sexta-feira, 14 de março de 2008
Nacional em Alvalade para contrariar estatística
Lembram-se do 4-2?
Em oito jogos disputados no reino do Leão, o Nacional apenas venceu um e perdeu sete. Como só se devem seguir os bons exemplos, que os alvi-negros tenham presente a goleada imposta ao Sporting, por 4-2, na época 04/05.
Roberto Paulo Pereira
Não há "feito" que não se repita! Pelo menos é com esta esperança que o Nacional se desloca ao Estádio Alvalade XXI, na próxima segunda-feira, para defrontar o Sporting. Embora sabendo que a estatística das visitas ao reino do leão não é favorável, na memória dos alvi-negros continua bem presente a celebre vitória, por 4-2, alcançada na época 04/05.
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Canicense sereno aproveita irregularidade alheia
Cruzado valorizado
Andorinha e Porto Moniz deixaram campeão puxar dos galões e aumentar a vantagem para 4 pontos. Santacruzense joga sua última chance no reduto do vizinho.
Cirilo Borges
O futebol é mesmo assim: quando menos se espera, tudo se altera. Até nem foi muito o caso, porque as equipas mantiveram-se praticamente todas nas suas posições, mas registaram-se alterações pontuais importantes na jornada transacta.
O Canicense tirou partido da sua maior experiência e, como lhe competia, venceu nos Prazeres e tirou partido dos deslizes dos seus concorrentes mais directos, ambos derrotados mais ou menos de forma surpreendente. Contas feitas, o bi-campeão regional reforçou a sua liderança e sacudiu a pressão para cima da oposição, quiçá agora mais preocupada com a posição de “vice”.
O Canicense tirou partido da sua maior experiência e, como lhe competia, venceu nos Prazeres e tirou partido dos deslizes dos seus concorrentes mais directos, ambos derrotados mais ou menos de forma surpreendente. Contas feitas, o bi-campeão regional reforçou a sua liderança e sacudiu a pressão para cima da oposição, quiçá agora mais preocupada com a posição de “vice”.
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Marítimo sagra-se bi-Campeão Regional de juvenis
Trabalho e muito mérito
O Marítimo venceu o Nacional, por 2-1, e, a uma jornada do final do campeonato, revalidou o título de juvenis. O treinador dos verde-rubros, Nelson Jardim, salienta a justiça da conquista face «ao desempenho da equipa ao longo da época».
Roberto Paulo Pereira
E o sucessor do Marítimo é… o Marítimo! A uma jornada do final do Regional de Juvenis, ficaram dissipadas todas as dúvidas em relação ao campeão. O Marítimo dependia apenas de si próprio para conquistar o título e os jovens verde-rubros não claudicaram, vencendo o Nacional, por 2-1, sagrando-se bi-campeão regional da categoria.
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União festejou título de juniores com um pensamento
Regressar aos "nacionais"
Depois de se ter sagrado Campeão Regional de juniores, o União vira agora as suas atenções para a fase "nacional", onde tentará garantir o regresso à I Divisão Nacional da categoria. O treinador dos azul-amarelos, Nuno Naré, mostra-se confiante na obtenção desse desiderato.
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XIX Ronda dos Castanheiros
Adrenalina a baixa velocidade
A iniciativa do Estreito promete muita emoção e contacto com a Natureza. O prato forte, como sempre, será servido no Cabo Girão.
Cirilo Borges
Vai para a “estrada” este fim-de-semana a décima-nona edição da Ronda dos Castanheiros. A iniciativa do Estreito não é apenas a mais conceituada e antiga da Região como uma das mais prestigiadas do país. Ao longo destes quase vinte anos, a organização soube sempre adaptar a iniciativas às novas exigências e dar resposta aos diferentes tipos de procura deste género de condução 4x4, seguindo sempre o lema “1º a natureza, 2º o Homem, 3º a Maquina”.
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Opinião — Duarte Afonso
Destino Madeira pelo Desporto
A criação de uma Federação Madeira poderá ser uma ferramenta importante? Inequivocamente, para além do campo desportivo, dará mais e melhor visibilidade à nossa terra.
Como simples espectador, não tenho dúvidas em afirmar que muito se tem feito pelo desporto regional, e, até certo ponto, pela divulgação do Destino Madeira através do desporto, quer através das participações, dos desportistas e equipas, nos campeonatos nacionais bem como nas provas internacionais.
Sem saber qual será o desfecho da discussão em torno da “Federação Madeira”, posso, no entanto, afirmar que se trata de um tema extremamente interessante para todos os que julguem poder contribuir com algum valor acrescentado, por exemplo, opinando acerca da questão da promoção do Destino Madeira através do Desporto.
Não sendo nenhum especialista nem estando a par dos contornos estruturais da proposta do Dr. Miguel de Sousa para a criação da Federação Madeira, não podia estar mais de acordo, porque sinto que algo mais é preciso ser feito.
Julgo que está na altura de se dar o salto, e parece-me também que podíamos ir um pouco mais além em termos de proporcionar ao Governo as contrapartidas devidas, relativamente aos investimentos que faz nos desportistas e nas equipas.
