sexta-feira, 23 de maio de 2008

Alberto João Jardim e o Parque Desportivo de Água de Pena


«Mais juventude
para o Desporto»

O Presidente do Governo Regional elogiou a grandeza do novel Parque Desportivo de Água de Pena, considerando-o «do melhor que existe no Continente Europeu». Uma infra-estrutura que o governante espera que traga mais jovens para o Desporto.

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Prioridade é sucessor de Lazaroni, mas há reforços negociados


Renovação em marcha

Consumado o “divórcio” entre Carlos Pereira e Sebastião Lazaroni, o Marítimo procura agora um sucessor para o brasileiro. Que provavelmente será, de novo, estrangeiro. “Os bons treinadores não têm pátria”, assinalou esta semana o presidente da SAD. Bruno renovou e esperam-se agora por novidades no tocante a reforços, sendo o brasileiro Nenê um dos nomes em equação.

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Paulo Sereno encantado com a possibilidade Nacional

«O concretizar
de um sonho»

O ex-avançado do CF União mostra-se encantado com a possibilidade de ingressar no Nacional, que qualifica como «o concretizar de um sonho». Até à confirmação, «todas as outras propostas ficarão em "stand-by"», destacou o internacional português.

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União obrigado a vencer e a esperar por "terceiros"


Alguém acredita em milagres?

A duas jornadas do final do campeonato, o União está obrigado a vencer o Ribeirão e esperar que o Chaves não vença o Atlético de Valdevez, para entrar na última jornada com esperanças de garantir o acesso ao “Play-Off” de subida à Liga de Honra.

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Santana joga cartada importante frente ao Oriental


A subida é já ali ao lado!

Embora a deslocação a Oriental não seja decisiva, poderá, em caso de vitória, significar um "passo de gigante" do Santana rumo à II Divisão. O Câmara de Lobos continuará na sua missão de tentar, agora frente ao Igreja Nova, conquistar a sua primeira vitória desta II fase.

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Arnaldo Teixeira e os apoios ao desporto

Redução definida

O Vereador para os Assuntos Sociais, Cultura e Desporto confirma a intenção do Município de Santana reduzir os valores financeiros de apoio às colectividades. Mas poderá haver uma excepção para a União Desportiva… caso suba à II Divisão Nacional.

Leia tudo sobre o especial concelho de Santana, na nossa edição impressa.

2.500 jovens reunidos em Guadalupe


Elo de ligação entre ilhas

Francisco Fernandes considera os Jogos das Ilhas um instrumento valioso para o debate (internacional) de questões comuns e pertinentes relativas à insularidade.

Cirilo Borges

Os Jogos das Ilhas terão lugar este ano nas Caraíbas, mais precisamente em Guadalupe. Para as ilhas portuguesas, Madeira e Açores, será a viagem mais longa desde que este evento internacional teve início, há doze anos, razão pela qual as duas Regiões vão repartir as despesas de frete do avião. Ao todo, reunir-se-ão naquela ilha cerca de 2.500 jovens, num convívio que vai durar a próxima semana e se pretende o mais abrangente possível, ou seja, não apenas no âmbito desportivo mas também cultural e social.

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Corrida da Mulher quer reunir milhares


Mulheres (e homens)
correm para Acreditar

Chama-se Corrida da Mulher, mas os homens também são bem-vindos, porque a causa — angariar fundos para a Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro — é o mais importante.

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Três desclassificações ditaram mudanças após as corridas


Emoção para além da meta

Uma jornada que parecia confirmar a superioridade dos favoritos terminou com inesperadas alterações em duas categorias.

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Opinião: Gustavo Pires






China: O Feitiço e o Feiticeiro

Hoje, as autoridades chinesas ao proclamarem que o desporto nada tem a ver com a política esquecem-se que no passado, em defesa dos seus direitos, também elas utilizaram o feitiço do desporto para resolverem questões políticas.

