Camacha completou 30.º aniversário




Continuar a crescer

O Presidente da AD Camacha, Celso Almeida, deseja que o clube continue a crescer quer em termos desportivos, quer em termos patrimoniais.

Roberto Paulo Pereira

Fundada a 1 de Agosto de 1978, a Associação Desportiva da Camacha comemorou, na pretérita sexta-feira, o seu 30.º aniversário. Três décadas repletas de muitas conquistas desportivas de um clube que, ao longo da sua história, não descurou o cumprimento do seu dever social.

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Opinião: Manuel Sérgio







Carta Aberta a Rui Costa

Perdoe-me a ousadia desta carta, mas o futebol do Benfica, nas últimas épocas, parece uma procissão de moribundos e precisa portanto da liderança, da inteligência organizativa que o meu amigo patenteava, nos campos de futebol.

Na sequência da carta, tão cheia de lirismo, que o Dr. Joaquim Evangelista lhe escreveu, aqui estou também a dizer-lhe que, em plena consciência, vejo futebol, há 69 anos! Tenho 75 anos de idade e o primeiro jogo de futebol a que assisti, levado pela mão do meu saudoso pai, foi o Académica 4 – Benfica 3, na primeira final da Taça de Portugal, que se disputou, em 1939, no defunto Estádio das Salésias. E, a partir daí, pouquíssimas foram as semanas em que não vi, apaixonado e sôfrego, quer em Portugal quer no estrangeiro, um espectáculo de futebol. Passa agora na minha mente o inefável cortejo de luminosas sombras dos futebolistas que foram os heróis da minha infância e da minha juventude: o Pinga, o Peyroteo, o Travassos, o Mariano Amaro, o Francisco Ferreira, o Rogério Lantres de Carvalho, o Araújo, o Félix, o Feliciano, o Pedroto, o Virgílio Mendes, o Jesus Correia, o Albano, o José Aguas, o Matateu, o Hernâni, o Germano, etc., etc. Eram todos grandes jogadores! Mas o nosso futebol ainda vivia a sua pré-história e nenhum deles usufruía de condições que lhes permitisse mostrar o muito que valiam. O José Augusto, o Eusébio, o José Águas, o Coluna, o Simões, o Vicente, o Futre, o Chalana, o Humberto Coelho, o João Alves, o Fernando Gomes, o Jordão, o Manuel Fernandes surgiram mais tarde e ainda se encontram felizmente vivos...
O Rui Costa está entre os futebolistas criadores de beleza. Havia em si a helénica serenidade dos que jogam a pensar e fazem do futebol um culto manifesto da perfeição artística. Por isso, sou tentado a escrever que transluz, no Rui Costa, a inteligência de cinco jogadores, todos eles internacionais portugueses, mas continuados, senão excedidos por si: o Pinga, o Mariano Amaro, o Travassos, o Rogério, o Coluna. Permita-me esta nótula: nunca vi, em toda a minha vida, jogador mais habilidoso do que o Rogério. E olhe que eu deliciei-me com o futebol do Di Stéfano, do Pelé, do Maradona, do Falcão, do Zico, do Sócrates, do Zidane e de alguns mais. Mas... adiante! Ao Rui Costa segui-o com atenção, porque sempre admirei a sua inteligência lucidíssima de jogador de futebol (estou a exagerar, se disser: com a clarividência do génio?). Inteligência que pode manifestar-se, sem restrições, como director do futebol benfiquista. Jantei, há dois meses, com o Jorge Valdano e percebi por que o Real Madrid é talvez o clube com maior dimensão sociológica de poder futebolístico. É evidente que, no Real Madrid, há dinheiro para contratar os melhores jogadores e, como se sabe, o recrutamento de jogadores é o primeiro e o mais instante trabalho de um departamento de futebol. Mas, depois, há o "conhecimento" e a "tecnologia incorporada nos serviços". Já estamos em plena "sociedade do conhecimento", onde a competência é fundamental. E repito-lhe uma frase que venho repetindo, de há 40 anos a esta parte: "só sabe de futebol quem sabe mais do que futebol"! Quando escrevo “competência” quero referir-me a pessoas que saibam de futebol (competência nuclear), mas também de gestão e de ciências humanas. E pessoas em permanente aprendizagem...
Perdoe-me a ousadia desta carta, mas o futebol do Benfica, nas últimas épocas, parece uma procissão de moribundos e precisa portanto da liderança, da inteligência organizativa que o meu amigo patenteava, nos campos de futebol. É bem possível que, o departamento de futebol do Benfica só tivesse pessoas que sabem muito de futebol. Ora, quem só sabe de futebol nada sabe de futebol. Não é por acaso que, entre os prémios Nobel da Medicina, se encontram cientistas doutras áreas do saber. É que, hoje, sem conhecimento-em-rede, não há conhecimento.
Seu