Ou seja, em termos gerais, parece-me que foram criadas as bases, quer estruturais quer humanas para podermos garantir o contínuo desenvolvimento do desporto na região e, por isso, agora é preciso subir a fasquia. É preciso aproveitar o que já foi feito no sentido de conseguirmos melhores resultados na divulgação do Destino Madeira, o que por sua vez poderá/deverá ter como reflexo o aumento da procura turística da nossa região.
O turismo é, como bem sabemos, uma das nossas das principais fontes de riqueza, para não dizer de sobrevivência. Assim, este sector pode e deve ser potenciado por todos nós, através, por exemplo, do acolhimento que damos aos turistas, e pelo desporto em particular, não só por ser uma área de grande investimento (quer devido à componente da educação e formação dos cidadãos), mas também como forma directa de divulgação do Destino Madeira.
Não basta ter o nome “Madeira” escrito nas camisolas!
A criação de uma Federação Madeira poderá ser uma ferramenta importante? Inequivocamente, para além do campo desportivo, dará mais e melhor visibilidade à nossa terra.
Que deverá haver uma acção conjunta e estrategicamente bem delineada entre diferentes organismos regionais tais como o Turismo e a futura ou actual “Federação”, nas acções desenvolvidas por ambos? Sem dúvida que sim!
Que temos de aproveitar as participações desportivas internacionais para, paralelamente, promover o nosso destino, através de brochuras, RP`s, eventos, etc? Com certeza que sim e nesta área parece-me que muito se pode fazer sem muitos mais custos.
Não tenho dúvidas de que é preciso muito mais, e também não tenho dúvidas que não vou apresentar hoje aqui a solução. Somente aproveito esta oportunidade que O DESPORTO Madeira me proporcionou para levantar o tema e o colocar em discussão, pois parece-me um pilar importante para o nosso futuro como Destino turístico.
Sem saber qual será o desfecho da discussão em torno da “Federação Madeira”, posso, no entanto, afirmar que se trata de um tema extremamente interessante para todos os que julguem poder contribuir com algum valor acrescentado, por exemplo, opinando acerca da questão da promoção do Destino Madeira através do Desporto.
Não sendo nenhum especialista nem estando a par dos contornos estruturais da proposta do Dr. Miguel de Sousa para a criação da Federação Madeira, não podia estar mais de acordo, porque sinto que algo mais é preciso ser feito.
Julgo que está na altura de se dar o salto, e parece-me também que podíamos ir um pouco mais além em termos de proporcionar ao Governo as contrapartidas devidas, relativamente aos investimentos que faz nos desportistas e nas equipas.
Ou seja, em termos gerais, parece-me que foram criadas as bases, quer estruturais quer humanas para podermos garantir o contínuo desenvolvimento do desporto na região e, por isso, agora é preciso subir a fasquia. É preciso aproveitar o que já foi feito no sentido de conseguirmos melhores resultados na divulgação do Destino Madeira, o que por sua vez poderá/deverá ter como reflexo o aumento da procura turística da nossa região.
O turismo é, como bem sabemos, uma das nossas das principais fontes de riqueza, para não dizer de sobrevivência. Assim, este sector pode e deve ser potenciado por todos nós, através, por exemplo, do acolhimento que damos aos turistas, e pelo desporto em particular, não só por ser uma área de grande investimento (quer devido à componente da educação e formação dos cidadãos), mas também como forma directa de divulgação do Destino Madeira.
Não basta ter o nome “Madeira” escrito nas camisolas!
A criação de uma Federação Madeira poderá ser uma ferramenta importante? Inequivocamente, para além do campo desportivo, dará mais e melhor visibilidade à nossa terra.
Que deverá haver uma acção conjunta e estrategicamente bem delineada entre diferentes organismos regionais tais como o Turismo e a futura ou actual “Federação”, nas acções desenvolvidas por ambos? Sem dúvida que sim!
Que temos de aproveitar as participações desportivas internacionais para, paralelamente, promover o nosso destino, através de brochuras, RP`s, eventos, etc? Com certeza que sim e nesta área parece-me que muito se pode fazer sem muitos mais custos.
Não tenho dúvidas de que é preciso muito mais, e também não tenho dúvidas que não vou apresentar hoje aqui a solução. Somente aproveito esta oportunidade que O DESPORTO Madeira me proporcionou para levantar o tema e o colocar em discussão, pois parece-me um pilar importante para o nosso futuro como Destino turístico.
Opinião — JM Silva
Vitória do bom senso
Ela aconteceu algures quando a UEFA exigia a total remodelação do Estádio dos Barreiros em moldes tais que o Governo Regional os rejeitou. Agora está de novo em jogo o futuro dessa infra-estrutura desportiva. Então, prevaleceu o bom senso. E agora?
Gustavo Pires, ilustríssimo colunista do nosso Semanário Desportivo, em recente edição e debruçando-se sobre o Euro 2004 que se realizou em Portugal, escrevia: «…Temos dez Estádios de futebol às moscas, alguns deles a se degradarem a olhos visto, Câmaras Municipais completamente falidas e Clubes de futebol endividados de tal maneira que já não são senhores do seu futuro. Para além de tudo isso temos um futebol completamente desorganizado, debaixo das maiores suspeitas, sem qualquer viabilidade no que diz respeito ao futuro próximo.»