A generalidade dos líderes do Movimento Olímpico, durante o século XX, sempre procuraram produzir um discurso “politicamente correcto”, em que o desporto foi invariavelmente considerado uma actividade asséptica, desenvolvida à margem da sociedade, sem qualquer contacto com as realidades mais comezinhas do mundo, da vida e da política. Contudo, segundo os princípios fundamentais do Olimpismo, expressos na Carta Olímpica:
• O Olimpismo procura criar um modo de vida baseado no prazer do esforço, no valor educacional do bom exemplo e no respeito por princípios éticos universais fundamentais.
• O Olimpismo tem por objectivo colocar o desporto ao serviço de um desenvolvimento harmonioso do homem, com a perspectiva de promover uma sociedade pacífica preocupada com a preservação da dignidade humana.
• A prática do desporto é um direito humano.
• Cada indivíduo deve ter a possibilidade de praticar desporto, sem discriminação de qualquer tipo.
• A organização, administração e gestão do desporto deve ser controlada por organizações desportivas independentes.
• Qualquer forma de discriminação com respeito a um país ou pessoa baseada na raça, religião, política, género ou outra é incompatível com a pertença ao Movimento Olímpico.
Apesar da assunção clara da defesa dos Direitos do Homem, da dignidade e do desenvolvimento humano, que expressam uma concepção política da vida, no meio do calor provocado pelo percurso da Tocha Olímpica a caminho dos Jogos Olímpicos de Beijing (2008), muitos dirigentes desportivos insistem em proferir as mais diversas proclamações acerca da incompatibilidade do desporto com a política, entre elas a do chefe da missão portuguesa aos Jogos de Beijing que declarou à TSF: «nós somos desportistas, cumprimos a Carta Olímpica e deixamos a política para os políticos» (TSFonline, 2/4/08).
O problema é que afirmações deste tipo que objectivamente transformam os atletas em “bestas esplêndidas” – uma ma expressão cunhada por Manuel Sérgio – não são singulares. Elas fazem parte de uma cultura caracterizada por uma certa menoridade política que, na tradição corporativa do desporto, os dirigentes sempre atribuíram aos atletas, pelo que até se sentem no direito de falar em nome deles. E eles, na sua juventude, não sabem que há muito que a história nos ensinou que todo o desporto organizado caminha tendencialmente para um modelo fascista. E, depois, para a sua própria implosão…
Os dirigentes do Movimento Olímpico sempre foram pródigos em declarações que pretensamente visam afastar o desporto de qualquer contágio político.
Por exemplo, Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), classificou como “oportunistas” os que defendem um boicote aos Jogos Olímpicos de Beijing (2008), devido às questões do Tibete e dos Direitos Humanos na China (LUSA, 27/4/08). Pelo seu lado, Carlos Arthur Nuzman presidente do Comité Olímpico Brasileiro (COB), após o encerramento da reunião de trabalho da Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos Beijing, afirmou que «boicotar os Jogos, como pretendem fazer dirigentes da Alemanha, Polónia e República Checa, é um desrespeito aos atletas que vão participar da competição» (GLOBOESPORTE, 3/4/2008).
Apesar destas proclamações mais ou menos “oportunistas”, o que é por demais evidente, para todos aqueles que se deram ao trabalho de estudar o percurso de vida do Comité Olímpico Internacional (COI), bem como as atitudes e comportamentos daqueles que protagonizaram a sua liderança, é que sempre existiu uma relação muito íntima entre o desporto e a política, determinada por diferentes interesses, diferentes objectivos, diferentes aliados e diferentes concepções do mundo.
De resto, quando, por exemplo, hoje, as autoridades chinesas, perante a aflição que os movimentos de defesa dos Direitos Humanos lhes estão a causar, afirmam alto e bom som e, claro, porque lhes convêm, que o desporto nada tem a ver com a política, estão a ignorar a realidade histórica que ao longo de mais de cem anos sempre envolveu o Movimento Olímpico. Mas esquecem-se também, que desde a fundação, em 1949, da República Popular da China (RPC), os dirigentes chineses sempre utilizaram de forma premeditada o desporto como um instrumento político na sua diplomacia internacional em defesa dos seus legítimos interesses. E de tal maneira afirmaram este seu direito que, em 1957, chegaram a um ponto em que, por motivos meramente políticos, pura e simplesmente abandonaram o COI bem como a generalidade das organizações desportivas internacionais. O próprio primeiro-ministro Zhou Enlai (1898-1976) envolveu-se sobremaneira na questão Olímpica, ao tempo coadjuvado por He Zhenliang, o grande responsável pela sucesso da candidatura chinesa à organização dos Jogos Olímpicos de Beijing (2008). Hoje, as autoridades chinesas ao proclamarem que o desporto nada tem a ver com a política esquecem-se que no passado, em defesa dos seus direitos, também elas utilizaram o feitiço do desporto para resolverem questões políticas. Agora, o feitiço virou-se contra o feiticeiro independentemente das proclamações dos nossos e dos outros olímpicos dirigentes.

Opinião: Manuel Sérgio







A Vontade de Acreditar

A passagem de uma moral estática a uma moral dinâmica encontro-a em Jesus: na passagem de uma moral que se fundamenta na Razão a uma moral que se fundamenta no Amor, onde a Razão se encontra integral mas superada.

