sexta-feira, 27 de junho de 2008

Marítimo próximo de assegurar Manu e Paulo Jorge


Falta médio ofensivo

As atenções dos verde-rubros continuam concentradas nas aquisições dos ainda benfiquistas Manu e Paulo Jorge. Com o acordo entre as partes bem encaminhado, o Marítimo vira-se para a contratação de um médio ofensivo, descartada que está a possibilidade Fellype Gabriel.

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Nacional procura reforços na Argentina e no Brasil


Último "forcing"

Depois de ter assegurado a contratação de Prado, o Presidente do Nacional, Rui Alves, desloca-se à Argentina e ao Brasil, com o intuito de encontrar reforços que permitam "fechar" o plantel.

Roberto Paulo Pereira

À medida que se aproxima o dia do regresso ao trabalho, aprazada para o dia 1 de Julho, os responsáveis do Nacional desdobram-se em contactos no sentido de fechar o plantel. A incursão de Rui Alves ao Brasil e Argentina poderá ser decisiva na conclusão de alguns processos pendentes.

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José Belo confiante na decisão do Conselho de Justiça


Reviravolta total

O Presidente do Machico mostra-se confiante na decisão do Conselho de Justiça da FPF de levantamento de todos os castigos aplicados ao clube pelo Conselho de Disciplina do mesmo órgão federativo. «Uma reviravolta total na injustiça de que fomos alvo», deseja Belo.

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Dúlio Martins e o lema para o novo ciclo


Continuar a inovar

O Presidente do Andorinha pretende seguir as pisadas do seu antecessor, mas introduzindo uma nova forma de actuação face aos desafios vindouros, que só serão ganhos, sublinhou, com o empenho de todos.

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Especial Concelho de Santa Cruz

Triunfo na Taça de Portugal assinala década em grande


10 anos a erguer “canecos”

Madeira Andebol SAD termina temporada com triunfos em todas as competições nacionais. É assim há dez anos a esta parte.

Cirilo Borges

O Madeira Andebol SAD vai comemorar, no próximo dia 29 de Setembro, dez anos feitos de vitórias. Um curto mas profícuo tempo de vida, suficiente para ter conquistado 29 troféus, representativos de outros tantos títulos ganhos no País. Poderiam ser 30, só a não realização da Supertaça, na época passada, o impediu.

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Vitaly Efimov subiu ao terceiro degrau


Maria número 1 do Top

A jogadora do Estreito passeou a sua classe e o júnior do São Roque terminou “bronzeado”.

Cirilo Borges

Tal como o DM previu, Maria Xiao foi a madeirense em maior destaque no Top 12 Nacional de Jovens, disputado sábado em Câmara de Lobos. A jogadora do Estreito passeou a sua superioridade ao longo do torneio, que reuniu os melhores juniores e cadetes do país, em ambos os sexos, tendo ganho na final a Célia Jesus (Gondomar), por concludentes 3-0. O outro madeirense que subiu ao pódio também tem nome estrangeiro. Vitaly Efimov (São Roque) ficou na terceira posição em masculinos, eliminado nas meias-finais por Ivo Santos (Gondomar), que acabou por perder a final com Diogo Carvalho (Oliveirinha).

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Actividades de Verão 2008

Ninguém parado
nas férias!

Este ano serão organizadas, em toda a Região, cerca de 250 actividades de ocupação dos tempos livres. Quantidade e variedade para todos.

Cirilo Borges

O IDRAM apresentou esta semana a lista completa de actividades que autarquias, juntas de freguesia, casas do povo, associações de modalidade, clubes e até empresas privadas vão promover durante o período de Verão. Muito embora, entre as cerca de 250 actividades, haja iniciativas para todas as idades, a maioria das propostas — disponíveis para consulta em www.idram.pt —destina-se aos jovens que, por esta altura, entram em período de férias escolares.

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Bilhar: Torneio Aniversário do Sporting


Nelson Rebolo – Inesperado mas justo vencedor

Ao bater na final, Inácio Nunes, detentor do título de campeão do torneio de bilhar organizado por um grupo de amigos da popular colectividade da baixa funchalense, por 7-6, Nelson Rebolo, acima na foto, à esquerda junto a Inácio Nunes, chamou a si a conquista do título evocativo do aniversário dos leões da Madeira, evento que decorreu na sala do Sporting Clube da Madeira.