Salta à vista que assinamos por baixo esta constatação do insigne professor ao verificarmos por exemplo a quase total inutilização dum Estádio do Algarve, as confrangedoras assistências nos Municipais de Leiria e de Aveiro e o doloroso nu que apresentam as bancadas do Estádio do Restelo, entre outros, quando lá actuam as suas respectivas equipas.
Por tabela recuamos a uns cincos anos atrás, mais coisa menos coisa, altura em que tendo sido concedido a Portugal o privilégio de organizar o Euro 2004 em futebol, a Madeira esteve para ser incluída numa das zonas do certame, sendo que para tal o Estádio dos Barreiros teria que ser totalmente remodelado para que, entre outras exigências da UEFA, teria que passar a ter capacidade para albergar um número de espectadores, se não estamos em erro, entre trinta e quarenta mil.
Como político hábil e experiente que era e continua a sê-lo, e muito naturalmente em sintonia com os seus pares do Executivo Madeirense, o Dr. Alberto João Jardim declinou tal ideia depois de muito naturalmente ter equacionado todas as vantagens e desvantagens de ter na Região uma infra-estrutura desportiva de tamanha envergadura.
Primeiro porque após a passagem relâmpago do evento desportivo em causa pela Madeira, não existiria a mínima hipótese de lotá-la com pelo menos 10 a 15 por cento da sua capacidade até mesmo que os jogos a lá serem realizados fossem à porta aberta, depois pelos elevados custos porque ficaria a sua manutenção.
Na altura, recordamos, não faltaram os “bota-abaixo”, os do costume e, mais alguns, que não se abstiveram de opinar que a Região tinha perdido uma grande oportunidade de valorizar o seu património, na circunstância o desportivo, sem minimamente se debruçarem sobre os prós e os contra duma infra-estrutura de tamanha envergadura.
A talhe-de-foice, nem por um só instante se preocuparam em questionar sobre o futuro da pista de atletismo que ainda hoje existe no Estádio dos Barreiros, mas de há muito desactivada.
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…»
O tempo, esse velho mestre, encarregou-se de dar carradas de razão ao Dr. Alberto João Jardim, naquilo a que catalogamos como mais uma das suas múltiplas vitórias desde que abraçou a responsabilidade de governar a nossa Pérola do Atlântico, neste caso específico uma vitória do bom senso.
Ao invés tão sábia decisão acabou por revelar-se mais uma das múltiplas e rotundas derrotas para os seus detractores, os tais que consideravam ter a Madeira perdido a grande oportunidade de usufruir dum Estádio moderno, à maneira, como se diz na gíria.
Até teria sido fácil ao governante máximo da Região ter-se deixado embalar pelo cenário cor-de-rosa que lhe tentaram impingir, mas falou bem mais alto a razão em tê-lo declinado.
Hoje, o Estádio dos Barreiros, uma infra-estrutura desportiva já caduca, com a sua capacidade para um número razoável de espectadores, é dos poucos em Portugal que felizmente não está às moscas, sobretudo quando lá joga o Velho Campeão de Portugal…
Acontece que volvidos alguns anos, aquela que apesar de tudo é ainda considerada a sala de visitas do futebol madeirense se encontra envolvida em nova polémica cujo epicentro se situa no facto do Governo Regional ter decidido doá-la a quem, em seu entender, disso faz jus.
Aos detractores de então, porque alguns ainda existem, juntaram-se agora novos detractores que, cuspindo no prato que lhes mitigou a fome, descaradamente uns e encapuzados outros, tentam a todo o custo travar a decisão governativa de agora, embora no seu íntimo reconheçam a legitimidade da decisão, por algures terem também os seus clubes sido contemplados pela governação regional no que respeito diz às suas infra-estruturas desportivas, mas tão somente porque temem as consequências futuras de tal doação.
É esse o busílis da questão porque, nada tendo de burros, eles conhecem as capacidades do doado em desenvolver em torno daquele que será o seu novo Estádio, independentemente da vertente desportiva, as estruturas necessárias à sua subsistência futura sem a crónica dependência dos subsídios governamentais.
É fundamentalmente isso que os atormenta o que faz à sua volta uma incomensurável onde de ódio e de inveja por cada metro quadrado, bem visível à distância, contra o seu antigo rival. E a todo o custo tentam prejudicá-lo…
Abre-se assim um novo capítulo na vida do Estádio dos Barreiros, está de novo em jogo o seu futuro, cuja solução está de novo nas mãos do Dr. Alberto João Jardim e seus pares na governação regional que, em devido tempo, justificaram com razões jurídicas as razões da sua decisão de doar aquela infra-estrutura desportiva.
Uma decisão que acharam legítima mas que veio suscitar fortes resistências em alguns sectores da nossa sociedade, fundamentalmente naqueles que atrás referimos.
Dum lado da barricada encontram-se todos aqueles que, na sua grande maioria, por sentimentos mesquinhos se opõem à decisão governativa, do outro uma grande família já cansada de tantos entraves que sistematicamente têm sido colocados ao seu clube para concretizar o velho sonho de ter o seu próprio Estádio.
