Vinhais Guedes
Antevisão dos Jogos Olímpicos de Pequim (II)
Independentemente de todas as críticas e movimentos que ocorrerem, os Jogos Olímpicos de Pequim não estarão em causa. Os interesses são demasiadamente importantes e falam mais alto do que os princípios.
Há semanas escrevi um artigo com o título “Antevisão dos Jogos Olímpicos de Pequim”.
Afirmei que seriam os jogos de todos os interesses, tanto mais que a R. P. China tinha já declarado que iria aproveitar a oportunidade de se mostrar como uma grande potência económica, industrial e política, um país que cresce a um ritmo desenfreado, ávido de exportar produtos para todo o mundo.
Do outro lado estão potências económicas, nomeadamente Estados Unidos, União Europeia e Japão, igualmente interessados em colocar naquele populoso país produtos e novas tecnologias.
Reúnem-se assim requisitos para este “casamento” de interesses e conveniências e os Jogos Olímpicos de Pequim ajustam-se perfeitamente a estes jogos de interesses.
Contudo, desde a publicação nesta coluna do último artigo sobre as Olimpíadas de Pequim, ocorreram já alguns factos, que merecem a minha atenção:
A libertação recente de um opositor ao regime, condenado a nove anos de prisão, pode ser um sinal de abrandamento no capítulo dos direitos humanos, tema que começa a ter impacte no mundo.
Outro facto inédito tem a ver com a publicação no Diário “China Daily News”, único publicado em língua inglesa que abordava o tema da homossexualidade até agora proibido; incluindo uma fotografia de dois homossexuais a beijarem-se e admitindo haver naquele país cerca de 10 milhões de homossexuais.
As autoridades de Pequim admitiram também substituir a pena de morte, por tiro na cabeça, pela injecção letal, retirando a esta forma de condenação o sentimento de repulsa que causava nos países democráticos. Por outro lado os condenados à morte deixarão de ser mostrados às populações em camiões abertos convidando-os a assistir à sua execução nas praças públicas.
Quem conhece minimamente a República Popular da China não pode imaginar uma evolução política em direcção às democracias do tipo ocidental. Uma abertura naquele país só será possível se for gradual e controlada, tamanhas são as diferenças entre as enormes províncias que dela fazem parte.
A par do seu rápido desenvolvimento, cresceram também os subornos e a criminalidade. Há bem pouco tempo o presidente da câmara de Xangai foi executado por actos de corrupção!
Mas, nem tudo parece caminhar bem na realização desses Jogos tendo-se verificado já alguns movimentos a nível internacional criticando o C. O. I. (Comité Olímpico Internacional) ao atribuir a organização destes Jogos à R. P. da China.
Os 30 mil jornalistas estrangeiros que pediram a sua acreditação, principalmente os chamados “free lancers”, provocaram já receios nas entidades chinesas, uma vez que estas desconfiam que os mesmos irão escrever não só sobre os Jogos mas também sobre outros problemas bem mais sensíveis para a opinião pública mundial.
Por isso, alguns comités olímpicos nacionais estão a invocar o Artigo 51 da carta olímpica, que compromete os atletas a não prestarem declarações públicas sobre matérias de política, de direitos humanos e assuntos religiosos. A Inglaterra aceitou a recomendação da Carta Olímpica e quis mesmo que os seus atletas assinassem o documento, mas estes recusaram. A França, pelo contrário, afirmou já que os seus atletas são cidadãos livres e não estão obrigados a qualquer restrição. Portugal, como é costume, através do Presidente do Comité Olímpico aceita o ponto 51 da Carta Olímpica que impede os atletas de falar de assuntos sensíveis durante os Jogos.
Sobre a matéria Jogos Olímpicos e política poderia aqui citar vários exemplos, contudo deixarei este tema para o abordar, noutra ocasião, com mais profundidade e clareza.
Dos percalços que Pequim não esperava enfrentar, talvez a recusa do realizador de cinema Steven Spielberg, nomeado conselheiro das cerimónias de abertura dos Jogos de Pequim, pedindo a sua demissão ao presidente da R. P. da China HU JITAU, bem como a assinatura de um documento por ex-prémios Nobel da Paz (Dom Ximene Belo, Desmond Tutu, Bispo Sul-Africano e a iraniana Shrin Ebai) seja a atitude mais mediática até agora tornada pública. Isto porque a China se recusou a alterar a sua posição na ONU sobre o Darfur e o genocídio que causou já a morte de 200 mil pessoas na sua maioria mulheres e crianças.
Independentemente de todas as críticas e movimentos que ocorrerem, os Jogos Olímpicos de Pequim não estarão em causa. Os interesses são demasiadamente importantes e falam mais alto do que os princípios. Por isso no ano oito, no mês oito, no dia oito e na hora 8, os Jogos de Pequim terão o seu início.
Esta coincidência do número oito não é por acaso. Para os chineses este tal algarismo é o número da sorte.
Afirmei que seriam os jogos de todos os interesses, tanto mais que a R. P. China tinha já declarado que iria aproveitar a oportunidade de se mostrar como uma grande potência económica, industrial e política, um país que cresce a um ritmo desenfreado, ávido de exportar produtos para todo o mundo.
Do outro lado estão potências económicas, nomeadamente Estados Unidos, União Europeia e Japão, igualmente interessados em colocar naquele populoso país produtos e novas tecnologias.
Reúnem-se assim requisitos para este “casamento” de interesses e conveniências e os Jogos Olímpicos de Pequim ajustam-se perfeitamente a estes jogos de interesses.
Contudo, desde a publicação nesta coluna do último artigo sobre as Olimpíadas de Pequim, ocorreram já alguns factos, que merecem a minha atenção:
A libertação recente de um opositor ao regime, condenado a nove anos de prisão, pode ser um sinal de abrandamento no capítulo dos direitos humanos, tema que começa a ter impacte no mundo.
Outro facto inédito tem a ver com a publicação no Diário “China Daily News”, único publicado em língua inglesa que abordava o tema da homossexualidade até agora proibido; incluindo uma fotografia de dois homossexuais a beijarem-se e admitindo haver naquele país cerca de 10 milhões de homossexuais.
As autoridades de Pequim admitiram também substituir a pena de morte, por tiro na cabeça, pela injecção letal, retirando a esta forma de condenação o sentimento de repulsa que causava nos países democráticos. Por outro lado os condenados à morte deixarão de ser mostrados às populações em camiões abertos convidando-os a assistir à sua execução nas praças públicas.
Quem conhece minimamente a República Popular da China não pode imaginar uma evolução política em direcção às democracias do tipo ocidental. Uma abertura naquele país só será possível se for gradual e controlada, tamanhas são as diferenças entre as enormes províncias que dela fazem parte.
A par do seu rápido desenvolvimento, cresceram também os subornos e a criminalidade. Há bem pouco tempo o presidente da câmara de Xangai foi executado por actos de corrupção!
Mas, nem tudo parece caminhar bem na realização desses Jogos tendo-se verificado já alguns movimentos a nível internacional criticando o C. O. I. (Comité Olímpico Internacional) ao atribuir a organização destes Jogos à R. P. da China.
Os 30 mil jornalistas estrangeiros que pediram a sua acreditação, principalmente os chamados “free lancers”, provocaram já receios nas entidades chinesas, uma vez que estas desconfiam que os mesmos irão escrever não só sobre os Jogos mas também sobre outros problemas bem mais sensíveis para a opinião pública mundial.
Por isso, alguns comités olímpicos nacionais estão a invocar o Artigo 51 da carta olímpica, que compromete os atletas a não prestarem declarações públicas sobre matérias de política, de direitos humanos e assuntos religiosos. A Inglaterra aceitou a recomendação da Carta Olímpica e quis mesmo que os seus atletas assinassem o documento, mas estes recusaram. A França, pelo contrário, afirmou já que os seus atletas são cidadãos livres e não estão obrigados a qualquer restrição. Portugal, como é costume, através do Presidente do Comité Olímpico aceita o ponto 51 da Carta Olímpica que impede os atletas de falar de assuntos sensíveis durante os Jogos.
Sobre a matéria Jogos Olímpicos e política poderia aqui citar vários exemplos, contudo deixarei este tema para o abordar, noutra ocasião, com mais profundidade e clareza.
Dos percalços que Pequim não esperava enfrentar, talvez a recusa do realizador de cinema Steven Spielberg, nomeado conselheiro das cerimónias de abertura dos Jogos de Pequim, pedindo a sua demissão ao presidente da R. P. da China HU JITAU, bem como a assinatura de um documento por ex-prémios Nobel da Paz (Dom Ximene Belo, Desmond Tutu, Bispo Sul-Africano e a iraniana Shrin Ebai) seja a atitude mais mediática até agora tornada pública. Isto porque a China se recusou a alterar a sua posição na ONU sobre o Darfur e o genocídio que causou já a morte de 200 mil pessoas na sua maioria mulheres e crianças.
Independentemente de todas as críticas e movimentos que ocorrerem, os Jogos Olímpicos de Pequim não estarão em causa. Os interesses são demasiadamente importantes e falam mais alto do que os princípios. Por isso no ano oito, no mês oito, no dia oito e na hora 8, os Jogos de Pequim terão o seu início.
Esta coincidência do número oito não é por acaso. Para os chineses este tal algarismo é o número da sorte.
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