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Automobilismo



Opinião: Manuel Sérgio







Para um novo paradigma
do saber... e do ser! (II)

Quanto mais se teoriza e pratica o futebol, o conceito de intencionalidade surge imediatamente. Não há movimento sem sentido, na prática desportiva.


Em linguagem actual, poderemos acrescentar que, assim como as estruturas dissipativas (Prigogine) são sistemas abertos, dizendo que a vida possui uma ilimitada capacidade de inovação, assim também o acto apresenta um ímpeto criador de infinitas virtualidades, se se alimentar do diálogo com Deus e com o meu semelhante. Em "De L’Acte", Lavelle não deixa dúvidas: «L’histoire de ma vie c’est l’histoire de mes relations avec les autres.» Mas é no seio do Absoluto, que é também de uma profunda exigência relacional e dialógica, que o acto tem eficácia e deixa um largo e luminoso rasto de beleza moral. É-nos lícito concluir, assim, após a leitura de Blondel e Lavelle, pela íntima relação entre o movimento de aprofundamento de si e o de transcendência, em direcção à alteridade. Volto ao livro de Luís Freitas Lobo: «Para o Rei (Pelé), o futebol era mais do que um jogo, era o filme da vida, como descreve este diálogo, nos idos anos 60, com Nilton Santos, lateral esquerdo dos inolvidáveis escretes canarinhos dessa época. “Nilton, o que se passa pela cabeça da gente, na hora de uma jogada?”, pergunta Pelé. “Tem nego aí que não passa nada”, respondeu Nilton. “Pois na minha passa um filme de longa metragem”, confessa Pelé» (p. 89). Quanto mais se teoriza e pratica o futebol, o conceito de intencionalidade surge imediatamente. Não há movimento sem sentido, na prática desportiva.
O Padre Joaquim Cerqueira Gonçalves, antigo professor na Faculdade de Letras de Lisboa, costumava dizer nas aulas que «se a historicidade é inerente à filosofia, tal não é óbvio para a ciência, embora seja mais fácil uma história da ciência. A filosofia não prescinde do passado; a ciência vive renegando o passado» (Departamento de Filosofia e Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, "Poiética do Mundo – Homenagem a Joaquim Cerqueira Gonçalves", Edições Colibri, Lisboa, 2001, p. 81). Por isso, nalgumas das grandes colunas, que venho de referir, onde assenta a filosofia actual, desde o platónico Santo Agostinho, o aristotélico São Tomás de Aquino e Descartes, passando por Marx, Nietzsche e Freud e chegando a Husserl, Heidegger, Sartre e Ricoeur a ideia de acção está presente. A filosofia recusa pensar e pensar-se, sem este tema. No entanto, «a acção seria um luxo desnecessário, uma interferência caprichosa, nas leis gerais do comportamento, se os homens fossem interminavelmente repetições reprodutíveis do mesmo modelo (...). A pluralidade é a condição da acção humana, porque todos somos irrepetíveis, em relação aos homens do passado, do presente e do futuro» (Hannah Arendt, "The human condition", University of Chicago Press, 1958, p. 8). No entanto, por que há-de o acto (ou a acção) referir-se principalmente, na modernidade, ao "animal laborans" ou ao "homo faber"? Toda a modernidade nos chega impregnada de um fazer que visa apropriar-se da natureza e conferir ao económico um lugar determinante, na História. Ao mesmo tempo que um pensamento crítico, vigoroso e desempenado, nasceria e ganharia maturidade, na Europa do século XVIII, sob a inspiração de John Locke, como bandeira ao vento de uma grande paixão de liberdade. Mas uma contradição insanável surgia também, numa dialéctica entre as ideias e a história: o eixo do pensamento deslocou-se gradualmente do homem para a produção, do sujeito para o objecto, da pessoa para a coisa. O grande empresário subalterniza o trabalhador e diviniza a produção e o lucro. E as ideias de liberdade-igualdade-fraternidade não se cumpriram e aparecem aos olhos do trabalhador como palavras venerandas, esvaziadas de qualquer sentido ético e social. As leis económicas, concebidas pelo liberalismo, confundem, como vimos acima, pessoas com coisas e