segunda-feira, 21 de abril de 2008

Opinião: JM Silva







Que mais irá acontecer?

O futebol não é, nunca foi e jamais o será, uma ciência exacta, infalível; cuidado porque há muita gente por aí que «não mete prego sem estopa»; lufada de ar fresco na arbitragem. Três temas actuais que hoje aqui trazemos.

Na nossa edição anterior, semana compreendida entre 11 e 17 de Abril, éramos de opinião de que muito dificilmente Marítimo e Nacional atingiriam na presente temporada a qualificação para a Taça UEFA, salvaguardando contudo que tal desiderato não deixava de constituir um aliciante desafio que se colocava a ambas as equipas nesta ponta final de campeonato.
Em relação à equipa orientado por Sebastião Lazaroni, porque fustigada ao longo da época por uma onda de lesões anormal, íamos mesmo mais longe ao afirmar que embora levasse uma vantagem de dois pontos na pauta classificativa em relação aos alvi-negros para além de ter vencido na Choupana e nos Barreiros o velho rival, não lhe seria fácil manter essa vantagem até final de campeonato, obviamente tendo na devida conta o calendário das últimas jornadas, "a priori" de maiores dificuldades para os verde-rubros.
Mas uma vez mais o futebol fez questão de demonstrar à evidência que não é, nunca o foi e jamais o será, uma ciência exacta, infalível.
E bastou uma simples jornada para que o cenário, em relação às duas formações madeirenses, desse uma apreciável cambalhota, tudo porque, jogando ambas com duas equipas que estavam no lote de possíveis despromovidos, seria legítimo que se atribuísse uma maior dose de favoritismo aos nacionalistas porque actuavam no seu reduto enquanto que os maritimistas jogavam fora de portas, só que aconteceu que o Nacional perdeu na Choupana e o Marítimo triunfou na Figueira da Foz, respectivamente, frente ao Paços de Ferreira e a Naval de 1.º de Maio.
Resulta daqui que o Marítimo depende agora muito mais de si para alcançar um lugar europeu, desiderato agora um pouco mais distante do seu velho rival sobre quem leva agora cinco pontos de vantagem.
Mas cuidado porque… o futebol não é uma ciência exacta.

Entretanto, esta 26.ª jornada da Liga, em cuja abertura na passada sexta-feira, nos forneceu uma sensacional e inesperada vitória da Académica, outro dos aflitos na luta pela permanência, em pleno Estádio da Luz, resultado que atiraria o Benfica para o 4.º lugar, culminaria com outro resultado inesperado, a surpreendente vitória da condenada U. Leira em casa do Sp. Braga.
Dois resultados que poderão retirar ao Benfica a hipótese de participar na Champions na próxima temporada, tendo de contentar-se com um lugar na UEFA enquanto que os bracarenses poderão nem lá chegar.
Seguro no segundo lugar continua o Vitória de Guimarães, a jogar bem é certo, mas contando uma vez mais com o contributo da arbitragem já que o seu único golo frente ao Boavista nasceu dum claro fora de jogo não assinalado. Agora, sem a companhia do Boavista e com o Sporting que saltou para o 3.º lugar a dois pontos de distância, os vimaranenses têm sobejas razões para continuar convictos de que o segundo lugar no campeonato não é nenhuma miragem.
Na cauda da tabela classificativa, os estudantes deram um salto enorme rumo à manutenção. Os pacenses trocaram de posições com os leixonenses que ocupam agora um dos dois lugares da descida, mas ainda com fortes hipóteses de salvação.
Assim sendo, continuam empolgantes as lutas pelos lugares que ainda estão por distribuir nesta ponta final de campeonato: quem acompanhará o FC Porto na Champions, quem irá à Taça UEFA e quem fará companhia à U. Leira na descida de divisão.

Por outros motivos que nada tiveram a ver com a sua classificação, garantida que estava a sua manutenção no escalão maior do futebol português, o Boavista FC viveu recentemente um período negro da sua existência.
Mas tudo aponta para que depois da “tempestade” chegou finalmente a “bonança” ao seu seio, com o fantasma do “naufrágio”, que pairava sobre si e que ameaçava a extinção do clube, já exorcizado.
O segundo maior clube da cidade do Porto viu sair-lhe a “taluda”, uma surpreendente e extraordinária injecção de milhões de euros, levada a cabo por um investidor que, segundo rezam notícias de fontes tidas como credíveis é dono de uma firma sedeada em Londres e com delegação em Nova Iorque.
Um indivíduo que se apresenta com três nacionalidades (!), a portuguesa, a francesa e a norte-americana e que diz nutrir simpatia pelo FC Porto.
Diz o povo que «quando a esmola é muita, o pobre desconfia» e era esse o sentimento que alimentavam, na passada terça-feira — altura em que alinhávamos este apontamento — os jogadores boavisteiros que com vários meses de ordenado em atraso mantiveram o pré-aviso de greve para o próximo encontro a disputar no Bessa com o Nacional, até terem a certeza que as verbas em dívida haviam sido depositadas nas suas contas. Tal como São Tomé queriam ver para acreditar…
Restará contudo saber-se quais as contrapartidas que terão que dar os dirigentes axadrezados à firma de tão benemérito investidor e quem ficará à frente da SAD boavisteira a gerir os seus destinos para que num amanhã qualquer não volte a cair em idêntica situação.
Será de todo aconselhável, segundo nossa opinião, que não se esqueça que há muita gente por aí, que «não mete prego sem estopa» ou seja que não fazem favores sem visarem algumas vantagens em troca…

Agora, e a outro nível e falando de arbitragem, uma boa notícia para a qual nos apetece dizer que «mais vale tarde do que nunca», isto para apoiarmos sem qualquer rebuço a recente proposta do Secretario de Estado e da Juventude, Laurentino Dias, no sentido de acabar-se de uma vez por todas com a actual situação de ser quem nomeia os árbitros a avaliar o seu trabalho.
Não faz qualquer sentido que assim seja, trata-se mesmo de uma aberração e como tal terá que ser eliminada.
A proposta apresentada por Laurentino Dias ao Conselho Nacional de Desporto passa por dividir o Conselho de Arbitragem em duas estruturas diferentes, uma que nomeará os árbitros e uma outra que fará a avaliação dos seus trabalhos, envolvendo assim pessoas que cumprirão diferentes tarefas.
Trata-se duma situação tão simples quanto isso e que constituirá um apreciável contributo para a clarificação e dignificação da arbitragem, tão carente que está de uma lufada de ar fresco.
Brevemente, assim o esperamos, o CND pronunciar-se-á sobre esta proposta que, para que passe à prática, terá que ter o seu aval que não será mais do que um parecer favorável.
Dada a sua actualidade e importância, dados os fins em vista, uma proposta deste teor só poderá merecer total aprovação pois que, qualquer hipotético chumbo, implicaria, em nossa opinião, pura e simplesmente a demissão imediata de quem votasse contra.
Contudo, estamos convictos de que já na próxima temporada algo melhorará no seio da arbitragem do futebol português.

Sem comentários: