sexta-feira, 28 de março de 2008

Igor Pita destaca-se na Selecção Nacional Sub-19



Diamante alvi-negro

Igor Pita foi um dos jogadores em destaque na Selecção Nacional de Sub-19, que venceu recentemente o Torneio Internacional do Porto. O jovem central marcou na goleada de Portugal à Roménia (7-1) e demonstrou, uma vez mais, aos responsáveis do Nacional que têm em mãos um verdadeiro diamante por lapidar.

Roberto Paulo Pereira

É uma das grandes revelações do Nacional esta temporada. Aos dezoito anos, o jovem central dos alvi-negros está a realizar uma temporada deveras auspiciosa, sobretudo ao serviço da Selecção Nacional de Sub-19, demonstrando potencialidades para, a breve trecho, afirmar-se como um sério talento resultante do sector de formação nacionalista.

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Marítimo joga esta noite cartada decisiva em Guimarães



As finais foram feitas…
para se ganhar


Gonçalo Vasconcelos

Já dizia José Mourinho que as finais foram feitas… para se ganhar. Uma máxima que se deve aplicar ao Marítimo no jogo desta noite, no reduto do “grande” V. Guimarães. Os madeirenses têm mesmo pela frente uma verdadeira final, praticamente decisiva na luta pelos lugares europeus, a sete jornadas do termo da Liga. Lazaroni conta com os regressos de Bruno Fogaça, Kanu e Wênio, este ausente da convocatória há algum tempo.

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Magno Rodrigues deixou o Porto da Cruz




«Fiz história no clube»

Depois de oito épocas consecutivas, primeiro como jogador, depois como treinador, Magno Rodrigues abandonou o Porto da Cruz. Na hora da saída, o técnico desdobrou-se em elogios à direcção e ao clube. Relativamente aos críticos, apenas uma constatação: «fiz história no clube».

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Eugénio Baptista critica novo modelo de apoio autárquico



Sentimento de injustiça

O Presidente da AD Porto da Cruz, Eugénio Baptista, critica o novo modelo de apoio da Autarquia, que representou na prática um corte de 1/3 do orçamento anual do clube, e exige maior atenção para o trabalho desenvolvido na formação.

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Henrique Teixeira salienta qualidades do União


Surpresa? Nem por isso!

O treinador salienta que o terceiro lugar «está de acordo com aquela que tem sido a prestação» do União, daí que não esteja nada surpreendido. Ainda assim, considera os azul-amarelos «candidatos a trabalhar cada dia melhor» e que «a pressão está do lado dos adversários».

Roberto Paulo Pereira

É, porventura, a grande revelação da prova. Há seis jogos consecutivos sem perder — quatro vitórias e três empates —, o União tem vindo a subir, jornada após jornada, na tabela classificativa, ocupando um excelente terceiro lugar, com 22 pontos. Uma ascensão classificativa a que não está alheia o bom início de segunda volta, onde conseguiu amealhar dez pontos em doze possíveis. Surpresa? Nem por isso!

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Futebol Regional — Quatro primeiros jogam entre si




Puxar das calculadoras

A jornada deste fim-de-semana pode mudar tudo na luta pelo título e representa a última oportunidade de Santacruzense e Porto Moniz.

Cirilo Borges

Após uma semana de interregno, que certamente muitas equipas aproveitaram para carregar-se de energias (e calorias), a I Divisão está de volta para o seu último terço e com uma jornada que promete colocar “toda a gente” de calculadora na mão. Os quatro primeiros classificados vão jogar entre si, pelo que estão garantidas alterações na luta pelo título, mesmo que todos empatem, situação que naturalmente beneficiará o Canicense.

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Futsal: Marítimo quer ser campeão já e 1.º de Maio manter fé no título


Matemática comanda o sonho

As duas melhores equipas do campeonato decidirão se, a três jornadas do fim, a dúvida que restará será quem desce de divisão.

Cirilo Borges

O Marítimo poderá sagrar-se campeão se vencer nesta jornada o 1.º de Maio. Tratam-se dos dois primeiros classificados do campeonato, com os verde-rubros a levarem uma vantagem de 7 pontos, que poderão transformar-se em 10, diferença inultrapassável quando ficarem apenas três jornadas por disputar. No entanto, se há equipa que poderá (voltar a) surpreender o líder é o 1.º de Maio, que na primeira volta goleou-o por 5-1. Uma proeza que, a repetir, reduzirá a desvantagem para 4 pontos, ficando 9 por disputar.