as bases ideológicas da liberdade-igualdade-fraternidade confinam-se a pura retórica. O português Miguel Bombarda (1851-1910), professor de Medicina, lastimava a irracionalidade de uma endémica desigualdade social: «A miséria é o espectro horrífico das sociedades humanas. A terra produz o quintuplo das necessidades do homem e morre-se de fome. O sol é a alegria e o contentamento e vive-se em tocas infectas na eternidade da sombra, e trabalha-se em antros tenebrosos, na eternidade da fadiga» ("A Consciência e o Livre Arbítrio", Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1902, pp. 361-362). E deplorava que a filosofia do seu tempo se resumisse «a ser o receptáculo das elucubrações, sobre a essência das coisas, sobre os primeiros princípios» (idem, ibidem, p. 45) e denuncia «esses filósofos da palavra» a quem «não há facto científico que lhes mereça respeito» ("A Ciência e o Jesuitismo", Parceria António Maria Pereira, Lisboa, 1900, p. 28). Também o desporto é ciência, mas... ciência humana! E, se não é ciência exacta, há que preparar o praticante para a imprevisibilidade do desporto. E para dar sentido ao inesperado...
2. "Ama e faz o que quiseres", de Santo Agostinho, diz-nos que o projecto último da acção, ou do acto, deve ser o amor. Luc Ferry criou, a propósito, uma paráfrase: «age como se amasses» ("L’Homme-Dieu ou le sens de la vie", Grasset & Fasquelle, Paris, 1996, p. 121). Num caso e noutro, o amor não é estranho ao imperativo moral. Mas não é verdade que as ideias que germinam, hoje, na filosofia, se iniciaram, como Foucault o lembra, em Marx, Nietzsche e Freud ("Nietzsche", Ed. Minuit, Paris, 1964)? E não é verdade também que, para eles, tudo é interpretação, já que não há signos primeiros? De facto, não há signos primeiros, mas interpretações primeiras, mesmo nas cartilhas doutrinárias (até o Freud, ao lançar o paciente, para um divã, dá primazia à interpretação). Após a derrocada dos velhos triunfadores, chegou à filosofia, com os “mestres da suspeita”, a incerteza. Mas também, na física, o que era clássico se desmoronava. «Tanto ao nível macroscópico, como ao nível microscópico, as ciências da natureza libertaram-se de uma concepção estreita da realidade objectiva, que nega a novidade e a diversidade, em nome de uma lei universal imutável» (Prigogine, I.; Stengers, I.: "A Nova Aliança", UnB, Brasília, 1984, p.209) Isto é, somos parte de um universo não-linear, não-previsível, complexo, caótico, criativo e pluralista. E a filosofia passou a viver também da contingência, da finitude, da crise. E sem o derrame descritivo de quem da ordem e da objectividade julga chegar inevitavelmente à verdade. Não é precisa muita verve, nem ministrar a ninguém «o santo sacramento da palavra», de que nos fala Unamuno, para dizer que um pensamento novo sacode o torpor hibernal das ciências e da filosofia, clássicas: o pensamento sistémico e complexo! E sem o clima tépido e morno das coisas fáceis, pois só se ancorou a ideias moças e originais, após revoluções científicas (Kuhn), ou rupturas epistemológicas (Bachelard), ou cortes epistémicos (Foucault), ou revoluções paradigmáticas (Morin). O modo objectivo, certo, determinista de observar o mundo que sobrenadava, na física clássica, foi posto em causa pela mecânica quântica que, através do mundo microscópico, nos ensina que o mundo não é o que ingenuamente vemos, na nossa vida quotidiana. A certeza e a objectividade são necessidades do sujeito, não quaisquer propriedades da matéria. A certeza inamovível decorre da ideia de um universo fiável, próprio de uma concepção mecânica do universo. Por outro lado, a separação sujeito-objecto franqueava-nos um mundo objectivo, no qual a subjectividade do sujeito não interferia nas leis por que o mundo se ordenava. A mecânica clássica e as suas concepções deterministas eram defendidas, com arreigada convicção, por muito "vir probus" que estudara Descartes, Newton, Locke, Kant e lera, com irresistível simpatia, os iluministas, designadamente Voltaire.

Opinião: Gustavo Pires







Scolari Foi-se. Viva o Big Phil


Mesmo aqueles, que dizem que a descoberta da bandeira das quinas foi o maior feito de Scolari, estão muito enganados. Quem primeiro começou a envolver a bandeira no nacional futebolismo da pátria amada foi o Mister Oliveira, ao tempo em que foi treinador nacional.

Gustavo Pires (*)

Nunca fomos à bola com o Scolari. O sucesso, se é que se lhe pode chamar isso, que o homem teve em Portugal, foi pelas piores razões. O homem promoveu no país um nacional futebolismo medíocre e foleiro que teve a expressão máxima na desgraçada exclusão de Vítor Baía, no monumental murro ao atleta sérvio e na retirada em pleno combate a troco de uns miseráveis rublos, deixando as forças no campo de batalha sem liderança nem rumo. Os portugueses papalvos paparam tudo. Ele fez o que quis, como quis, quando quis. A arrogância do discurso alternou com a pieguice do estilo, o vazio de conteúdo e a idiotice da atitude bem representada na metáfora do “o burro sou eu”. Quer dizer, os portugueses.
O homem nunca nos convenceu. Mesmo depois de aprender a balbuciar o hino nacional, as coisas não melhoraram. Bem vistas as coisas, o homem para além de não ter ganho nada não nos deixou cá ficar coisa nenhuma. Uma ideia, um projecto, uma realização digna de futuro. Deixou-nos, isso sim, uma certa liderança, ao estilo de sargento-ajudante que, infelizmente, parece ter-se adaptado bem ao perfil psicológico e cultural dos nossos jogadores de futebol. Mesmo aqueles, que dizem que a descoberta da bandeira das quinas foi o maior feito de Scolari, estão muito enganados. Quem primeiro começou a envolver a bandeira no nacional futebolismo da pátria amada foi o Mister Oliveira, ao tempo em que foi treinador nacional. A coisa não resultou. O povo ainda não sabia que necessitava da bandeira para curtir as mágoas da vida à custa do futebol. O maior problema do Mister foi estar certo no tempo errado. A coisa não pegou. Foi pena. Na realidade, a nacional pieguice ainda não estava em ponto de rebuçado. Até nisso Scolari teve sorte. Veio encontrar um país lavado em lágrimas de tantas desgraças e à espera de um D. Sebastião. Scolari foi o Sebastião que nos calhou.
Em conformidade, ao cabo de cinco difíceis anos (claro que para os portugueses), se há coisa que Scolari provou em Portugal, não fosse ele um leitor de Sun Tzu, é que a táctica sem estratégia é como o barulho antes da derrota. De facto, ele fez barulho, provocou ruído, às vezes até banzé; contudo, se virmos bem as coisas, não fez mais nada do que preparar a estrondosa derrota no Euro 2008. Se o homem nunca teve um sentido estratégico para o futebol, de táctica demonstrou um conhecimento muito reduzido. Agitou as massas, promoveu o circo, criou conflitos, ganhou dinheiro, bom dinheiro, mas, no fundo, tudo aquilo que fez não serviu para grande coisa, a não ser para ele próprio. E ele sabia bem aonde estava metido. Ele estava desejoso de se pôr a andar. Depois de uma tentativa gorada para o Benfica, desandou para Inglaterra. E ainda bem. A forma como o fez fechou com chave de ouro uma actuação a todos os títulos medíocre. Queremos dizer rasca.
Agora Big Phil vai continuar não no coração mas na distracção dos portugueses. Porque agora é que os portugueses se vão verdadeiramente distrair a tirar a prova dos nove ao Big Phil. Até porque as coisas em Inglaterra fiam de outra maneira. Na realidade, o Chelsea para Scolari vai ser até mais do que a prova dos nove. Vai ser a prova real da sua competência ou incompetência. Por nós, estamos convencidos que o fracasso é uma questão de mais ou menos jogo. Há quem duvide que o homem passe o Natal em Londres. Ele não tem estofo de treinador de clube. Não tem currículo de treinador de clube. Não tem tarimba de treinador de clube. Não tem capacidade para aguentar a pressão. O homem, à mais pequena dificuldade, perde as estribeiras, salta-lhe a tampa, entra em paranóia, não sabe o que diz, vem-lhe a agressividade toda à flor da pele. O homem é um estudo de caso. É uma espécie de estudo de caso José Mourinho, mas ao contrário.