Há quem sustente que Malraux afirmava que «o século XXI será religioso, ou não será». Se não descambo em erro grave, hoje é cada vez maior o número de pessoas que defende um projecto ateu de vida – um projecto laico e de profunda ética e da mais autêntica espiritualidade, mas... dispensando Deus! As religiões não têm o monopólio da moral. E filósofos há que afirmam que «o século XXI será laico, ou não será». O Espírito do Ateismo ("L’Esprit de l’atheisme. Introduction à une spiritualité sans Dieu", Albin Michel, 2006) de André Comte-Sponville e o Tratado de Ateologia ("Traité d’athéologie", Grasset, 2005) de Michel Onfray, dois sucessos editoriais, defendem, cada qual à sua maneira, que Deus é uma ideia perfeitamente dispensável, no mundo da ética e da moral. André Comte-Sponville, de 56 anos de idade, considera-se um aluno dos “mestres da suspeita” (Marx, Nietzsche e Freud), assumindo por isso o desafio de ajudar à construção de uma metafísica materialista, de uma ética humanista, de uma espiritualidade sem Deus, procurando criar assim “uma sabedoria para o nosso tempo”. Segundo o mesmo filósofo, o ateu nascituro abraçará a mensagem judaico-cristã, sem necessitar de invocar o nome de Deus. Demais, o nosso tempo testemunha os crimes mais hediondos, praticados por fanáticos religiosos que, portanto, se dizem crentes e tementes a Deus. Comte-Sponville proclama-se um “ateu cristão”, ou seja, aceita a moral cristã, sem descobrir em Cristo o Filho de Deus. É o filho do carpinteiro e possivelmente a maior figura da História, mas sem quaisquer atributos divinos.
Mas é a altura de lermos boa parte da tese de André Comte-Sponville: «Os três monoteismos, animados pela mesma pulsão de morte genealógica, partilham um conjunto de taras idênticas: o ódio da razão e da inteligência; o ódio da liberdade; o ódio de todos os livros em nome de um só; o ódio da vida; o ódio da sexualidade, das mulheres e do prazer; o ódio do feminino; o ódio do corpo, dos desejos, das pulsões. O judaismo, o cristrianismo e o islão defendem: a lei como fé, a obediência e a submissão, o gosto da morte e a paixão pela outra vida, anjos assexuados e a castidade, a virgindade e a fidelidade monogâmica, a mulher que se realiza unicamente como esposa e mãe, o dualismo corpo-alma. Que o mesmo é dizer: uma vida crucificada e o nada divinizado.» Michel Onfray, de 49 anos de idade, é radical: é “um ateu não cristão”, recusando mesmo a bondade da mensagem judaico-cristã. A ateologia é uma nova disciplina que supõe a mobilização de várias ciências, tais como a psicologia, a psicanálise, a arqueologia, a linguística, a história, etc. E uma filosofia que se fundamente e seja a cúpula de «uma física da metafísica, uma real teoria da imanência, uma ontologia materialista». A conquista da tolerância, o surgimento da democracia, a libertação da mulher acontecem, apesar das religiões monogâmicas. E os mártires da liberdade de pensamento? Como esquecer as Cruzadas e a violência que se oculta por detrás dos Descobrimentos? E Copérnico, asseverando que o Sol não roda à volta da Terra? E Giordano Bruno, queimado em praça pública, porque tentava provar que o universo é infinito? E Galileu, obrigado a retractar-se, por fazer suas muitas das teses de Copérnico?... Enfim, o rol de mártires da liberdade, mortos, ou presos, ou condenados ao silêncio e ao desprezo público, pelas religiões monoteistas (ocorrem-me, neste passo, Espinoza, Teilhard de Chardin, Hans Kung, Leonardo Boff, Mário de Oliveira, Felicidade Alves e o actual terrorismo dos fundamentalistas islâmicos) é tão grande que me fico por aqui, não recordando as encíclicas papais onde o próprio regime democrático é considerado contrário à vontade de Deus. É possível encontrar a vontade de um Deus, infinitamente bom, em tantos pecados contra a humanidade?
Há necessidade de uma espiritualidade ateia? Estes dois filósofos dizem que sim e apontam a possibilidade da sua construção, já que a espiritualidade das religiões monoteistas é fixista, retrógrada, fascizante. Permitam-me que acrescente algumas nótulas da minha autoria: todos nós somos viajantes a caminho do Absoluto. O sentido da vida é a trancendência, ou seja, a capacidade de transcender e transcender-me, em pleno contexto de solidariedade e justiça social, já que não me transcendo senão em grupo (e quanto maior for o grupo tanto melhor). Jesus deixou-nos um mandamento: «Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.» Comte-Sponville, porque não acredita n’Ele, confunde Deus com o Bem, a Verdade, a Beleza. Mas Jesus, ao dar-nos este mandamento diz-nos, implicitamente, que o ser humano não é um retórico num mundo feito, mas um ser práxico num mundo por fazer. Por isso, tanto André Comte-Sponville como Michel Onfray, não acreditando embora em Deus, seguem o grande mandamento que Jesus nos deixou — mandamento donde nasce uma efectiva e concreta solidariedade e não a “solidariedade” abstracta, ineficaz e longínqua do neoliberalismo e de todas as ditaduras mascaradas de socialismo, através de um capitalismo de Estado. Li, com atenção e respeito, André Comte-Sponville e Michel Onfray e continuo a acreditar na missão salvífica de Jesus de Nazaré. A passagem de uma moral estática a uma moral dinâmica encontro-a em Jesus: na passagem de uma moral que se fundamenta na Razão a uma moral que se fundamenta no Amor, onde a Razão se encontra integral mas superada. Continuo com a vontade de acreditar no mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”. Amar... que não é filosofar unicamente!
Tenho vontade de acreditar em Deus e não em deuses. Chamem-se eles Ricardo Quaresma, Cristiano Ronaldo, Robinho, Van Nistelrooy, Didier Drogba, etc., etc. Estes têm lesões em demasia e os que loucamente os aplaudem são pessoas de pensamento vacilante, porque perderam a certeza da verdade; pobres de vida interior porque excessivamente solicitados pela exterioridade do trabalho e do estilo altamente competitivo da vida; vítimas de falsas receitas de felicidade. Gosto muito de futebol, mas não me quero esvaziado de interioridade e incerto quanto ao meu destino essencial.