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Campeonato de Portugal de Karting




Juventude é ambição

Quatro jovens madeirenses iniciam este fim-de-semana a sua incursão nas velozes pistas nacionais, alimentados pela paixão pela modalidade e partilhada com os pais.

Cirilo Borges

Começa este fim-de-semana, em Braga, o Campeonato de Portugal de Karting. Ao longo de cinco etapas, dezenas de jovens pilotos vão mostrar o seu valor e entre eles contam-se quatro madeirenses, João Bazenga, nos juvenis, Pedro Paixão e Francisco Abreu, ambos na categoria KF3, e Filipe Carvalho, na KF2.

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União, com nove madeirenses, é o único candidato



Valha-nos isso!

Numa segunda fase muito criticada pelos responsáveis dos clubes madeirenses, o União é, entre as cinco equipas madeirenses apuradas para a fase dos primeiros, o único com possibilidades de lutar pela Liga de Honra e, contrariamente ao sucedido há algumas épocas atrás, com muitos madeirenses no plantel. Valha-nos isso!

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Carlos Pires e a atitude para o “Play-Off”




Nada a perder

O treinador da Porto Santo SAD quer jogar com o favoritismo da Oliveirense para surpreendê-la. Embora a meta para esta época esteja alcançada, a equipa quer superar as expectativas iniciais.

Cirilo Borges

A Porto Santo SAD inicia amanhã, em Oliveira de Azeméis, a primeira eliminatória do “Play-Off” da I Divisão Nacional. A classificação final da fase regular do campeonato determinou a Oliveirense, que terminou no último degrau do pódio, como o adversário dos porto-santenses, sextos na mesma tabela.

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Bilhar – I Divisão



São José, Juventude de Gaula, Horários e Azinhaga
promovem agitação na segunda metade da tabela


Ao impor um empate, mesmo nas barbas do comandante, o São José protagonizou o destaque bilharísitico da décima sexta jornada, e, ao mesmo tempo que interrompe uma bonita sequência de catorze triunfos consecutivos ao Canicense, entra, quase de rompante, na zona da tranquilidade, relegando para águas menos calmas o até aqui tranquilo Sporting. Outro destaque desta ronda vai para o triunfo dos aflitinhos rodoviários sobre o ainda campeão 1.º de Maio, resultado que lhes permitiu igualar na tabela a equipa do Carvalheiro e formando, juntamente com o Juventude de Gaula, um trio de perseguidores ao posto que o Sporting ocupa na classificação. O Azinhaga, ao receber e vencer a Camacha por 9-7, no tal jogo que servia de tira teimas entre as duas formações para desempate do jogo da primeira volta, também merece honras de destaque nesta jornada, assim como o Juventude de Gaula que recebeu e venceu o Sporting também por idêntico resultado, depois de terem beneficiado duma vantagem inicial de 7-0. Curiosa e inesperada a resistência dos ribeirabravenses do São João frente ao Caramanchão, numa partida que teve desfecho igual às anteriores, sorrindo o triunfo ao conjunto machiqueiro. Feitas as contas após a conclusão da jornada, só a equipa da Camacha saiu penalizada na sua tentativa de manter o terceiro posto da geral, posição que é agora ocupada pela turma da cidade de Tristão Vaz Teixeira, fielmente seguida pela formação porto-santense, caindo os camacheiros para a quinta posição. Mais abaixo, mais propriamente sete pontos mais abaixo, surge um trio constituído por 1.º de Maio, Arco da Calheta e Azinhaga, todos com trinta e um pontos, seguidos dos carpinteiros com trinta.

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Paulo Fidalgo e a eliminatória frente ao Benfica



Tornar a época fantástica

O treinador da Madeira SAD quer transformar uma temporada algo sensaborona em algo memorável mas, para isso, terá de vencer duas vezes um dos principais candidatos ao título.

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Opinião — JM Silva






A Gargalhada Final


«Será feito tudo como estava previsto, para podermos, como habitualmente, dar a gargalhada final na cara dos tontos domésticos» — Alberto João Jardim em “Jornal da Madeira”.