Agora, enquanto treinador do Chelsea, Big Phil vai ver realmente o que é ser apertado. Não pelos delicodoces dos jornalistas portugueses, mas pelas feras que são os jornalistas ingleses. O Big Phil vai ser verdadeiramente apertado. Reunir com um grupo de jogadores uma ou duas vezes por ano e fazer com que eles dêem o melhor de si, não parece ser muito difícil sobretudo quando, por um lado, se tem à disposição os melhores jogadores do mundo ávidos de dinheiro e um orçamento ilimitado. E, por outro lado, uma mentalidade militarista completamente desprovida de qualquer sentimento de solidariedade, como Big Phil demonstrou à saciedade ser possuidor e logo desde o início, ao ostracisar Vítor Baía um dos melhores guarda-redes do mundo. E sem dar satisfações a ninguém. E fê-lo, não para optar não por um guarda-redes melhor, mas para optar por uma personalidade mais débil, quer dizer, mais fácil de controlar e completamente desprovida de jogo aéreo.
Portanto, os portugueses devem estar curiosos para ver qual vai ser o comportamento e os resultados de Big Phil no Chelsea, tanto mais que pelas suas atitudes relativamente a Ronaldo já começou a meter lenha na fogueira em que vai ser queimado. Em Londres, Big Phil não vai ter jogadores dóceis como o Nuno Gomes, não vai ter dirigentes fáceis como o Madail, não vai ter jornalistas débeis como o António José, não vai ter apaniguados vesgos sempre prontos a engolir qualquer bacorada como os portugueses e não vai ter uma Nossa Senhora para todas as aflições, na medida em que os ingleses são protestantes e como Max Weber explicou levam a religião muito mais de acordo com a dureza do trabalho. Perante este cenário, estamos em crer que o Big Phil de Chelsea, vai certamente recordar com saudades a rica vidinha do Felipão de Cascais.
E estamos curiosos para saber como é que os jogadores e os “supporters” do Chelsea se vão adaptar ao pensamento estratégico de Big Phil. Recordemos que, à sua chegada a Portugal, Big Phil, perante uma sala embasbacada, proferiu uma brilhante palestra aonde definiu “stratégia” como a «planificação do trabalho com inteligência visando atingir um objectivo». Para expressar melhor a sua inteligência, não fosse a estratégia tida como a arte dos militares, pois já na antiga Grécia o “stratego” era o chefe máximo que organizava a defesa da cidade, Big Phil, ao tempo simplesmente Scolari, não hesitou em revelar a sua costela castrense, afirmando que «no Brasil dizem que sou um pouco militar. Que bom, porque com um regime militar as coisas são feitas com disciplina».
A finalizar diremos que, no nacional futebolismo, aquilo que separa um treinador com conhecimento de um otário com sorte não é perceptível a qualquer tutólogo (pessoa que sabe de tudo). Nem mesmo o Professor do primeiro canal que gosta de se pronunciar sobre todo e qualquer assunto, tem capacidade para equacionar a questão. O factor sorte pode deitar por terra as mais elevadas conjecturas científicas, bem como elevar à mais alta categoria do pensamento humano o maior dos imbecis. Por isso, a escolha do novo treinador nacional é uma tarefa da maior importância. Defendemos mesmo que ela seja decidida em Conselho de Ministros. Até porque, nos tempos que correm, o seleccionador nacional é a primeira figura do Estado, sobretudo num país em que, ao contrário daquilo que o Presidente afirma, não há vida para além do futebol.