Uma grande família que, ao invés dos seus detractores, nunca colocou quaisquer entraves à concretização de idênticos anseios dos seus rivais.
Uma grande família que no fundo alimenta a grande esperança de que o bom senso que sempre tem norteado as decisões do Dr. Alberto João Jardim, seu ilustre familiar, volte a prevalecer e com ele a consumação dos seus desejos.
Nós, como é óbvio, também estamos confiantes, ou melhor… nunca deixámos de o estar.
Salta à vista que assinamos por baixo esta constatação do insigne professor ao verificarmos por exemplo a quase total inutilização dum Estádio do Algarve, as confrangedoras assistências nos Municipais de Leiria e de Aveiro e o doloroso nu que apresentam as bancadas do Estádio do Restelo, entre outros, quando lá actuam as suas respectivas equipas.
Por tabela recuamos a uns cincos anos atrás, mais coisa menos coisa, altura em que tendo sido concedido a Portugal o privilégio de organizar o Euro 2004 em futebol, a Madeira esteve para ser incluída numa das zonas do certame, sendo que para tal o Estádio dos Barreiros teria que ser totalmente remodelado para que, entre outras exigências da UEFA, teria que passar a ter capacidade para albergar um número de espectadores, se não estamos em erro, entre trinta e quarenta mil.
Como político hábil e experiente que era e continua a sê-lo, e muito naturalmente em sintonia com os seus pares do Executivo Madeirense, o Dr. Alberto João Jardim declinou tal ideia depois de muito naturalmente ter equacionado todas as vantagens e desvantagens de ter na Região uma infra-estrutura desportiva de tamanha envergadura.
Primeiro porque após a passagem relâmpago do evento desportivo em causa pela Madeira, não existiria a mínima hipótese de lotá-la com pelo menos 10 a 15 por cento da sua capacidade até mesmo que os jogos a lá serem realizados fossem à porta aberta, depois pelos elevados custos porque ficaria a sua manutenção.
Na altura, recordamos, não faltaram os “bota-abaixo”, os do costume e, mais alguns, que não se abstiveram de opinar que a Região tinha perdido uma grande oportunidade de valorizar o seu património, na circunstância o desportivo, sem minimamente se debruçarem sobre os prós e os contra duma infra-estrutura de tamanha envergadura.
A talhe-de-foice, nem por um só instante se preocuparam em questionar sobre o futuro da pista de atletismo que ainda hoje existe no Estádio dos Barreiros, mas de há muito desactivada.
«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades…»
O tempo, esse velho mestre, encarregou-se de dar carradas de razão ao Dr. Alberto João Jardim, naquilo a que catalogamos como mais uma das suas múltiplas vitórias desde que abraçou a responsabilidade de governar a nossa Pérola do Atlântico, neste caso específico uma vitória do bom senso.
Ao invés tão sábia decisão acabou por revelar-se mais uma das múltiplas e rotundas derrotas para os seus detractores, os tais que consideravam ter a Madeira perdido a grande oportunidade de usufruir dum Estádio moderno, à maneira, como se diz na gíria.
Até teria sido fácil ao governante máximo da Região ter-se deixado embalar pelo cenário cor-de-rosa que lhe tentaram impingir, mas falou bem mais alto a razão em tê-lo declinado.
Hoje, o Estádio dos Barreiros, uma infra-estrutura desportiva já caduca, com a sua capacidade para um número razoável de espectadores, é dos poucos em Portugal que felizmente não está às moscas, sobretudo quando lá joga o Velho Campeão de Portugal…
Acontece que volvidos alguns anos, aquela que apesar de tudo é ainda considerada a sala de visitas do futebol madeirense se encontra envolvida em nova polémica cujo epicentro se situa no facto do Governo Regional ter decidido doá-la a quem, em seu entender, disso faz jus.
Aos detractores de então, porque alguns ainda existem, juntaram-se agora novos detractores que, cuspindo no prato que lhes mitigou a fome, descaradamente uns e encapuzados outros, tentam a todo o custo travar a decisão governativa de agora, embora no seu íntimo reconheçam a legitimidade da decisão, por algures terem também os seus clubes sido contemplados pela governação regional no que respeito diz às suas infra-estruturas desportivas, mas tão somente porque temem as consequências futuras de tal doação.
É esse o busílis da questão porque, nada tendo de burros, eles conhecem as capacidades do doado em desenvolver em torno daquele que será o seu novo Estádio, independentemente da vertente desportiva, as estruturas necessárias à sua subsistência futura sem a crónica dependência dos subsídios governamentais.
É fundamentalmente isso que os atormenta o que faz à sua volta uma incomensurável onde de ódio e de inveja por cada metro quadrado, bem visível à distância, contra o seu antigo rival. E a todo o custo tentam prejudicá-lo…
Abre-se assim um novo capítulo na vida do Estádio dos Barreiros, está de novo em jogo o seu futuro, cuja solução está de novo nas mãos do Dr. Alberto João Jardim e seus pares na governação regional que, em devido tempo, justificaram com razões jurídicas as razões da sua decisão de doar aquela infra-estrutura desportiva.
Uma decisão que acharam legítima mas que veio suscitar fortes resistências em alguns sectores da nossa sociedade, fundamentalmente naqueles que atrás referimos.