Opinião: JM Silva







Prof. Sebastião Lazaroni

Teve demasiados altos e baixos a equipa do Marítimo que, mesmo assim, conseguiu um brilhante 5.º lugar e com ele a sua sexta ida a uma competição europeia. Contudo, nem sempre tudo está bem… quando as coisas acabam bem e há que dizê-lo. E assim sendo Lazaroni não fica no Marítimo por sua exclusiva culpa.

Cada cabeça cada sentença e daí resulta inevitavelmente a grande dificuldade de conseguir-se uma unanimidade de opiniões numa análise das mais variadas situações que se nos vão deparando no nosso dia-a-dia.
Obviamente mais difíceis umas do que outras, em se tratando de futebol, um tanto pelo muito que ele arrasta de paixões, a análise do trabalho desempenhado ao longo de uma época desportiva, quer das equipas técnicas dos clubes quer dos seus jogadores, é sem dúvida uma das mais difíceis de executar, tornando-se mesmo quase impossível chegar-se a qualquer espécie de consenso.

A nível jornalístico tal dificuldade é também latente, não tanto porque escasseie profissionais do ramo com capacidade suficiente para abordar os mais variados aspectos tácticos de qualquer equipa durante um jogo, para pronunciar-se sobre a versatilidade técnico-táctica de qualquer dos seus jogadores para opinar sobre se determinada substituição dum jogador por outro foi feita ou não em tempo oportuno e se a mesma se justifica etc., etc., etc., mas sobretudo porque o futebol se tornou há muito um campo minado onde convém penetrar com cuidados redobrados pois podem acontecer rebentamentos que os venham a prejudicar mais tarde no desempenho das suas funções, vezes sem conta incompreendidas pelas massas adeptas.
Escudando-se nos figurinos tácticos actualmente mais em voga, desde o “4x4x2” e do “4x3x3” passando pelo “3x5x2” e outros que tais para não falarmos no “losango” do meio campo e do “triângulo” defensivo, algo que para a maioria dos adeptos da bola é chinês e dado que cada vez mais é maior a necessidade de agradar-se a gregos e a troianos por motivos que têm a ver com o mercado, longe vão os tempos em que os críticos da especialidade — que não tinham a almofada da televisão — criticavam profundamente os jogos de futebol em todas as suas vertentes, revelando-se autênticos “livros-abertos” da especialidade.
E eram respeitados por isso porque corajosamente assumiam as suas convicções, prestando ao futebol um serviço inestimável.
Mas, mudam-se os tempos mudam-se as vontades, hoje o futebol é mais mentira do que verdade, todos reconhecem essa triste realidade mas muitos não querem admiti-la, cegos pela clubite que os invade, revoltando-se contra os poucos, que ainda os há, que querem lutar pela verdade no futebol.
Sabem por certo do que falamos…