A propósito do recente parecer do prof. Marcelo Rebelo de Sousa que dá razão ao Governo Regional da Madeira na questão de doar ao Marítimo o Estádio dos Barreiros, o Dr. Alberto João Jardim, de férias pascais em Porto Santo, interpelado um dia destes sobre tal parecer disse ao JM: «Será feito tudo como estava previsto, para podermos, como habitualmente, dar a gargalhada final na cara dos tontos domésticos.» As múltiplas primaveras que já ultrapassámos na vida tiveram o condão de trazer-nos ensinamentos vários que nos ajudam sobremaneira a ver as coisas pelos mais variados prismas, aguardando com serenidade para que elas se resolvam com o tempo necessário para que o desfecho desta ou daquela situação fique devidamente esclarecido, enterrando-se por fim todas as dúvidas. Sabemos por experiência própria que quem faz muitas ameaças, por norma, não costuma cumprir nenhuma, sobretudo quando tais ameaças não fazem qualquer sentido, mas também sabemos que, para as pessoas de bem, promessas são dívidas e como tal tudo fazem para que as possam cumprir. É esse o grande sentir da enorme família que nasceu, cresceu e vive em redor do Velho Campeão de Portugal que de há algum tempo a esta parte vem dando mostras de um certo cansaço por verificarem os constantes atropelos de quantos invejam e odeiam o seu glorioso clube, só porque ele foi capaz de progressivamente ir alcançando vitórias atrás de vitórias que o guindaram ao estatuto de Maior Clube das Ilhas. As recentes palavras do Presidente do Governo Regional sobre a velha aspiração maritimista de ter o seu Estádio próprio teve o condão de proporcionar a essa grande família uma injecção de tranquilidade, aguardando agora mais serenamente pela sua «gargalhada final» para como habitualmente o fazer «na cara dos tontos domésticos». Somos de opinião que todo e qualquer indivíduo não deve opinar sobre matéria estranha à sua actividade, no entanto, sempre nos causou uma certa estranheza a “estória” da cedência do antigo Campo dos Barreiros à então Junta Geral do Distrito do Funchal. “Estória” que nos pareceu algo como uma mera exposição romanceada de factos puramente imaginários, distintos da verdadeira história, essa sim baseada em documentos ou testemunhos. Algo parecido com um conto, uma novela ou uma fábula, cujos contornos desconhecemos mas sobre os quais se terá porventura debruçado o professor Marcelo Rebelo de Sousa para concluir da razão que assiste ao Governo Regional de doar ao Marítimo o Estádio dos Barreiros, este sim uma obra da Junta Geral do Distrito do Funchal, que nada teve a ver com os antigos e incumpridores donos do… Campo dos Barreiros. Incapazes de assumirem as cláusulas do contrato bancário assumido, tais proprietários encontraram a sua tábua de salvação na há muito extinta Junta Geral, que por sua vez terá negociado com a Banca a dívida em questão. Perante esta realidade a questão que se coloca é pertinente: — Estariam então os tais proprietários-incumpridores em situação de fazerem quaisquer exigências a quem lhes retirou a água do capote? É essa a nossa grande dúvida, qual certeza, que a seu tempo, esse velho-mestre, se encarregará de nos esclarecer, porque sinceramente também gostaríamos de ser dos últimos a poder rir, após o desfecho desta situação. Centenário. O CS Marítimo começa desde já a preparar os