(*) Com António Cunha (FD-UP)

Opinião: JM Silva







Euro 2008 — Portugal
Morte a caminho da praia

Com um seleccionador cujo ciclo já estava esgotado antes do Euro, com jogadores dormindo mal devido aos milhões que lhes iam pela cabeça, roubando-lhes o sono, rodeados ainda por cima por um “folclore” jornalístico exagerado em pormenores insignificantes e parcos na discussão de assuntos sérios que envolvessem o nosso futebol em si, que esperavam os portugueses? Milagres? Lá se foi o tempo...


No rescaldo dos quartos-de-final do Euro 2008, não foram poucos os analistas que chegaram à brilhante (?) conclusão que todos os vencedores da fase de grupos, incluindo a própria Espanha, acabaram por não justificar a estratégia que adoptaram, a de fazerem uma gestão de esforço visando dar algum descanso aos seus jogadores mais utilizados nos primeiros dois encontros, onde portugueses, croatas, holandeses e espanhóis desde logo garantiram o primeiro lugar do respectivo grupo, colocando os seus segundos planos a disputar o terceiro jogo, dando-lhes como recompensa, apenas e só, mais uma internacionalização.
Poderá ter sido uma surpresa para tais analistas que na altura em que se justificaria uma intervenção tendente a tentar travar uma opção que era previsível ser de todo necessária, nada fizeram nesse sentido, só que para nós ela afigurou-se-nos inoportuna e, antes da realização do Alemanha-Portugal, aqui demos conta do nosso desacordo escrevendo entre outros considerandos que «…uma ridícula gestão de esforços diagnosticada para os jogadores mais utilizados deitou por terra…» E como se impunha apontávamos as razões porque achávamos ridícula tal gestão.

À chegada da nossa selecção ao aeroporto de Lisboa, Luiz Felipe Scolari, agora já nosso ex-seleccionador/treinador «tirou jogadores do autocarro para darem autógrafos» a cerca de centena e meia de pessoas que, mesmo com a desilusão estampada nos rostos por Portugal não ter ido mais longe no Euro 2008, mesmo assim não deixaram de dizer presente e dar as boas vindas a casa dos seus ídolos.
Esta atitude do “Sargentão” não merecia qualquer relevo de maior não fora a total ausência dum gesto semelhante para com os milhares e milhares de imigrantes portugueses que percorreram, muitos deles, quilómetros atrás de quilómetros, aguardando horas infindáveis, nem que fosse apenas e só para olharem para os seus ídolos, acenar-lhes e até fotografá-los para o álbum de recordações…
Contudo, em terras helvéticas, onde labutam tais emigrantes, qual pedaço do nosso Portugal, tamanha alegria foi-lhes vedada, para seu desgosto de não terem podido realizar o sonho de verem "in loco" aqueles que para si eram como que os embaixadores da sua pátria, do seu Portugal sempre no coração apesar da distância.
Há gestos que se dispensam e, na circunstância, aqueles que se praticaram na Suíça, onde se chegou ao cúmulo de desviar determinada rota do autocarro da selecção para “blindar” os nossos 23, eram absolutamente desnecessários, os nossos emigrantes não mereciam tamanha desconsideração.
Mas os gestos e as atitudes ficam sempre com quem os pratica.