Manuel Sérgio

Opinião: Gustavo Pires







Sérgio Paulinho está fora

Há qualquer coisa que falhou com Sérgio Paulinho e ao presidente do COP não lhe chega dizer que “lamenta”, remetendo o apuramento dos factos e das responsabilidades para as calendas gregas.

Sérgio Paulinho, segundo Vicente Moura, Presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), era um dos 11 possíveis medalhados nos Jogos Olímpicos de Pequim. O problema é que o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, não fosse ele médico, entendeu fazer da luta contra o doping uma das principais bandeiras do seu mandato. E é o próprio presidente Rogge que diz que os Comités Olímpicos Nacionais e as Federações Nacionais foram instados pelo COI a aplicar as regras com rigor e proficiência. Assim, só são apanhados desprevenidos aqueles que andam no desporto só para ver passar os ciclistas.
Apesar de tudo, em vésperas do início dos Jogos Olímpicos, o país foi surpreendido pela inusitada notícia de que Sérgio Paulinho está fora. Afinal já não vai aos Jogos. E tal como foi uma surpresa a sua participação nos Jogos de Atenas (2004) e ainda mais a medalha que ganhou, também agora o é a sua desistência à última hora. Entretanto, fica tudo por esclarecer.
Os critérios utilizados pela União de Ciclismo Internacional (UCI) parece não terem o mesmo padrão de exigência do que aqueles utilizados pelo COI. Sérgio Paulinho era obrigado a tomar medicamentos para combater a “asma de esforço” que acusam positivo no controlo do COI. Quer dizer, aos olhos do cidadão comum, o atleta andava a tomar medicamentos que o impediam de competir nos Jogos Olímpicos!
E Sérgio Paulinho disse à comunicação social: «O problema é que a UCI tem as suas regras e o Comité Olímpico, outras...»
O médico da Astana, equipa de Sérgio Paulinho, afirma que o ciclista é um “asmático grave e severo”. Contudo, o departamento médico do Comité Olímpico de Portugal considerou Sérgio Paulinho apto para a competição sem recurso a medicamentos.
Entretanto, Boa de Jesus, o chefe da missão portuguesa aos Jogos, solicitou o óbvio: a imediata substituição de Paulinho por um dos dois suplentes. Contudo, o óbvio, às vezes, não é assim tão óbvio como isso, na medida em que Artur Lopes, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, rejeitou imediatamente a hipótese de avançar um suplente! Então para o que é que servem os suplentes?
Claro que Vicente Moura, há mais de trinta anos nas andanças do COP, foi apanhado tão desprevenido quanto o foi há quatro anos, quando teve de ir a correr com o presidente da República a reboque para assistir à entrega da, de todo imprevisível, medalha ganha em Atenas por Sérgio Paulinho. E limitou-se a manifestar o seu “desapontamento”. Será que chega?
A questão de Sérgio Paulinho ficaria por aqui caso o ciclista não tivesse estado, nos últimos quatro anos, integrado no “Projecto Pequim 2008”. Se ele é um asmático e tem de ser medicamentado para poder competir ao mais alto nível numa das modalidades mais violentas, senão a mais violenta, é lá com ele. No entanto, que passe quatro anos a fazê-lo à conta do erário público estamos completamente em desacordo. Há qualquer coisa que falhou com Sérgio Paulinho e ao presidente do COP não lhe chega dizer que “lamenta”, remetendo o apuramento dos factos e das responsabilidades para as calendas gregas.
Laurentino Dias não gosta de ser incomodado com estas questões do foro desportivo. Ele tem razão, não foi certamente para isso que aceitou o pelouro do desporto. Contudo, como estamos no domínio das políticas públicas, com a mesma velocidade com que o COP já apresentou à Secretaria de Estado do Desporto um orçamento de 16,8 milhões para os próximos quatro anos, assim também Laurentino Dias devia mandar levantar com a mesma velocidade um inquérito ao caso Sérgio Paulinho porque, em última análise, é dinheiro público que, pelo menos aparentemente, foi mal utilizado. E os portugueses, nos tempos que correm, não têm dinheiro para alguns senhores andarem a brincar aos dirigentes

Opinião: Vinhais Guedes







O Prof. Carlos Queiroz
voltou à Selecção

Resumindo, Carlos Queiroz só brilhou enquanto treinador de jovens. Sempre que foi treinador principal de uma equipa de seniores ficou-se pela vulgaridade.