festejos que assinalarão essa data histórica que acontecerá a 20 de Setembro de 2010. Nessa data, cem anos após o 1910, «No Funchal é fundado um Clube que ainda hoje dá pelo nome de Clube Sport Marítimo. Só 15 dias depois acontecerá a implantação da República. Mas as duas equipas de futebol, que estão na origem deste Marítimo, já ostentam faixas com as cores do pavilhão republicano — o vermelho e o verde. Colocadas sobre as camisolas brancas que ambas as formações usam, essas faixas não são apenas uma forma de distinção entre os jogadores. Simbolizam, antes de mais, as aspirações da classe dos marítimos pelo advento do novo regime. E a crença da sua instauração resultará Progresso e Bem-Estar. Este Clube, como todos os outros que se formarão até final da segunda década do século XX, também fundou as suas raízes nas movimentações desportivas que os ingleses — residente e turistas — vinham semeando na Ilha desde o último quartel do século XIX. Mas a história da constituição do Marítimo não se faz na dependência dos ingleses ou com a sua colaboração. Pelo contrário inscreve-se na afirmação independente da classe marítima. Como se fosse um grito de liberdade, um corte de amarras. Uma bandeira de orgulho madeirense.» Do livro “ A História do CS Marítimo — 1910/2000” Corte de amarras que voltaria a acontecer anos mais tarde quando sozinho, lutando contra tudo e contra todos, deu o salto definitivo para o futebol nacional e posteriormente noutras modalidades, quando de há muito já havia conquistado o estatuto de Melhor das Ilhas, para lenta mas progressivamente se afirmar como um dos Maiores de Portugal. Lutando por uma verdadeira autonomia para não depender dos subsídios advindos do erário público, o CS Marítimo tem vindo a crescer nos últimos anos no que concerne a novas e modelares infra-estruturas desportivas e não só, graças à superior visão dum elenco desportivo liderado por José Carlos Rodrigues Pereira, que natural e legitimamente anseiam pela cereja no topo do bolo que acontecerá no dia em que verificarem ser uma realidade o seu próprio Estádio de Futebol. Dirigentes que, em sintonia com a sua família de associados e adeptos, sentem que o tempo começa a escassear para que a tempo e horas possam ver no culminar dos festejos do seu Centenário incluída a inauguração do seu sonho de longa data. Um sonho que outros, se calhar com menos legitimidade já viram concretizado, sem quaisquer entraves advindos da parte das gentes verde-rubras, o que não se verifica agora em relação ao Clube do seu credo, aquele mesmo Clube cujo nascimento se inscreveu «…na afirmação independente da classe marítima. Como se fosse um gesto de liberdade, um corte de amarras. Uma bandeira de orgulho madeirense». Entendemos as razões que assistem ao Governo Regional em não querer dar um passo mais longo que a perna na sua intenção de doar o Estádio dos Barreiros ao Marítimo, para que quando as obras arrancarem não venham a sofrer qualquer interrupção. A grande família maritimista confia na pessoa de bem que há três décadas consecutivas dirige os destinos da sua terra e sabe que «será feito tudo como estava previsto, para podermos, como habitualmente, dar a gargalhada final na cara dos tontos domésticos». Pode acreditar piamente o Dr. Alberto João Jardim que uma «gargalhada» dessas nunca foi tão ansiada

