sexta-feira, 11 de abril de 2008

Opinião — JM Silva






Ponta final

A Bwin Liga 2007/08 entra agora na sua ponta final onde ainda existe muita coisa em jogo e numa altura em que apenas dois lugares, o primeiro e o último, já estão entregues e onde o «matematicamente possível» começa a funcionar. Mas cuidado porque existem ainda alguns processos disciplinares por resolver…

A cinco jornadas da Bwin Liga, época 2007/08, conhecer o seu marco final, praticamente apenas 2 lugares já foram atribuídos, curiosamente o primeiro e o último da classificação geral, respectivamente ao FC Porto e à U. Leiria.
Porém se em relação aos leirienses não subsistem quaisquer dúvidas quanto à sua descida de divisão, já o mesmo não se poderá dizer em relação aos dragões, dependentes que estão na justiça civil e da justiça desportiva onde decorrem processos contra o FC Porto e contra o seu presidente, Jorge Nuno Pinto da Costa, por supostos envolvimentos na operação Apito Dourado.
Mas enquanto isso a formação orientada pelo professor Jesualdo Ferreira já comemorou efusivamente a conquista do TRI, dando os foguetes antes da festa, o que nem sempre é aconselhável.
Em boa verdade contudo, sendo condenados ou não, o FC Porto e o seu presidente, o título dos dragões jamais estará em perigo já que somaram os pontos suficientes para dar e vender, mesmo que entretanto viesse a acontecer a quase irreal situação de:
— Os dragões não vencerem nenhum dos cinco encontros que lhe faltam disputar;
— Que venha a perder, em função dos processos que sobre si impendem, seis pontos;
— Que o Benfica e o Vitória de Guimarães não venham a perder, por sua vez, nenhum dos cinco jogos que lhes falta realizar.

Colocando de parte esses assuntos pendentes para que quem de direito os resolva, debrucemo-nos sobre os restantes lugares que faltam atribuir no presente campeonato, naturalmente mais importantes uns do que outros numa altura em que a matemática entra em jogo equacionando as possibilidades das restantes equipas na escala de valores de mais uma competição nacional do desporto-rei onde um dos seus sectores mais vital, a arbitragem esteve em foco, infelizmente mais pela negativa do que pela positiva, pese embora os seus dirigentes não pensem da mesma maneira, mesmo tendo à sua disposição os meios necessários para averiguarem jornada a jornada os inúmeros atropelos que acontecem às leis do jogo quer na sua vertente técnica quer na disciplinar.
Adiante…

Tendo em conta as pretensões iniciais das duas formações madeirenses presentes no escalão maior do futebol português, quais eram as de alcançarem ambas elas um lugar nas competições europeias na próxima temporada, teremos que admitir que matematicamente tal é possível mas realisticamente somos de opinião que será de todo preferível que quer o Marítimo quer o Nacional acordem e deixem de sonhar com tal possibilidade.
Tudo porque as cinco equipas que estão de momento posicionadas nos cinco primeiros lugares da actual Bwin Liga já não sairão de lá independentemente dos lugares, do segundo ao quinto, em que ficarão no final da temporada. Dessas cinco equipas é a do Vitória de Setúbal aquela que arrecadou menos pontos, num total de 41, e atendendo aos bons resultados que tem vindo a conseguir na presente temporada, dificilmente se deixará ultrapassar por qualquer das equipas que se situam na geral atrás de si, um Belenenses com 36 pontos, mas sujeito a perder 6 pontos por mor da incorrecta inscrição do seu jogador Meyong, um Braga e um Marítimo com 34 pontos cada qual e ainda Nacional e Boavista ambos com 32 pontos.
Acresce que para os verde-rubros e alvi-negros, o que lhes restará agora é a luta pela conquista regional para ver quem fica à frente de quem e aí e embora de momento o Marítimo leve uma vantagem de dois pontos na geral e de ter vencido na Choupana e nos Barreiros na presente temporada, dada a dificuldade dos jogos que lhe falta disputar, não lhe será nada fácil segurar essa preciosa mas escassa vantagem que de momento ostenta.

