sexta-feira, 16 de maio de 2008

Opinião: JM Silva







Que fique bem claro

Por mérito próprio, com os pontos conquistados dentro das quatro linhas, sem ter sido levado ao colo por quem quer que fosse, sem beneficiar da “desgraça” de terceiros, o Marítimo conquistou o quinto lugar na Bwin Liga e está de malas aviadas para a sua sexta participação na Taça UEFA.

Pessoa que tem experiência da vida não se deixa iludir com a facilidade e age com a cautela suficiente para não correr riscos de qualquer espécie e colocar em causa os frutos de tal experiência.
Por isso e também porque «cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém» não abordámos, nem ao de leve que fosse, mais uma grande conquista do Maior Clube das Ilhas que pela sexta vez no seu historial vai estar em mais uma competição europeia na próxima temporada. Também porque sabemos que o sucesso, sobretudo numa prova de longa duração como o é um campeonato nacional de futebol, não é uma prova de velocidade mas sim de uma longa maratona onde só no fim é que se fazem as contas, deixámos para a presente edição a oportunidade de nos debruçarmos sobre mais esta brilhante conquista do Marítimo na sequência do grande objectivo traçado no início da temporada pelos dirigentes verde-rubros, um desafio aceite desde a primeira hora pela equipa técnica liderada pelo professor Sebastião Lazaroni e todos os jogadores que compunham o plantel.
Acresce que depois de ter garantido na penúltima jornada da Bwin Liga o seu grande objectivo, o Marítimo tinha ainda algo mais para conquistar na derradeira jornada… e existiam alguns equívocos que urgiam ser esclarecidos em nome da verdade desportiva.

Tentando subestimar a proeza alcançada pelo Velho Clube do Almirante Reis, surgiram aqui e além alguns grupos de detractores indígenas que, esquecendo-se porventura da tabuada nalgum sítio qualquer, atribuíam à perda de seis pontos na secretaria por parte do Belenenses — por única e exclusiva responsabilidade dos seus dirigentes — a nova ida do Marítimo às competições europeias, o que não correspondia minimamente à verdade.
Se tivessem a escrita em dia, teriam verificado facilmente que após a disputa da penúltima jornada da Bwin Liga, mesmo contando com os seis pontos que lhe haviam e bem sido retirados, o Belenenses estaria ainda fora do lote dos “europeus”, pois tal como aconteceu nos dois jogos com o Nacional, onde o Marítimo arrecadou os seis pontos em disputa com vitórias na Choupana e nos Barreiros, o mesmo acontecera aos azuis do Restelo, derrotados pelos verde-rubros, cá e lá, por 2-0 e 3-1 respectivamente, e que em igualdade pontual (43 pontos reais para os madeirenses e 43 virtuais para os azuis) ficariam na geral sempre atrás da formação maritimista.
Esqueceram-se da tabuada, repetimos, e facto ainda mais relevante não se lembravam que havia ainda a última jornada da prova para ser disputada onde então seriam feitas as contas finais.
A tais detractores lembramos que entre um projecto e a sua realização podem ocorrer muitos obstáculos que frustram a concretização dos propósitos.
No seu percurso rumo à sua sexta presença nas provas europeias também surgiram ao Marítimo muitos obstáculos, só que teve a capacidade e o mérito de os ultrapassar ao contrário de outros que foram menos capazes para o conseguir. Só isso…

Registamos duas situações, das muitas que se nos depararam no que respeito diz aos detractores que atribuíram, erradamente, à perda dos seis pontos por parte do Belenenses a ida dos verde-rubros à Europa do Futebol.
A primeira reporta-se a Patacas, capitão da equipa nacionalista que, frustrado pelo facto do seu clube não ter também ele atingido os seus legítimos objectivos europeus, desvalorizou a conquista do velho rival, embarcando no mesmo erro de muitos outros o que é simplesmente lamentável e que nos leva a questionar se seria por solidariedade para com as gentes do Restelo que o Nacional (também ele a tirar dividendos da “desgraça” azul) abdicou de lutas pelos seus objectivos, deixando-se surpreender em casa perante adversários com a corda ao pescoço na iminência de serem despromovidos como foram os casos das derrotas frente ao Paços de Ferreira e da Académica.
Mas muito mais lamentável foi o facto de determinado Diário local, que se intitula o de maior distribuição na Madeira, que na sua edição da passada segunda-feira, depois de referir que o Marítimo se tinha confirmado como a quinta melhor equipa portuguesa «demonstrando e confirmando valores que vieram ao de cima na fase decisiva da época», tivesse terminado essa apreciação, escrevendo: «não se deve, embora tenha sido relevante, cingir a ida do Marítimo à Taça UEFA, pelo facto do Belenenses ter “borrado” na inscrição de um seu jogador o que provocou a perda de pontos em favor da equipa maritimista, mas há que fazer cumprir as leis».
É um absurdo enorme admitir-se que os seis pontos perdidos pelo Belenenses tivesses revertido a favor dos verde-rubros quando apenas três deles foram atribuídos à Naval da Figueira da Foz referentes ao jogo que realizou com os do Restelo, no único jogo em que Meyong alinhou indevidamente.
No mais todas as equipas que se encontravam atrás do Belenenses, aquando do castigo que lhe foi aplicado, subiram todas elas um posto na tabela classificativa.
Tamanha irresponsabilidade não só é lamentável como também é merecedora de rectificação e, porque não, de um pedido de desculpas ao Velho Campeão de Portugal.

Chegada a hora da verdade, a das últimas apitadelas dadas pelos árbitros, que dirigiram os últimos encontros do Sporting, do Vitória de Guimarães e do Benfica onde se jogavam os, 2.º, 3.º e 4.º lugares na prova, apenas o Marítimo, uma das seis equipas do pelotão da frente, conseguiu uma ultrapassagem na tabela classificativa, relegando o Vitória de Setúbal para o sexto lugar e subindo por sua vez para o quinto posto ao fechar com chave de ouro a sua participação na Bwin Liga com uma brilhante e difícil vitória no Estádio do Mar frente a um Leixões carente de pelo menos um empate para não descer de divisão, empate esse que aconteceu mas em Leiria onde o Paços de Ferreira não soube aproveitar o triunfo forasteiro do Marítimo.
Nos outros três encontros aconteceram em todos vitórias caseiras, mantendo-se tudo como dantes: Sporting no 2.º lugar com o direito de entrar directamente na Champions, o Vitória minhoto na 3.ª posição entrará na pré-eliminatória da mesma competição, enquanto que o Benfica, 4.º classificado, terá que contentar-se em participar na Taça UEFA da próxima temporada.
Por mérito próprio e apenas e só com os pontos que dentro das quatro linhas conquistou, o Marítimo conseguiu os seus objectivos. Bem haja por isso e as nossas sinceras felicitações.

Estranho, mas apenas até certa medida, o comportamento de toda a Comunicação Social Desportiva, escrita, falada e televisiva continental, se tenha esquecido até agora que o Marítimo, pelo menos por enquanto, ainda é uma equipa portuguesa e como tal têm os seus apaniguados o direito de exigir um tratamento igual ao dos restantes clubes continentais.
Ou dar-se-á o caso de terem esgotado todos os stocks de adjectivos com que brindaram ao longo da época, não só os três grandes como também os dois Vitórias, o minhoto e o sadino, o Belenenses e o Sporting de Braga, entre outros?
Na Madeira também lemos “A Bola”, o “Record” e “O Jogo”, também sintonizamos a RDP e a RTP, muito em especial ao que o desporto em geral diz respeito e pagamos por tudo isso e com tal repudiamos o comportamento com laivos de separatismo com que nos tratam.
A propósito: — O Marítimo também se sagrou campeão nacional da 1.ª Divisão Masculina em Andebol na presente temporada, garantindo assim mais uma participação europeia para além do futebol na mesma temporada; e as suas meninas do Basquetebol correm um sério risco de, já neste fim-de-semana, trazerem para a Madeira mais um título nacional.
Para terminar: se ao Belenenses não tivesse sido retirados os seis pontos, feitas as contas finais, o Marítimo continuaria no 5.º lugar da Bwin Liga, o Belenenses seria 6.º o que relegaria o Vitória de Setúbal para fora das competições europeias. Sabiam?

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