Opinião — Manuel Sérgio





“Os Senhores do Futebol”

— um livro de Paulo Catarro


O livro "Os Senhores do Futebol" é escrito, com o rigor do historiador, num estilo agradável, coloquial, que provoca simpatia imediata. Reside, aqui, se não laboro em erro grave, o segredo da sua eterna juventude.


Paulo Catarro é, hoje, um dos mais prestigiados jornalistas portugueses que se ocupam, profissionalmente, do desporto. Desta feita, no entanto, quero saudá-lo como escritor, pois que vem de publicar um livro que dificilmente envelhecerá, intitulado "Os Senhores do Futebol – nos bastidores do desporto rei" (A Esfera dos Livros, Lisboa, 2008). É que este livro reflecte, com fidelidade, uma época do futebol português, precisamente aquela em que Jorge Nuno Pinto da Costa, Valentim Loureiro, Luís Filipe Vieira, Filipe Soares Franco, Gilberto Madaíl, Hermínio Loureiro, Pinto de Sousa, Joaquim Oliveira e poucos mais governaram, de facto, o nosso desporto-rei. A que deve um livro o privilégio de sobreviver a si próprio? Sem dúvida, ao talento do seu autor – o talento que Paulo Catarro vem dissipando prodigamente pelo jornalismo e agora por um livro de índole histórica, concretizando, com elegância, o que aprendeu, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde se licenciou em História. Mas o talento não explica tudo. Escritores há que se sacrificam em demasia às modas do seu tempo e, prisioneiros da época em que viveram, morrem fatalmente com ela. Outros há, no entanto, que criam (ou retratam) tipos e caracteres susceptíveis de merecer uma compreensão generalizada, hoje, amanhã e sempre. Está, nesta plêiade, Paulo Catarro. O livro "Os Senhores do Futebol" é escrito, com o rigor do historiador, num estilo agradável, coloquial, que provoca simpatia imediata. Reside, aqui, se não laboro em erro grave, o segredo da sua eterna juventude. O seu autor, com 44 anos de idade e 22 anos de jornalismo, em permanente contacto com os mais influentes dirigentes do futebol português (como a televisão, onde trabalha, no-lo mostra, sem margem para dúvidas), tem as condições ideais para testemunhar o que distingue e condiciona o dirigismo do nosso futebol.
Não, não se trata de um escritor atrevido, picado da tarântula literária; também não escreve de cátedra. Num estilo simples, faz passar por nós um friso opulento de pessoas que, ou resumem as aspirações dos seus clubes e tentam assegurar o seu prestígio, ou são a voz e a bandeira do futebol nacional, no seu conjunto. O objectivo deste livro, segundo o seu autor, procura responder às questões seguintes: «Quem são (no futebol, evidentemente) os Homens Fortes? Quem são aqueles que moldaram as faces do futebol português, tal como hoje o conhecemos? Como chegaram aos cargos de poder que exercem? O que construíram, ao longo da carreira de dirigentes desportivos? Como exercem o Poder?» E acrescenta: «Poderiam estar aqui mais uns ou outros protagonistas. Mas estes foram contudo, na minha opinião, os que marcaram – para o bem e para o mal – o futebol português, nas duas últimas décadas.» Adelino Caldeira, vice-presidente do FC Porto e administrador da Sociedade Anónima Desportiva, que gere o futebol dos dragões, é o primeiro da ordem alfabética em que o livro se desenrola. E surge, nesta obra, com espírito crítico e frases lapidares, para além de uma sólida amizade pelo presidente do seu Clube. Emitiu, em tom solene, a opinião seguinte: «O futebol é o sector português da actividade económica mais competitivo a nível europeu e mundial. O Estado, independentemente da cor política do Governo, tem de tomar uma opção estratégica: o futebol serve para realçar o nome do país e atrair investidores? Ou pelo contrário o futebol não tem interesse nenhum para Portugal? Quando se fizer esta opção, tem de se assumir as responsabilidades e consequências. Se optarmos pela primeira possibilidade, não pode manter-se uma situação fiscal que obriga os jogadores a pagar 42% do IRS mais 11% de Segurança Social, quando em Espanha os estrangeiros, nos primeiros três anos, só pagam 25% da taxa liberatória. Não podem continuar as exigências da Lei das Finanças Locais que impede, na prática, de existir qualquer apoio significativo, por parte das autarquias. Se optarmos pela segunda hipótese, ficaremos todos, os cidadãos portugueses, a ter a perfeita noção de que o futebol não interessa nada ao país.»
Adelino Caldeira surge, diante dos leitores, como um dirigente sabedor e sensato. Andreia Couto, directora executiva da Liga de Clubes de Futebol Profissional, jurista como Adelino Caldeira, parece pessoa diligente, inteligente e de grande serenidade. O prestígio das instituições deve-se quase sempre ao zelo dos que as servem, encarnando o seu espírito, assegurando a sua unidade, definindo as suas funções. Com Andreia Couto a Liga de Clubes de Futebol Profissional encontrou uma directora de boa estatura mental e moral. Está de parabéns Hermínio Loureiro, «um homem do basquetebol», como a si mesmo se designou, e é hoje o presidente da direcção da Liga de Clubes de Futebol Profissional e que, diz Paulo Catarro, «tem como uma das principais missões, e talvez a mais espinhosa, transformar a mentalidade dos dirigentes do futebol nacional» (p. 149). Oxalá o consiga, para que os nossos dirigentes, nas contas que prestam aos sócios e à sociedade, assinalem, não só os resultados financeiros, mas também os ganhos e o crédito no futuro.

Opinião — Gustavo Pires







Comité Olímpico Internacional
— Tempos de Mudança

De uma posição que acefalamente defendia que o Olimpismo nada tinha a ver com a política, o COI passou para uma posição em que, inteligentemente, o Olimpismo é considerado como um catalisador de mudança.