Há mais de trinta anos que acompanho a entrada de técnicos com formação académica no mundo do futebol, primeiro como preparadores físicos e depois como treinadores principais.
No início da década de 70 contavam-se pelos dedos de uma só mão os treinadores de futebol da primeira e segunda divisões com formação superior. Nessa altura os profs. Rui Silva e Rodrigues Dias eram excepções à regra. Havia ainda três ou quatro licenciados que desempenhavam o papel de preparadores físicos. Elísio Gouveia e Hernâni Gonçalves que trabalhavam, respectivamente, no Belenenses e no Futebol Clube do Porto.
A partir do início da década de 80 surgiu uma nova geração de treinadores de futebol que iniciaram as suas carreiras a trabalhar nas camadas jovens da Federação Portuguesa de Futebol. Recordo os profs. Carlos Queiroz, Nelo Vingada, Jesualdo Ferreira, Rui Caçador e outros.
No momento em que o Prof. Carlos Queiroz volta a ser o seleccionador nacional levanta-se um coro de apoios à solução encontrada, reconhecendo nele as qualidades ideais para o cargo.
Para quem tiver memória, o prof. Queiroz conseguiu, nos escalões jovens, excelentes resultados incluindo o título de campeão mundial de juniores disputado em Portugal, facto único no nosso futebol.
Quando foi convidado para treinar o Sporting ganhou apenas uma taça e uma super-taça de Portugal não sendo contudo capaz de pôr a equipa a praticar um futebol de qualidade, compatível com uma imagem que construiu – homem com formação académica e diferente dos restantes treinadores. Foi com ele que surgiram expressões como “grupo de trabalho”, “postura” e “leitura de jogo”. Ao lhe ser oferecido o comando da selecção portuguesa para disputar a fase de qualificação de um campeonato do mundo, os resultados obtidos e a sua actuação foram simplesmente desastrosos. Falhou como treinador, ao ser derrotado pela Itália, com uma exibição medíocre, não qualificando Portugal para o mundial. Falhou igualmente como homem ao não assumir as responsabilidades desse fraquíssimo jogo, justificando-se, no final, com a frase: «é preciso varrer a porcaria que vai na praça da alegria.»
Pessoalmente fiquei estupefacto. Como era possível que alguém com formação académica se tivesse desculpado de uma forma tão deselegante para com quem o tinha convidado a assumir as funções que desempenhava? Nunca tinha ouvido nada semelhante para justificar um insucesso!
Depois de abandonar a selecção portuguesa pela porta traseira da tal praça da Alegria (na altura sede da Federação), o Carlos Queiroz esteve a trabalhar nas Emirados Árabes Unidos, no Japão, nos Estados Unidos e na África do Sul sem ter feito qualquer trabalho que lhe desse visibilidade.
Nos últimos anos foi adjunto de Sir Alex Ferguson, essa velha raposa que já leva mais de vinte anos à frente do Manchester United.
Ainda como adjunto daquele grande clube, não resistiu à tentação e deixou-se seduzir por um convite do Real Madrid para treinar uma equipa de milionários, que veio a revelar-se uma espécie de presente envenenado, acabando por sair sem honra nem glória, regressando a Manchester para ocupar o seu antigo lugar.
Resumindo, Carlos Queiroz só brilhou enquanto treinador de jovens. Sempre que foi treinador principal de uma equipa de seniores ficou-se pela vulgaridade. O Manchester United, é bom que se diga, já ganhava títulos antes de o Prof. ser adjunto de Sir Alex Ferguson e vai continuar ganhá-los depois da sua saída.
Na cerimónia de apresentação, ocorrida há dias, o Prof. Queiroz apresentou-se à imprensa de uma forma muito especial mas pouco original: «O meu nome é Carlos Queiroz e estou aqui para servir o futebol português.» Esta frase é semelhante ao que uma apresentadora de telejornal começava sempre por dizer: «eu sou Manuela Moura Guedes e este é o Jornal Nacional.»
É bem possível que após quinze anos de ausência o Queiroz tenha adquirido, principalmente como adjunto de Sir Ferguson, experiência suficiente e conhecimentos que sirvam para o cargo que lhe é novamente oferecido, deixando para trás as disparatadas e impróprias desculpas de mau perdedor.
Não me parece pois apropriado afirmar-se que o professor entrou pela porta grande da sede da Federação Portuguesa. Pode dizer-se, isso sim, que entrou pela porta pequena, a mesma por onde saiu há 15 anos. Entrar pela porta grande significaria ter feito um grande trabalho como responsável pela selecção portuguesa, o que não aconteceu como se sabe.
Quanto ao futuro… o tempo nos dirá se Carlos Queiroz vai ter, como costuma se dizer, “unhas para tocar esta viola”.
Uma coisa é certa, Madail, o “grande” presidente da Federação deixou de ter uma espécie de protecção especial sendo provável que voltem à selecção as intrigas e o magistério de influências como aconteceu antes da era Scolari.