Dum lado da barricada encontram-se todos aqueles que, na sua grande maioria, por sentimentos mesquinhos se opõem à decisão governativa, do outro uma grande família já cansada de tantos entraves que sistematicamente têm sido colocados ao seu clube para concretizar o velho sonho de ter o seu próprio Estádio.
Uma grande família que, ao invés dos seus detractores, nunca colocou quaisquer entraves à concretização de idênticos anseios dos seus rivais.
Uma grande família que no fundo alimenta a grande esperança de que o bom senso que sempre tem norteado as decisões do Dr. Alberto João Jardim, seu ilustre familiar, volte a prevalecer e com ele a consumação dos seus desejos.
Nós, como é óbvio, também estamos confiantes, ou melhor… nunca deixámos de o estar.
Opinião — Manuel Sérgio
Vítor Serpa, no “Salão Portugal”
Com o "Salão Portugal", nasceu um autêntico escritor. E com fidelidade a princípios, sem lhes sacrificar jamais a objectividade nos juízos. A concepção de dignidade humana está no centro da sua obra.
Na evocativa paisagem de Belém, embalada pelo Tejo e à sombra dos Jerónimos, nasceu o Clube de Futebol “Os Belenenses”: Não cabe nos estreitos limites deste artigo expor as imagens e os símbolos que nós, os lisboetas de Belém e da Ajuda, incorporávamos, quando gritávamos, nas Salésias ou no Restelo, o nosso belenensismo; quando, em conversa amena, ou ilustrando com fervor as nossas razões, fazíamos de Belém e da Ajuda uma visão inesquecível de que os nossos olhos não sabiam (não sabem) despedir-se. Com os meus quase setenta e cinco anos de idade, sempre em comunhão com “Os Belenenses”, poderia compor um album esplêndido de figuras que viam, no nosso Clube, um símbolo de momentos significativos da História de Portugal. Mas, para nós, filhos da zona ocidental de Lisboa, dizer “Belém!” não é só relembrar reis, guerreiros e descobridores, é sobre o mais sentir Portugal, o nosso Portugal, o que nos trouxe ao colo, nos abraçou, nos beijou e vive adormecido nas nossas pupilas e no nosso sangue. Do friso dos belenenses que eu conheci, foi de certo o Homero Serpa que melhor compreendeu e amou as freguesias de Belém e Ajuda. Em toda a sua obra literária, elas têm lugar de relevo. O Homero era um semeador de amizades. Por isso, quando escrevia sobre o espaço citadino onde viveu a sua juventude ninguém como ele a retratar a alma dos dias, nas suas ruas e sítios de poiso, de convívio, de radical honradez.
O livro que hoje tenho à minha frente intitula-se "Salão Portugal – Novos Contos da velha Lisboa" e foi editado, há poucos dias, por uma editora de prestígio, a Dom Quixote. O seu autor é o Vítor Serpa, filho do Homero Serpa. Jornalista e escritor como o pai, é pelo ADN um modelo de conviva espontâneo e complacente. E, pela mesma via, se tivermos em conta os "relicta membra" da sua produtividade literária, que emerge diariamente do jornal A Bola, um poder de simpatia, de comunicação vibrátil, de magistério socrático prodigioso. Há colaboradores da imprensa, dita desportiva, que parecendo conhecer Stendhal, Balzac, Tolstoi, Dostoievsky, Proust, Claudel e não sei quantos mais – resumem o desporto a clubismo doentio, frustrando a veia ensaística que a massa de leituras lhe prometeria rasgada. O desporto é o fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo. Falar ou escrever sobre o desporto deverá arrancar de uam ciência pós-normal, ou seja, onde a ciência é consciência também. Pressupõe, mais do que notoriedade, credibilidade. Vítor Serpa conserva inalterável, no seu jornal, a notoriedade que lhe advém da sua credibilidade, polida pela experiência e pelo estudo, como as pedras dos rios pelo cachoar da água. Ele é, indubitavelmente, um jornalista exemplar, com uma crença firme e funda em certos valores estáveis, superiores à flutuação das modas.
No seu livro "Salão Portugal", emergem vultos que eu também conheci. Nasci na freguesia da Ajuda e lá vivi até aos 41 anos de idade. Mas o que neste livro julgo dever salientar, para além da cultura literária admirável do seu autor, é que há nele menos o espectador do que o militante, onde a escrita não é “o vício impune” do diletante Valery Larbaud, mas um permanente enriquecimento interior, uma vontade imparável de subir dos factos aos valores. Vítor Serpa, com o seu primeiro livro de ficção, evade-se no cinema Salão Portugal e em tudo o que ele representava, nas velhas freguesias de Belém e Ajuda... que não morreram porque vivem nele e onde também viviam, há muito ou há pouco, os que deixaram de viver para os outros, mas continuam vivos para ele. Com o "Salão Portugal", nasceu um autêntico escritor. E com fidelidade a princípios, sem lhes sacrificar jamais a objectividade nos juízos. A concepção de dignidade humana está no centro da sua obra. Neste aspecto, continua a mensagem do seu pai – um “santo laico”, como nunca conheci igual. E sei, cada vez mais, que não conhecerei outro...