A pergunta é: Um país que condena um dissidente – Yang Chunlin – a cinco anos de cadeia por subversão, simplesmente por ter dito que «a China precisa de respeito pelos Direitos Humanos em vez de Jogos Olímpicos», pode organizar os Jogos Olímpicos?
A nossa resposta é afirmativa na medida em que consideramos que, tal como afirmou o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge (comunicado COI, 23/3/08), o Olimpismo é um catalisador de mudança, que contribuirá para uma maior responsabilização da China pelos Direitos Humanos. De facto, se assim não for, o Olimpismo através dos Jogos Olímpicos não passa de uma máquina de fazer dinheiro sem qualquer sentido social.
O Olimpismo só pode ser um factor de mudança em regimes de ditadura, se os Jogos proporcionarem a oportunidade aos governos, ONG, mídia, atletas, treinadores e dirigentes, bem como a todos os cidadãos por esse mundo fora, a possibilidade de, sempre que for caso disso, manifestarem civilizadamente o seu descontentamento.
E foi o que militantes da Associação Repórteres Sem Fronteiras (RSF) fizeram ao perturbarem a cerimónia do acender da chama dos Jogos Olímpicos, que tradicionalmente se realiza em Olímpia na Grécia. Claro que o governo grego condenou o incidente em Olímpia, denunciando um acto que «não tem nenhuma relação com o espírito olímpico»! Claro que só não tem a ver na opinião deles, na medida em que o acto, que passou nas televisões de todo o Mundo, excepto na China, tem tudo a ver com o Olimpismo e já está a fazer com que a China amoleça a sua linha dura. Por exemplo, abriu o acesso ao site da BBC (26/3/08).
E Jacques Rogge a este respeito foi claro: «Acreditamos que a China mudará abrindo-se ao escrutínio do mundo através dos 25000 representantes dos mídia que assistirão aos Jogos.» E os governos dos países ocidentais até devem ajudar, ameaçando boicotar e, se necessário for, boicotando mesmo a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
Na realidade, o regime chinês só abrirá se for pressionado para o fazer, tal como o foi a Coreia do Sul através da pressão desencadeada pelos Jogos de Seul (1988).
A China mudará porque este tipo de protestos capta o interesse dos mídia e perturba sobretudo os regimes ditatoriais. As ditaduras não conseguem fechar-se eternamente sobre si próprias. Até a Coreia do Norte, mais dia, menos dia, terá de se abrir ao mundo.
Esta pressão que está a ser exercida sobre o Movimento Olímpico incomoda também todos aqueles que colocaram o Olimpismo e os Jogos Olímpicos dentro de uma redoma e, à custa de tudo e todos, querem-nos preservar de quaisquer contactos com os “malefícios” da política que corrói o mundo e os homens. O problema é que estes arautos dos bons costumes, depois, como se viu em 2000 com os escândalos de corrupção que envolveram o COI, são os primeiros a prevaricar. É por estas e por outras que o Movimento Olímpico não pode estar completamente alheado das questões que envolvem a Humanidade ao ponto de alguns senhores dirigentes afirmarem solenemente que «o desporto nada tem a ver com a política». O que o Olimpismo nada tem a ver é com a podridão que grassa no interior de alguns comités olímpicos por esse mundo fora.
Por isso, as recentes palavras do presidente Jacques Rogge (23/3/08) são uma lição e uma esperança: «o COI respeita as ONG e os grupos activistas e as suas causas, e dialoga frequentemente com eles.» E Jacques Rogge vai mais longe quando afirma que: muito embora o Olimpismo não deva ser «uma panaceia para todos os males», contudo, ele é «um catalisador de mudança». Em consequência, entendemos que o comunicado de 23/3/08, emitido por Jacques Rogge, ficará para a história do Olimpismo na medida em que representa uma mudança radical relativamente à posição tradicional do COI acerca das questões políticas. De uma posição que acefalamente defendia que o Olimpismo nada tinha a ver com a política, o COI passou para uma posição em que, inteligentemente, o Olimpismo é considerado como um catalisador de mudança. Quer dizer, Jacques Rogge decidiu que o COI deixava de andar a reboque das mais variadas pressões políticas, para passar e bem a ter uma atitude proactiva, assumindo-se como catalisador das grandes transformações sociais de que a humanidade anseia.
Entretanto, Robert Manard disse à agência France Presse que a RSF: «irá protagonizar acções como esta até ao dia 8 de Agosto», data da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Até porque a RSF não preconiza o boicote aos Jogos Olímpicos, mas simplesmente um boicote dos dirigentes mundiais à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Ainda bem, na medida em que o regime chinês tal como outras ditaduras só mudará se for pressionado por fora.
Não vão ser fáceis os próximos meses para o Movimento Olímpico Internacional. Mas vão ser certamente aliciantes, sobretudo agora que Jacques Rogge, o seu principal representante, assumiu com peso, conta e medida, mas também com realismo, que o Olimpismo é um catalisador de mudança social e como tal «o COI continuará a respeitar causa dos Direitos Humanos», que foi uma das razões da escolha de Beijing para organizar os Jogos da XXIX Olimpíada.
Queremos acreditar que Jacques Rogge está a protagonizar tempos de mudança. E o COI, através do Movimento Olímpico, a assumir a sua missão no mundo, missão essa que vai bem mais longe do que a do Movimento Desportivo, muito embora muitos dirigentes desportivos, “vidrados” pelas mordomias que o dirigismo desportivo lhes proporciona, tenham alguma dificuldade em percebê-lo.