O balanço final do comportamento patenteado a nível desportivo pelos nosso viriatos já está por demais debatido mas resta, em nossa opinião, alguns detalhes que, embora parecendo pequenos, são muitas vezes determinantes para o sucesso ou o fracasso duma equipa.
No capítulo técnico-táctico, já aqui expressámos a nossa versão antes do, para nós fatídico, Alemanha-Portugal ao afirmarmos que «conquistando o primeiro lugar do seu grupo antes mesmo do encontro final com a Suíça, Portugal partia para a última jornada com a forte possibilidade de fazer o pleno e simultaneamente aproveitar para testar um figurino mais sólido para o seu sector do meio-campo, demasiado à deriva nos jogos anteriormente realizados».
Infelizmente não nos enganámos.
Scolari deu-nos razão de sobejo para pensarmos que não estudou convenientemente, não apenas o poderio físico dos germânicos como também e sobretudo o seu figurino táctico no terreno de jogo, não teve em atenção o aproveitamento dos seus lances de bola parada e o seu forte jogo aéreo frente às redes adversárias e colocou em campo uma equipa sem quaisquer argumentos tácticos que num de repente se viu a perder por dois golos de diferença, mas que felizmente e porque temos jogadores de superior craveira técnica, aos poucos foi dando para equilibrar e reduzir para 1-2 antes do intervalo.
No “banco” português ficaram dois elementos que tinham toda a legitimidade para serem titulares neste encontro, primeiro porque actuam em equipas que militam no futebol alemão, segundo porque a sua compleição física e bom jogo aéreo seriam um forte antídoto para contrariar o poderio físico dos nossos adversários, mas Scolari não quis…
Extra futebol jogado, a novela em redor do futuro de Ronaldo, a lesão num pé que o diminuiu (teria o médico da selecção conhecimento disso?), a saída de Scolari, badalada na pior altura, a dispensa de Deco para ir a Barcelona tratar de assuntos pessoais, as conferências de imprensa com perguntas tendenciosas, que obrigavam os jogadores a jogar à defesa, entre outros pormenores mais, contribuíram em muito para que o sonho dos portugueses não se tornasse realidade.

Apesar do que atrás deixámos bem patente à opinião dos nossos leitores, teremos que ser honestos na apreciação da prestação dos nossos seleccionados que, apesar dos erros cometidos, teriam sido suficientemente capazes para que não saíssem derrotados.
Não dá para entender-se qual a razão ou razões que determinam que os jornalistas não se debrucem com maior acuidade sobre os problemas da arbitragem usando dois pesos e duas medidas consoante os encontros que analisam e que são jogados, uns a nível nacional, outros no âmbito internacional sob a tutela da UEFA e da FIFA.
Pois, neste Alemanha-Portugal, se já era difícil aos portugueses jogar onze contra onze, tornou-se incomensuravelmente mais difícil jogarem onze contra catorze (!).
Haja quem atire a primeira pedra contra os factos que aqui vamos apontar, todos eles em lances de claro prejuízo para os nossos viriatos e seus auxiliares:
— Fora-de-jogo mal assinalado a Nuno Gomes no golo limpo que marcou ainda na 1.ª parte;
— A expulsão perdoada ao defesa alemão que primeiro agarrou Ronaldo, quando este o ultrapassou em velocidade, derrubando-o depois e não satisfeito com tudo isso, ao passar pela sua vítima, o pisou ostensivamente no pé direito;
— A validação incrível do 3.º tento dos germânicos após evidentíssimo empurrão pelas costas de Balack sobre Paulo Ferreira.
— A passividade da equipa de arbitragem perante a excessiva dureza dos nossos adversários, da qual o nosso João Moutinho não guarda boas recordações;
— Etc., etc., etc.
Quer queiram quer não, apenas e só a linguagem dos números justificam a vitória alemã, mas cuidado porque tal só aconteceu porque marcaram três golos, um deles ilegal mas que valeu, e os portugueses fizeram também eles três, todos legais, mas só valeram dois.
Mas a linguagem dos números sobre este encontro tem algo mais que se lhe diga. Se os alemães fossem mais cedo para casa, eles que são vizinhos ali à porta, já imaginaram o que se perderia em termos de receita nos jogos bem como os milhares de barris de cerveja que se deixaria de vender???
Insinuações? Para bom entendedor, mais palavras para quê?

Segundo Gilberto Madaíl, Presidente da FPF, «o ciclo de Scolari já estava esgotado antes do Euro», tendo também confessado que desenvolvera contactos vários tendentes a angariar fundos que pudessem demover o “Sargentão” para não deixar o comando da equipa de todos nós, mas a milionária oferta do Chelsea foi inatingível.
E como disse, algures, a Cristiano Ronaldo, há oportunidades na vida que não acontecem duas vezes, Scolari foi coerente com a sua forma de pensar, a proposta do Chelsea poderá não ter uma segunda vez e ele agarrou-a à primeira.
Só que em Inglaterra o patrão dos “blues” poderá não ter a paciência que teve Gilberto Madaíl em aturá-lo tantos anos…