Mas hoje é dia de saudar o escritor Vítor Serpa; o seu padrinho literário, o poeta (grande entre os grandes) Manuel Alegre; e a Editora Dom Quixote. É dia de saudar (repito) o escritor Vítor Serpa de quem, no futuro, irá dizer-se, assim o espero, ser a expressão acabada de um dos primeiros ficcionistas portugueses.
O livro que hoje tenho à minha frente intitula-se "Salão Portugal – Novos Contos da velha Lisboa" e foi editado, há poucos dias, por uma editora de prestígio, a Dom Quixote. O seu autor é o Vítor Serpa, filho do Homero Serpa. Jornalista e escritor como o pai, é pelo ADN um modelo de conviva espontâneo e complacente. E, pela mesma via, se tivermos em conta os "relicta membra" da sua produtividade literária, que emerge diariamente do jornal A Bola, um poder de simpatia, de comunicação vibrátil, de magistério socrático prodigioso. Há colaboradores da imprensa, dita desportiva, que parecendo conhecer Stendhal, Balzac, Tolstoi, Dostoievsky, Proust, Claudel e não sei quantos mais – resumem o desporto a clubismo doentio, frustrando a veia ensaística que a massa de leituras lhe prometeria rasgada. O desporto é o fenómeno cultural de maior magia no mundo contemporâneo. Falar ou escrever sobre o desporto deverá arrancar de uam ciência pós-normal, ou seja, onde a ciência é consciência também. Pressupõe, mais do que notoriedade, credibilidade. Vítor Serpa conserva inalterável, no seu jornal, a notoriedade que lhe advém da sua credibilidade, polida pela experiência e pelo estudo, como as pedras dos rios pelo cachoar da água. Ele é, indubitavelmente, um jornalista exemplar, com uma crença firme e funda em certos valores estáveis, superiores à flutuação das modas.
No seu livro "Salão Portugal", emergem vultos que eu também conheci. Nasci na freguesia da Ajuda e lá vivi até aos 41 anos de idade. Mas o que neste livro julgo dever salientar, para além da cultura literária admirável do seu autor, é que há nele menos o espectador do que o militante, onde a escrita não é “o vício impune” do diletante Valery Larbaud, mas um permanente enriquecimento interior, uma vontade imparável de subir dos factos aos valores. Vítor Serpa, com o seu primeiro livro de ficção, evade-se no cinema Salão Portugal e em tudo o que ele representava, nas velhas freguesias de Belém e Ajuda... que não morreram porque vivem nele e onde também viviam, há muito ou há pouco, os que deixaram de viver para os outros, mas continuam vivos para ele. Com o "Salão Portugal", nasceu um autêntico escritor. E com fidelidade a princípios, sem lhes sacrificar jamais a objectividade nos juízos. A concepção de dignidade humana está no centro da sua obra. Neste aspecto, continua a mensagem do seu pai – um “santo laico”, como nunca conheci igual. E sei, cada vez mais, que não conhecerei outro...
Mas hoje é dia de saudar o escritor Vítor Serpa; o seu padrinho literário, o poeta (grande entre os grandes) Manuel Alegre; e a Editora Dom Quixote. É dia de saudar (repito) o escritor Vítor Serpa de quem, no futuro, irá dizer-se, assim o espero, ser a expressão acabada de um dos primeiros ficcionistas portugueses.
Opinião — Gustavo Pires
Laurentino Dias está errado
mas tem razão…
mas tem razão…
O problema é que o vértice estratégico do desporto nacional há muito que está só interessado em jogos palacianos, que lhe permitem manter-se agarrado ao poder, a usufruir das mordomias que hoje o erário público lhes proporciona.
Algumas associações distritais e regionais ameaçaram parar todas as actividades desportivas, caso seja aprovada a proposta do Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD). Embora não acreditemos que sejam capazes de o fazer, contudo, somos de opinião de que o devem fazer. Não por terem razão, ou por lhes assistir qualquer direito moral, mas por a sua atitude acabar por se voltar contra elas próprias o que, a acontecer, será um acto de auto-pedagogia de enorme valor social. Ao fazê-lo, também compreenderiam rapidamente que, nos últimos anos, sempre foram tal como estão a ser agora, uns joguetes nas mãos de uns tantos senhores que, em Lisboa, se divertem em jogos palacianos à conta da ingenuidade alheia.
Perante a longevidade do currículo das figuras de proa do movimento de constatação à RJFD, as associações deviam refrear o seu entusiasmo e deixarem-se de ideias peregrinas, como é a de realizarem uma concentração do desporto não profissional junto da Assembleia da República. Até porque, se o fizerem, não cometem nenhuma originalidade. Foi assim que em 1933, no 1º Congresso dos Clubes Desportivos, os dirigentes de então fizeram um convicto apelo à intervenção do Estado no desporto (In: “Os Sports”, 1/12/33). Salazar não se fez rogado pelo que, num ápice, pôs o movimento desportivo debaixo da autoridade do Estado Novo. Foi a institucionalização da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho em 1935, da Organização Nacional da Mocidade Portuguesa em 1936 e da Direcção-Geral da Educação Física, dos Desportos e Saúde Escolar em 1942.