Opinião: JM Silva









O “polvo” ainda mexe…

Apesar de amputado dalguns dos seus membros, o “polvo” que asfixiou anos a fio o futebol português ainda mexe. Levará o seu tempo até que seja exterminado em definitivo, mas esse dia chegará, porque felizmente neste País ainda há gente que pugna pela verdade desportiva…


Polvo é um molusco cefalópode com oito braços guarnecidos de ventosas, que vive nos orifícios dos rochedos, perto das rochas e se nutre de crustáceos e moluscos e raramente ultrapassa um metro de comprimento.
Em sentido figurado, polvo significa, também, pessoa insaciável. No seio do futebol português, de há muito que deu à costa um gigantesco “polvo”, este necessariamente a ultrapassar um metro no seu comprimento, cujos “tentáculos” (meios astuciosos de que alguém se serve para enredar outrem) o oprimam durante anos e anos, fazendo prevalecer a lei do mais forte, a lei do compadrio e a da corrupção, cobrindo-o com um manto de suspeição, que não eram poucos aqueles que temiam viesse a eternizar-se.
Tal “polvo” era algo de invisível mas em que muitos acreditavam na sua existência tal como quem acredita em Deus sem nunca O ter visto.
Contudo, na impossibilidade da apresentação de provas concretas passíveis de eliminá-lo, como que se institucionalizou em Portugal de cognominá-lo de SISTEMA, palavra que passou a ser utilizada nomeadamente pelos mais desfavorecidos (leia-se clubes de menor dimensão) para justificação de alguns dos seus insucessos.
Com verdade nalguns casos, com menos verdade noutros, mas a firme certeza de que tal SISTEMA fez demasiadas vítimas, a maior parte delas indefesas.

A História é fértil em testemunhar-nos episódios de regimes de opressão que vigoraram por muitos e muitos anos, mas que acabaram um dia mais tarde por serem derrubados.
Em Portugal, faz já algum tempo que o “25 de Abril” mandou para o exílio alguns governantes de então, seguidores da linha imposta por Salazar, durante longas décadas.
Passados que foram esses primeiros tempos pós-revolução, a Policia Judiciária, possivelmente alertada pela existência desse “polvo” que asfixiava o futebol português, desencadeou gigantesca operação a que chamou de Apito Dourado, na esperança de poder vir a exterminá-lo, devolvendo a credibilidade ao nosso Desporto-Rei.
Só que, em plena Democracia, não pode no imediato mandar para o exílio ou para a prisão alguns dos “tentáculos” do SISTEMA porque, enquanto arguidos, não haviam ainda sido condenados.
Levou o seu tempo, talvez mesmo tempo demasiado, mas de degrau em degrau a justiça portuguesa, onde naturalmente se inclui a desportiva, entre avanços e recuos, mais aqueles do que estes, lá foi “desembrulhando algumas encomendas” e bem recentemente desferiu profunda machadada nesse “monstro enorme”, amputando-lhe três dos seus maiores “tentáculos”, roubando-se grande parte da força que detinha.
Acontece, porém, que a nossa Justiça ainda tem em mãos vários casos para resolver relacionados com a operação Apito Dourado que, muito sinceramente, chegámos a recear, acabaria em nada.
A esperança de que um dia o futebol português voltaria a gozar de boa saúde começou com a ida do Dr. Hermínio Loureiro para a frente dos destinos da Liga dos Clubes Profissionais, ida essa que na devida altura aqui catalogámos como uma lufada de ar fresco. Depois muito daquilo que prometeu na sua tomada de posse cumpriu em absoluto, nomeadamente no que concerne à libertação do futebol português no “monstro” que lentamente o ia consumindo.
Começou nele essa grande revolução…