Sebastião Lazaroni é um experimentado técnico de futebol, com muitos anos de serviço e para quem o desporto-rei já não terá assim tantos segredos quanto isso para desvendar, embora na vida estejamos sempre a aprender.
Correu mundo levando os seus conhecimentos às mais recônditas paragens, descobriu novos mundos com as suas novas línguas, mas onde constatou que a linguagem do futebol é uma linguagem universal.
E, tendo calcorreado países com culturas diferentes, por certo que constatou também que a cultura do futebol varia de País para País e em Portugal, na circunstância na Madeira, essa cultura é forçosamente diferente da do Brasil, onde teve a honra de treinar a sua Selecção Nacional.
Trabalhando pela primeira vez entre nós, ao fim de uma temporada, ficou naturalmente mais identificado com a realidade do nosso futebol, nomeadamente no que concerne aos seus aspectos tácticos, vertente que constitui o seu calcanhar de Aquiles à frente da formação verde-rubra.
Será por isso legítimo que se por cá continuar, na Madeira ou noutro ponto qualquer do Rectângulo Português, conseguirá com o capital acrescido que arrecadou um desempenho porventura superior àquele que conseguiu à frente do Marítimo na temporada agora finda.

Sendo que o quinto lugar alcançado não deixa de ser uma classificação honrosa que, repetimos, nada teve a ver com a perda de seis pontos por parte do Belenenses, não deixa contudo de saber a pouco porque a equipa, que pela primeira vez Sebastião Lazaroni orientou em Portugal, poderia ter chegado um pouco mais longe se em vários jogos tivesse tido outro rigor táctico, obviamente melhorado e até mesmo arriscando um pouco mais em algumas ocasiões.
Ao longo da temporada agora finda tivemos a oportunidade de relevar as performances técnicas de Sebastião Lazaroni à frente do plantel verde-rubro bem como assinalar a sua compostura nas entrevistas televisivas, escritas e faladas, durante determinado período.
Entretanto foram surgindo inoportunas lesões e alguns castigos disciplinares e muitas lacunas começaram a surgir com o desenrolar da prova que, lenta mas progressivamente, começaram a colocar em risco os objectivos do Marítimo anunciados no início da temporada e aí, colocamos o dedo na ferida e, num artigo de opinião neste nosso Semanário fizemos eco da nossa discordância na condução táctica da equipa do Marítimo, alertando para o facto dos técnicos brasileiros descurarem um pouco essa vertente, dissemos então que acontecera assim com Paulo Autuori, prosseguira com Bonamigo e que, se não houvesse uma marcha-atrás nesse capítulo, voltaria a ser o mesmo com Lazaroni.
Infelizmente para o Marítimo, não nos enganámos…

Seguiu-se um longo período de incerteza e mesmo de descrença onde aconteceram derrotas inesperadas muitas delas provocadas por graves erros de arbitragem que muito prejudicaram os verde-rubros que tiveram o condão de modificar o discurso de Sebastião Lazaroni que aos poucos se foi afastando da sua compostura inicial, embora em boa verdade lhe assistisse a razão na maior parte das vezes em que reivindicou.
Mas um líder é um líder e nada o deverá fazer sair do sério, embora por vezes seja custoso engolir-se sapos vivos.
Algo inesperadamente porém e quando tudo parecia perdido, "depois da tempestade veio a bonança", pois seria no meio de uma tempestade quase diluviana que o Marítimo, ao repetir nos Barreiros mais uma vitória no campeonato sobre o eterno rival Nacional, arrancou para uma ponta final de Campeonato verdadeiramente fabulosa onde em cinco jogos conquistou doze pontos preciosíssimos que o catapultou para os lugares do topo da classificação, um 5.º lugar que lhe proporcionou a sua sexta ida à Europa do Futebol.
Tivemos assim um Marítimo com um arranque brilhante de campeonato, depois um decréscimo de rendimento que acabou por colocar em causa os objectivos traçados para culminar um grande com uma arrancada final sensacional e histórica em que, valha a verdade, poucos acreditavam já.
Os festejos dessa conquista foram legítimos, mas… nem tudo está bem quando as coisas acabam bem, há que dizê-lo.

A época encerrou-se com a disputa da Taça da Madeira com o Marítimo a não dignificar essa festa do futebol apresentando uma equipa que nada teve a ver com aquela que normalmente alinhou na Bwin Liga e Sebastião Lazaroni não se sentou no banco de suplentes.
As gentes verde-rubras não gostaram desde os seus dirigentes aos seus associados e adeptos.
Foi mais uma acha para a fogueira para a não continuidade de Sebastião Lazaroni no Marítimo. Uma entre muitas outras.