Muito embora as associações venham agora dizer que «não aceitam a governamentalização do desporto», o que é facto é que o desporto, desde o tempo da monarquia, sempre viveu às sopas do Estado e desejoso de ser governamentalizado. Os dirigentes da cúpula do movimento associativo nunca verdadeiramente quiseram a sua própria autonomia porque, se a conseguissem, acabava-se-lhes a boa vida e tinham de começar verdadeiramente a trabalhar. Repare-se, por exemplo, aquando do boicote aos Jogos Olímpicos de Moscovo (1980), o Comité Olímpico de Portugal decidiu e bem ir contra a posição do governo português, pelo que participou nos Jogos. Para o efeito, obteve os recursos necessários através de, entre outros processos, uma subscrição pública. Foi uma trabalheira. Portanto, as possibilidades de afirmar a independência do movimento desportivo existem, o que não existe é vontade de as aproveitar. Porque, se existisse vontade, o movimento desportivo estava em peso e com convicção na Confederação do Desporto de Portugal (CDP), atribuindo-lhe o poder e o prestígio necessários para conduzir os destinos do desporto no País. O problema é que o vértice estratégico do desporto nacional há muito que está só interessado em jogos palacianos, que lhe permitem manter-se agarrado ao poder, a usufruir das mordomias que hoje o erário público lhes proporciona. Repare-se que o último jogo palaciano publicamente conhecido foi a tentativa de começarem a construir uma alternativa a Vicente Moura através de um golpe de mão na própria CDP. Em vez de darem prestígio, força e poder à CDP, quiseram transformá-la num Cavalo de Tróia, com o objectivo de conquistarem o COP. Os protagonistas? Toda a gente sabe quem foram.
Por isso, quando as associações dizem estar preocupadas com a «criação de pequenos grandes ditadores», mais não fazem do que revelar a sua ingenuidade. Os «pequenos grandes ditadores» há muito que já existem no desporto nacional. Ocupam o vértice estratégico do desporto há demasiados anos. São eles que estão a comandar as associações.
Quando se analisa o papel do Estado no desporto, não se trata de uma questão de quantidade ou de qualidade. Trata-se de ter um Estado com uma focagem equilibrada, em relação aos aspectos económicos e sociais da sociedade desportiva onde está a intervir. O Estado não pode ser “amnésico”, esquecendo a história do desporto e do País, nem pode ser “cego” ao ponto de ter uma política desportiva que se limita a deixar perpetuar os lóbis e os grupos de interesse que dominam o desporto. O Estado tem de ter uma acção inteligente que se deve traduzir em benefício das populações. Por isso, se os dirigentes das associações decidirem entregar as chaves das sedes ao Secretário de Estado, tanto melhor. Haverá sempre quem os substitua e até outros modelos de desenvolvimento a implementar, que devem passar por um reforço efectivo do papel das associações distritais no fomento das respectivas modalidades, independentemente da macrocefalia das federações. São os direitos constitucionais de acesso à prática desportiva que estão em jogo.
Muito embora consideremos que o desenvolvimento pode ser muito melhor cumprido quando considerado num sistema de valores éticos assumidos pela cultura vigente, do que apenas através de normas legais produzidas pelo próprio Estado, também não podemos deixar de considerar que é fundamental que o Estado garanta o normal funcionamento das instituições que exercem funções públicas. Sempre que estas deixem de funcionar na plenitude democrática, o Estado tem não só o direito mas também a obrigação de intervir. Se não se deve permitir que interesses meramente corporativos prejudiquem o bem comum, ainda se pode menos aceitar que seja uma entidade externa como a FIFA, através do Sr. Joseph Blatter, a determinar a organização do desporto nacional, como se Portugal fosse uma espécie de Zimbabwe. Assim sendo, bem podem ir fazer queixinha à FIFA. Por muito mau que as associações possam considerar Laurentino Dias, ele será sempre muito melhor do que Joseph Blatter que, hoje, representa aquilo que de pior o desporto pode ter, isto é, julgar-se com o direito de ser um Estado dentro dos próprios Estados.
É necessário perceber que, se por um lado, a autonomia do movimento desportivo deve ser preservada, por outro, a credibilidade das organizações desportivas decorre da sua capacidade de auto-regulação. E aqui está o cerne da questão. O excesso de intervencionismo estatal só pode ser condenado, se a capacidade de auto-regulação do movimento desportivo estiver a funcionar na sua plenitude. Ora, há muito que os mecanismos de auto-regulação do desporto nacional deixaram de funcionar. Por isso, muito embora Laurentino Dias esteja errado, na medida em que este tipo de intervencionismo não dignifica em nada o movimento desportivo e o próprio País, ele tem razão, porque não há outra solução à vista para dar um sentido de futuro ao desporto nacional.
Perante a longevidade do currículo das figuras de proa do movimento de constatação à RJFD, as associações deviam refrear o seu entusiasmo e deixarem-se de ideias peregrinas, como é a de realizarem uma concentração do desporto não profissional junto da Assembleia da República. Até porque, se o fizerem, não cometem nenhuma originalidade. Foi assim que em 1933, no 1º Congresso dos Clubes Desportivos, os dirigentes de então fizeram um convicto apelo à intervenção do Estado no desporto (In: “Os Sports”, 1/12/33). Salazar não se fez rogado pelo que, num ápice, pôs o movimento desportivo debaixo da autoridade do Estado Novo. Foi a institucionalização da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho em 1935, da Organização Nacional da Mocidade Portuguesa em 1936 e da Direcção-Geral da Educação Física, dos Desportos e Saúde Escolar em 1942.
Muito embora as associações venham agora dizer que «não aceitam a governamentalização do desporto», o que é facto é que o desporto, desde o tempo da monarquia, sempre viveu às sopas do Estado e desejoso de ser governamentalizado. Os dirigentes da cúpula do movimento associativo nunca verdadeiramente quiseram a sua própria autonomia porque, se a conseguissem, acabava-se-lhes a boa vida e tinham de começar verdadeiramente a trabalhar. Repare-se, por exemplo, aquando do boicote aos Jogos Olímpicos de Moscovo (1980), o Comité Olímpico de Portugal decidiu e bem ir contra a posição do governo português, pelo que participou nos Jogos. Para o efeito, obteve os recursos necessários através de, entre outros processos, uma subscrição pública. Foi uma trabalheira. Portanto, as possibilidades de afirmar a independência do movimento desportivo existem, o que não existe é vontade de as aproveitar. Porque, se existisse vontade, o movimento desportivo estava em peso e com convicção na Confederação do Desporto de Portugal (CDP), atribuindo-lhe o poder e o prestígio necessários para conduzir os destinos do desporto no País. O problema é que o vértice estratégico do desporto nacional há muito que está só interessado em jogos palacianos, que lhe permitem manter-se agarrado ao poder, a usufruir das mordomias que hoje o erário público lhes proporciona. Repare-se que o último jogo palaciano publicamente conhecido foi a tentativa de começarem a construir uma alternativa a Vicente Moura através de um golpe de mão na própria CDP. Em vez de darem prestígio, força e poder à CDP, quiseram transformá-la num Cavalo de Tróia, com o objectivo de conquistarem o COP. Os protagonistas? Toda a gente sabe quem foram.
Por isso, quando as associações dizem estar preocupadas com a «criação de pequenos grandes ditadores», mais não fazem do que revelar a sua ingenuidade. Os «pequenos grandes ditadores» há muito que já existem no desporto nacional. Ocupam o vértice estratégico do desporto há demasiados anos. São eles que estão a comandar as associações.
Quando se analisa o papel do Estado no desporto, não se trata de uma questão de quantidade ou de qualidade. Trata-se de ter um Estado com uma focagem equilibrada, em relação aos aspectos económicos e sociais da sociedade desportiva onde está a intervir. O Estado não pode ser “amnésico”, esquecendo a história do desporto e do País, nem pode ser “cego” ao ponto de ter uma política desportiva que se limita a deixar perpetuar os lóbis e os grupos de interesse que dominam o desporto. O Estado tem de ter uma acção inteligente que se deve traduzir em benefício das populações. Por isso, se os dirigentes das associações decidirem entregar as chaves das sedes ao Secretário de Estado, tanto melhor. Haverá sempre quem os substitua e até outros modelos de desenvolvimento a implementar, que devem passar por um reforço efectivo do papel das associações distritais no fomento das respectivas modalidades, independentemente da macrocefalia das federações. São os direitos constitucionais de acesso à prática desportiva que estão em jogo.
Muito embora consideremos que o desenvolvimento pode ser muito melhor cumprido quando considerado num sistema de valores éticos assumidos pela cultura vigente, do que apenas através de normas legais produzidas pelo próprio Estado, também não podemos deixar de considerar que é fundamental que o Estado garanta o normal funcionamento das instituições que exercem funções públicas. Sempre que estas deixem de funcionar na plenitude democrática, o Estado tem não só o direito mas também a obrigação de intervir. Se não se deve permitir que interesses meramente corporativos prejudiquem o bem comum, ainda se pode menos aceitar que seja uma entidade externa como a FIFA, através do Sr. Joseph Blatter, a determinar a organização do desporto nacional, como se Portugal fosse uma espécie de Zimbabwe. Assim sendo, bem podem ir fazer queixinha à FIFA. Por muito mau que as associações possam considerar Laurentino Dias, ele será sempre muito melhor do que Joseph Blatter que, hoje, representa aquilo que de pior o desporto pode ter, isto é, julgar-se com o direito de ser um Estado dentro dos próprios Estados.
É necessário perceber que, se por um lado, a autonomia do movimento desportivo deve ser preservada, por outro, a credibilidade das organizações desportivas decorre da sua capacidade de auto-regulação. E aqui está o cerne da questão. O excesso de intervencionismo estatal só pode ser condenado, se a capacidade de auto-regulação do movimento desportivo estiver a funcionar na sua plenitude. Ora, há muito que os mecanismos de auto-regulação do desporto nacional deixaram de funcionar. Por isso, muito embora Laurentino Dias esteja errado, na medida em que este tipo de intervencionismo não dignifica em nada o movimento desportivo e o próprio País, ele tem razão, porque não há outra solução à vista para dar um sentido de futuro ao desporto nacional.
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