Empolgante, isso sim, está a luta pelo segundo lugar na Liga, o último dos lugares que dá acesso à entrada directa na Champions e aos seus respectivos milhões.
Há três jornadas a esta parte, o Sporting estava a seis pontos do segundo lugar, agora está a apenas dois, totalizando 43 pontos contra os 45 que têm cada qual o Benfica e o Guimarães, mas o Vitória de Setúbal ainda não atirou a toalha ao chão e poderá com os seus 41 pontos reentrar nesta ”guerra” final.
Ganhando pontos a toda a concorrência, sobretudo na última ronda onde Benfica, Guimarães e Setúbal não foram além de um empate nas suas deslocações ao Bessa, à Mata Real e a Coimbra respectivamente, os leões de Alvalade emergiram das águas onde se encontravam e vêem agora mais intensamente brilhar a luz verde no fundo do túnel, que os poderá conduzir à Liga dos Campeões Europeus da próxima temporada.
Que não restem dúvidas a ninguém que assistiremos a um final de temporada empolgante com uma luta a três por um lugar que dá milhões, com a possível intromissão de um quarto candidato.
É o que de bom ainda sobra de um Campeonato com um campeão já assumido, restando no lado oposto saber-se quem fará companhia à U. Leiria na descido de divisão.

Fala quem sabe e Jorge Coroado, ex-árbitro internacional e actual perito de arbitragem de futebol, acaba de nos dar uma relevante e oportuna dica para justificarmos aquilo que mais tememos neste empolgante campeonato para o 2.º lugar na Bwin Liga actual, a arbitragem.
Disse ele que «as arbitragens tendenciosas vêem-se nos pormenores. Quem as pratica tem conhecimento profissional».
Quem esteve atento às últimas duas jornadas apercebeu-se por certo do coro de lamentações em redor de muitas, mesmo mais do que muitas, arbitragens dos encontros que as compuseram.
Até final do certame, nada nem ninguém nos garante que nada se modificará nesse aspecto porque os árbitros sentem-se com costas largas, protegidos pela própria estrutura que os rege.
Como bem o afirma Jorge Coroado, «as arbitragens tendenciosas vêem-se nos pormenores» e nós acrescentaríamos nos pequenos pormenores, mas isso é evidente que não está ao alcance de todos detectar, basta que atentemos às classificações atribuídas aos árbitros em todos os órgãos de comunicação social da especialidade, pelos trabalhos efectuados nos jogos que dirigem.
Desde o inclinar de campos para determinado lado, passando pelo uso de dois pesos e duas medidas para faltas iguais, quer a nível técnico como disciplinar, de tudo teremos um pouco até final do presente campeonato.
Mas Jorge Coroado acrescenta ainda e referindo-se aos pormenores da arbitragem que «quem os pratica tem conhecimento profissional» e nós acrescentaríamos conhecimentos internacionais dado que nas duas jornadas atrás a que aludimos estiveram na berlinda, entre outros, os árbitros internacionais Pedro Proença, Bruno Paixão e Lucílio Baptista.
Pura coincidência? Talvez…

Para que se evitem males maiores, com as habituais confusões de final de temporada que sempre acontecem no futebol português, será de todo oportuno que o Conselho Jurisdicional da Federação Portuguesa de Futebol decida rapidamente sobre o recurso apresentado pelo Belenenses do castigo que lhe foi imposto pela Liga devido à correcta inscrição do seu jogador Meyong.
Os azuis do Restelo no sexto lugar da geral, último que dá acesso às competições europeias, se vierem a perder os seis pontos por tal irregularidade, serão ultrapassados por quatro equipas e dificilmente reconquistarão depois o lugar que por ora ocupam.
Por outro lado, a Naval da Figueira da Foz recuperará os três pontos perdidos no Restelo no jogo em que Meyong alinhou indevidamente e ficará desde logo a coberto de qualquer dissabor no que concerne a eventual descida de divisão.

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