Mas a prova provada de que o “polvo” mesmo amputado dalguns dos seus principais membros ainda mexia, não tardaria muito.
Depois do Conselho de Disciplina da Liga, alheio às mais variadas pressões, ter pronunciado em tempo oportuno, entre outros castigos, a descida de divisão do Boavista e os dois anos de suspensão ao presidente do FC Porto, Pinto da Costa, envolvidos em crimes de corrupção e do Tribunal de Gondomar ter punido com prisão com pena suspensa o major Valentim Loureiro, no âmbito do Apito Dourado, eis que no Conselho de Justiça da FPF nova cabala no futebol português estava montada, tendente a ilibar quer o Boavista quer Pinto da Costa, que haviam recorrido para aquele Conselho da anterior punição decretada na CD da Liga.
Porém, os intentos de Gonçalves Pereira, presidente do CJ da FPF e do seu vice, que esperamos ver em breve a braços com a justiça, frustraram-se vendo o “tiro sair-lhes pela culatra” perante a enérgica reacção dos restantes cinco conselheiros, que deram continuidade aos trabalhos da reunião onde, entre outros casos, estavam inseridos na ordem de trabalhos os supracitados castigos aplicados ao clube axadrezado e ao presidente dos dragões.
Fizeram-no porque tinhas quórum para prosseguir, cinco contra dois, após a intempestiva retirada do Presidente e do seu vice, e, concluída a famigerada reunião, acabaram por ratificar a descida de divisão do Boavista e a suspensão de dois anos ao Presidente do FC Porto.

Jogando à defesa, não fosse ele um profundo conhecedor dos meandros do futebol português, o Presidente da FPF, Dr. Gilberto Madaíl, encomendou um parecer jurídico ao Prof. Freitas do Amaral, sobre a validade ou não da acta final assinada pelos cinco conselheiros do CJ da Federação e dos seus considerandos.
Freitas do Amaral deu o seu parecer, recriminando veementemente o procedimento do Dr. Gonçalves Pereira e seu vice, considerando absolutamente legítima a actuação dos cinco conselheiros e a Direcção da Federação seguiu o caminho indicado pelo insuspeito especialista e, admitindo como válidas as decisões tomadas pelo Conselho de Justiça, deu como consumados os castigos aplicados ao Boavista e a Pinto da Costa e, na oportunidade, invocou o interesse público para homologar os Campeonatos da última temporada.
Para trás ficaram as providências cautelares apresentadas pelo Boavista e pelo vereador da Câmara de Gondomar, o ainda (?) Presidente do CJ da Federação Portuguesa de Futebol.
Demonstrado ficou também que felizmente ainda há gente neste País que pugna pela verdade desportiva, não se intimidando perante comportamentos mesquinhos e inaceitáveis de favorecimento a terceiros.
“O cântaro tantas vezes vai à bica que por vezes lá fica.”

No passado dia 1 de Agosto, o Dr. Mesquita Machado, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da FPF, afirmando que quer garantias de um Conselho de Justiça isento, anunciou ir convocar uma assembleia extraordinária com o objectivo de analisar o parecer do prof. Freitas do Amaral, encomendado pela Direcção da FPF.
É sua opinião que os membros do Conselho de Justiça terão de ser ouvidos, não sabemos bem para quê, na medida em que no parecer do prof. Freitas do Amaral está tudo lá estampado…
Quanto à sua sugestão para que o futuro Conselho de Justiça passe a ser composto por magistrados porque «o futebol precisa de um órgão de justiça que dê absolutas garantias de isenção», estamos conversados…
Só por mera distracção é que Mesquita Machado só agora se tenha lembrado de algo que de muitos quadrantes tem vindo a ser sugerido e onde obviamente nos incluímos.
Apesar de tudo, mais vale tarde do que nunca.